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09/01/2007
-
10h52
SERGIO TORRES
enviado especial da Folha de S.Paulo a Rio Bonito (RJ)
A disputa pela herança do ganhador da Mega Sena Rennê Sena, 54, começou antes de o corpo ser enterrado. Ontem, Adriana Almeida, que se diz viúva, afirmou haver um testamento que a favorece. Os 11 irmãos e a filha da vítima não a reconhecem como viúva dele. A polícia investiga a hipótese de crime encomendado.
Sena foi morto com cinco tiros na cabeça na manhã de anteontem, quando bebia cerveja em um bar na área rural de Rio Bonito (75 km do Rio). Em julho de 2005, sozinho, ele vencera o concurso 679 da Mega Sena. Recebeu R$ 51.890.452,61.
Quando amputou as pernas, anos antes, em razão do diabetes, o açougueiro se aposentou. Vivia em situação de quase miséria. Para se sustentar, vendia flores às margens da BR-101 em sua cadeira de rodas. Foi abandonado pela mulher, que levara a filha única.
Com o prêmio lotérico, Sena comprou uma fazenda na cidade, onde passou a morar, e voltou a ser procurado pelos parentes, que tinham se afastado e a quem distribuiu dinheiro e imóveis. Casou ainda com uma mulher 25 anos mais nova.
Sena foi morto por um homem de capacete que chegara de moto ao bar onde costumava beber cerveja de três a quatro vezes por semana, geralmente de manhã. Não teve tempo de falar nada. Quatro tiros desfiguraram seu rosto. Um atingiu a nuca.
O criminoso levou a pochete dele, mas deixou o relógio e a aliança.
Para o delegado Ademir da Silva, responsável pelo caso, a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) é remota. Ele disse que o assassino conhecia os hábitos da vítima. Afirmou ter várias "linhas de investigação" --entre elas, disse, o envolvimento de Adriana.
Advogado contratado por ela, o criminalista Alexandre Dumans, com escritório no Rio, confirmou a suspeita do delegado, com quem conversou reservadamente à tarde.
"Ele acha que minha cliente é um dos suspeitos. Está no direito dele", afirmou Dumans.
Adriana não quis dar entrevistas, mas o advogado falou por ela. Disse que, meses após o prêmio, Sena registrou um novo testamento, em que deixava toda a fortuna e todos os seus bens para ela. Estavam juntos havia cerca de um ano, mas não chegaram a se casar.
A família contesta a validade do testamento. A irmã Aldinéia Sena disse que o crime foi praticado a mando de Adriana.
O irmão Miguel disse que a família não reconhece Adriana como viúva. Para a família, a herdeira natural é a filha única de Sena, Renata, 20.
O advogado disse considerar natural que a família esteja reclamando. "Eles [os parentes] ficarão à míngua. Nada será repartido. Rennê tinha preferência por ela. Tinha uma relação afetiva com os três filhos dela, que viviam com eles na fazenda. Tudo o que ele comprava era para ela. Ele até suspeitava que não era o verdadeiro pai da filha", disse Dumans, para quem a polícia deve investigar a hipótese de latrocínio.
A família impediu que Sena fosse enterrado no Jardim das Acácias, onde Adriana comprara um jazigo anteontem por R$ 5.400. Levado para o cemitério rural de Rio Seco, o corpo foi enterrado no início da noite.
Hostilizada pelos presentes e cercada por seguranças, Adriana esteve no cemitério, mas preferiu não descer do carro.
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Rio Bonito (RJ)
A disputa pela herança do ganhador da Mega Sena Rennê Sena, 54, começou antes de o corpo ser enterrado. Ontem, Adriana Almeida, que se diz viúva, afirmou haver um testamento que a favorece. Os 11 irmãos e a filha da vítima não a reconhecem como viúva dele. A polícia investiga a hipótese de crime encomendado.
Sena foi morto com cinco tiros na cabeça na manhã de anteontem, quando bebia cerveja em um bar na área rural de Rio Bonito (75 km do Rio). Em julho de 2005, sozinho, ele vencera o concurso 679 da Mega Sena. Recebeu R$ 51.890.452,61.
Quando amputou as pernas, anos antes, em razão do diabetes, o açougueiro se aposentou. Vivia em situação de quase miséria. Para se sustentar, vendia flores às margens da BR-101 em sua cadeira de rodas. Foi abandonado pela mulher, que levara a filha única.
Com o prêmio lotérico, Sena comprou uma fazenda na cidade, onde passou a morar, e voltou a ser procurado pelos parentes, que tinham se afastado e a quem distribuiu dinheiro e imóveis. Casou ainda com uma mulher 25 anos mais nova.
Sena foi morto por um homem de capacete que chegara de moto ao bar onde costumava beber cerveja de três a quatro vezes por semana, geralmente de manhã. Não teve tempo de falar nada. Quatro tiros desfiguraram seu rosto. Um atingiu a nuca.
O criminoso levou a pochete dele, mas deixou o relógio e a aliança.
Para o delegado Ademir da Silva, responsável pelo caso, a hipótese de latrocínio (roubo seguido de morte) é remota. Ele disse que o assassino conhecia os hábitos da vítima. Afirmou ter várias "linhas de investigação" --entre elas, disse, o envolvimento de Adriana.
Advogado contratado por ela, o criminalista Alexandre Dumans, com escritório no Rio, confirmou a suspeita do delegado, com quem conversou reservadamente à tarde.
"Ele acha que minha cliente é um dos suspeitos. Está no direito dele", afirmou Dumans.
Adriana não quis dar entrevistas, mas o advogado falou por ela. Disse que, meses após o prêmio, Sena registrou um novo testamento, em que deixava toda a fortuna e todos os seus bens para ela. Estavam juntos havia cerca de um ano, mas não chegaram a se casar.
A família contesta a validade do testamento. A irmã Aldinéia Sena disse que o crime foi praticado a mando de Adriana.
O irmão Miguel disse que a família não reconhece Adriana como viúva. Para a família, a herdeira natural é a filha única de Sena, Renata, 20.
O advogado disse considerar natural que a família esteja reclamando. "Eles [os parentes] ficarão à míngua. Nada será repartido. Rennê tinha preferência por ela. Tinha uma relação afetiva com os três filhos dela, que viviam com eles na fazenda. Tudo o que ele comprava era para ela. Ele até suspeitava que não era o verdadeiro pai da filha", disse Dumans, para quem a polícia deve investigar a hipótese de latrocínio.
A família impediu que Sena fosse enterrado no Jardim das Acácias, onde Adriana comprara um jazigo anteontem por R$ 5.400. Levado para o cemitério rural de Rio Seco, o corpo foi enterrado no início da noite.
Hostilizada pelos presentes e cercada por seguranças, Adriana esteve no cemitério, mas preferiu não descer do carro.
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