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15/01/2007
-
10h06
ITALO NOGUEIRA
enviado especial da Folha de S.Paulo a Miraí (MG)
Após o despejo de 2 bilhões de litros de argila, o rio Fubá demanda cuidados. Miraí preocupa-se com as possíveis conseqüências caso o rio não seja desassoreado logo, enquanto se recupera do lamaçal que cobriu 40% da área urbana.
A hipótese mais previsível é o aumento da ocorrência de cheias em casos de chuvas. Grande parte da lama proveniente da barragem da mineradora Rio Pomba Cataguases permaneceu no fundo do rio. Assim, o leito --a profundidade-- do rio diminui, facilitando o transbordo e o avanço sobre as margens.
A segunda possibilidade, mais extrema e descartada pelas autoridades que acompanham a evolução do estrago, trata-se da diminuição da vazão --quantidade de água-- ao longo do curso do rio. Dependendo do nível do assoreamento --ainda não calculado pelos técnicos da Fundação Estadual de Meio ambiente (Feam)--, a água poderia ocupar as margens definitivamente, aumentando assim o espelho d'água --superfície do rio-- e, conseqüentemente, a evaporação. No correr dos cerca de 40 quilômetros de extensão do rio, a vazão poderia se perder aos poucos. O que se sabe é que a argila despejada decanta facilmente, permanecendo no curso do rio.
Entre as responsabilidades a serem impostas à empresa após o acidente, os técnicos pretendem obrigá-la a desassorear o rio. Em março do ano passado, a drenagem do rio em 90 dias era parte das obrigações a serem cumpridas pela mineradora após o despejo de 400 milhões de litros --um quinto do volume jorrado este ano-- no Fubá. Segundo a Prefeitura de Miraí, a intervenção foi feita há um mês --cerca de seis meses de atraso. De acordo com o diretor-executivo da Feam, Ilmar Bastos, isso não foi feito.
"Existe a capacidade do próprio rio se regenerar. Mas não podemos esperar a natureza fazer este trabalho", afirmou o presidente do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Paulo Teodoro.
"Não sabemos como é a capacidade de transporte natural [desta argila] neste rio", apontou a presidente da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), Marilene Ramos. O escoamento da argila é dificultado pela cheia do rio Muriaé, onde o Fubá desemboca. Com uma forte vazão, o transbordo do rio que abastece o Estado do Rio forma uma barragem natural, oferecendo maior resistência à passagem da água e da argila.
Diferentemente do ano anterior, quando o acidente ocorreu próximo ao final do período de chuvas, a preocupação agora é que a postergação da drenagem cause enchentes, já que ainda restam dois meses para o término do verão.
"Grande parte do que vazou está no próprio rio Fubá, entre Miraí e Muriaé. (...) Mas o desassoreamento é uma medida pós-emergencial", declarou Bastos. Tanto ele como as outras autoridades envolvidas na recuperação de Miraí afirmam que, por enquanto, a prioridade tem sido o atendimento à população atingida.
Esgoto
Além da argila depositada no fundo do rio, outro fator que tem contribuído durante anos para o assoreamento é o despejo de esgoto. "A população, infelizmente, acaba jogando tudo no leito do rio", contou Bastos.
O termo de ajuste de conduta imposto pelo Ministério Público no ano passado apontava também o repasse de verbas por parte da empresa para ajudar o município a construir uma estação de tratamento de esgoto. Segundo Bastos o repasse foi feito, mas a instalação não ocorreu.
"O município deveria buscar recursos para complementar a construção, o que não deve ter ocorrido". A prefeitura afirma ter pedido ao MP substituir a estação de esgoto pela instalação de uma rede pluvial para escoamento da água.
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enviado especial da Folha de S.Paulo a Miraí (MG)
Após o despejo de 2 bilhões de litros de argila, o rio Fubá demanda cuidados. Miraí preocupa-se com as possíveis conseqüências caso o rio não seja desassoreado logo, enquanto se recupera do lamaçal que cobriu 40% da área urbana.
A hipótese mais previsível é o aumento da ocorrência de cheias em casos de chuvas. Grande parte da lama proveniente da barragem da mineradora Rio Pomba Cataguases permaneceu no fundo do rio. Assim, o leito --a profundidade-- do rio diminui, facilitando o transbordo e o avanço sobre as margens.
A segunda possibilidade, mais extrema e descartada pelas autoridades que acompanham a evolução do estrago, trata-se da diminuição da vazão --quantidade de água-- ao longo do curso do rio. Dependendo do nível do assoreamento --ainda não calculado pelos técnicos da Fundação Estadual de Meio ambiente (Feam)--, a água poderia ocupar as margens definitivamente, aumentando assim o espelho d'água --superfície do rio-- e, conseqüentemente, a evaporação. No correr dos cerca de 40 quilômetros de extensão do rio, a vazão poderia se perder aos poucos. O que se sabe é que a argila despejada decanta facilmente, permanecendo no curso do rio.
Entre as responsabilidades a serem impostas à empresa após o acidente, os técnicos pretendem obrigá-la a desassorear o rio. Em março do ano passado, a drenagem do rio em 90 dias era parte das obrigações a serem cumpridas pela mineradora após o despejo de 400 milhões de litros --um quinto do volume jorrado este ano-- no Fubá. Segundo a Prefeitura de Miraí, a intervenção foi feita há um mês --cerca de seis meses de atraso. De acordo com o diretor-executivo da Feam, Ilmar Bastos, isso não foi feito.
"Existe a capacidade do próprio rio se regenerar. Mas não podemos esperar a natureza fazer este trabalho", afirmou o presidente do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Paulo Teodoro.
"Não sabemos como é a capacidade de transporte natural [desta argila] neste rio", apontou a presidente da Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), Marilene Ramos. O escoamento da argila é dificultado pela cheia do rio Muriaé, onde o Fubá desemboca. Com uma forte vazão, o transbordo do rio que abastece o Estado do Rio forma uma barragem natural, oferecendo maior resistência à passagem da água e da argila.
Diferentemente do ano anterior, quando o acidente ocorreu próximo ao final do período de chuvas, a preocupação agora é que a postergação da drenagem cause enchentes, já que ainda restam dois meses para o término do verão.
"Grande parte do que vazou está no próprio rio Fubá, entre Miraí e Muriaé. (...) Mas o desassoreamento é uma medida pós-emergencial", declarou Bastos. Tanto ele como as outras autoridades envolvidas na recuperação de Miraí afirmam que, por enquanto, a prioridade tem sido o atendimento à população atingida.
Esgoto
Além da argila depositada no fundo do rio, outro fator que tem contribuído durante anos para o assoreamento é o despejo de esgoto. "A população, infelizmente, acaba jogando tudo no leito do rio", contou Bastos.
O termo de ajuste de conduta imposto pelo Ministério Público no ano passado apontava também o repasse de verbas por parte da empresa para ajudar o município a construir uma estação de tratamento de esgoto. Segundo Bastos o repasse foi feito, mas a instalação não ocorreu.
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