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15/01/2007 - 11h21

Aposentada morre em obra do metrô; saiba mais sobre os desaparecidos

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da Folha de S.Paulo
do Agora
da Folha Online

Equipes do Corpo de Bombeiros resgataram na madrugada desta segunda-feira o corpo da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, nos escombros do canteiro de obras da futura estação Pinheiros do metrô (zona oeste de São Paulo), que desabou na sexta (12). Outras seis pessoas são consideradas desaparecidas.

Divulgação
A aposentada Abigail Rossi de Azevedo
A aposentada Abigail Rossi de Azevedo
A aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, tinha consulta com seu médico na Lapa, às 14h. Dali, ela costumava pegar um ônibus, descer no largo da Batata e caminhar até a estação de trem. Seu marido a esperava às 15h30, na estação Santo Amaro, mas ela nunca chegou.

Aposentada, Abigail não gostava de ficar parada. Nadava três vezes por semana, fazia ginástica e apreciava viajar para o interior. Abalado, o marido da aposentada não conseguiu acompanhar as buscas.




Não era o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, quem deveria sair com a van às 14h51. Ainda não era sua vez. Mas, na sexta-feira, ele chegou mais cedo ao trabalho e saiu uma viagem antes da sua, substituindo um colega.
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O motorista Reinaldo Aparecido
O motorista Reinaldo Aparecido


Essa era, dizem amigos, uma característica de Reinaldo: muito prestativo e sempre disposto a ajudar.

Paulista e morador do bairro Maracanã, na zona norte de São Paulo, ele tem três filhos --dois do primeiro casamento e mais um do segundo.

Antes de ser motorista, foi vendedor de produtos de limpeza. Gostava de jogar bola e de ir a Santos.

O amigo e ex-cunhado Cícero Souza de Loura, tem fé. "Uma vez ele foi baleado. A bala entrou pelo peito e ficou alojada. Mas sobreviveu. Se Deus quiser, dessa vez vai acontecer a mesma coisa."




O cobrador Wescley Adriano da Silva, 22, pediu para que a mulher, Thaís Ferreira Gomes, 20, não pegasse carona em sua van na sexta-feira para visitar a mãe.
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O cobrador Wescley da Silva
O cobrador Wescley da Silva


Grávida do primeiro filho do casal, ela não foi. Wescley foi soterrado com o veículo, com o qual trabalhava há três meses.

Antes, ele era segurança e se tornou cobrador porque estava desempregado havia muito tempo e queria dar uma vida mais tranqüila a Cauã, o filho que deve nascer nas próximas semanas.

"Ele é uma pessoa muito carinhosa e está babando com o filho", conta Djalma Gomes, sogro do cobrador.

"Passamos o Ano Novo em Cotia [Grande São Paulo] e ele me disse que queria muito curtir o bebê neste ano", afirma. "E que o filho será palmeirense, como ele."




O funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31, pretendia trocar de carro neste ano. Ele dirigia apenas nos fins de semana. Na sexta-feira, para resolver um problema do IPTU na subprefeitura de Pinheiros, provavelmente pegou a van que foi soterrada no buraco do metrô.
Divulgação
O funcionário público Márcio Alambert
O funcionário público Márcio Alambert


Morador de uma travessa da rua Cardeal Arcoverde, no bairro de Pinheiros, ele saiu de casa logo depois do almoço e desapareceu. Não levou celular e, até ontem, sua família não tinha nenhuma notícia de seu paradeiro.

"Ele só pode estar na cratera. Procuramos nos hospitais, fomos na polícia e nada", diz seu primo, Nélson Alambert. "Não temos nenhuma informação dele."

Casado, com uma filha de 3 anos, Marcio vivia um bom momento profissional. Trabalhando na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, teve um aumento de salário e queria trocar de carro.

Antes da secretaria, foi funcionário da Defesa Civil e fazia resgates. "É muito triste. Até outro dia, ele participava dos resgates com a gente", disse o amigo Wilson Brandin.

"Ele é muito dedicado à família e ao trabalho", disse Nélson. "É um homem tranqüilo e que adora fazer ginástica, vai à academia. Para ele, cuidar da saúde é fundamental."




Os três filhos da bacharel em direito Valéria Alves Marmit, 37, ainda não sabem que a mãe está desaparecida. Uma das possíveis vítimas do acidente, Valéria não fez contato com a família desde a tarde de sexta-feira.

Neste dia, segundo o ex-marido, Wagner Marmit, ela deixou o escritório onde trabalhava, em Pinheiros, e se dirigiu à estação da CPTM para pegar um trem em direção a sua casa, em Carapicuíba (na Grande São Paulo).

Desde então, não foi mais encontrada. Valéria não dormiu em casa nem atendeu às chamadas feitas ao seu telefone celular. Não há nenhuma pista também de que tenha sido seqüestrada ou vítima de algum outro tipo de violência.

Os gêmeos de 11 anos e a filha mais velha, de 18 (fruto de um relacionamento de Valéria anterior ao casamento), estão com os tios e ainda não foram avisados sobre o desaparecimento da mãe.

"Estamos tentando preservá-los até sabermos direito a situação. Eles estão de férias, não estavam na casa da mãe", diz Wagner. Ontem, ele passou o dia acompanhando os trabalhos na cratera. "Os pais dela já morreram e a Valéria não tem irmãos, assim, sou o parente mais próximo e quero saber o que aconteceu com a mãe de meus filhos."

Separados há dois anos, Wagner conta que Valéria era alegre, boa mãe e sempre sonhou ser advogada. "Ela se formou há um ano e ficou muito feliz quando começou a trabalhar na área", afirma. "A gente se dava bem e se falava todos os dias por causa dos meninos. Espero que ela esteja bem, mas tudo isso é triste demais."




O motorista Francisco Sabino Torres, 40, era funcionário da obra do metrô e pode estar entre os escombros do acidente. Desde criança era trabalhador. Aos 12 anos, colhia milho e feijão na zona rural de Joanésia, no interior de Minas Gerais, Estado onde nasceu.
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O motorista Francisco Torres
O motorista Francisco Torres


Aos 18, ele passou a trabalhar em empresas de construção. Chegou a fazer serviços no Rio de Janeiro. Mas, após o casamento, há 20 anos, decidiu se mudar para São Paulo.

Francisco tinha três filhos: uma moça de 19 anos e dois adolescentes de 14 e 15. Vive com a família em uma casa que ele mesmo construiu em Francisco Morato, na Grande São Paulo. O imóvel tem dois quartos, sala, cozinha e banheiro. Torres trabalhava há um ano e meio na obra da linha 4 do metrô.




Depois de passar o dia de ontem telefonando para delegacias, hospitais e IML (Instituto Médico Legal), a família do office-boy Cícero Augustino da Silva, 60, procurou o posto da Defesa Civil montado ao lado do local do acidente nas obras do metrô para dar queixa do desaparecimento dele.

Silva está sumido desde a tarde de sexta-feira. Ele trabalha em um escritório de advocacia em Pinheiros, mesmo bairro onde mora, e costuma circular na região do desabamento para realizar sua rotina de serviços bancários.

A família suspeita que Silva esteja entre as vítimas do acidente. Isso porque a sétima vítima do acidente nas obras do Metrô --um dos dois passageiros que estariam no microônibus que caiu na cratera na sexta-- ainda não foi identificada.

"Ele andava com dois celulares e costumava falar com sua mulher várias vezes por dia. Na sexta ele não ligou e não voltou mais para casa", diz o genro do office-boy, Luiz Roberto de Paula Silva.

"Os celulares dele estão fora de área, deixamos várias mensagens de voz e suas caixas postais estão cheias", explica.

"Estamos desesperados. Não sabemos se torcemos para que ele esteja no acidente para acabar com toda essa angústia ou se torcemos para que ele esteja em qualquer outro lugar e esteja impossibilitado de falar", afirma o genro.

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