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16/01/2007
-
02h06
da Folha Online
O risco de novos deslizamentos de terra fez as equipes do Corpo de Bombeiros suspenderem às 22h de segunda-feira (15) as buscas pelas vítimas soterradas no desabamento do canteiro de obras da estação Pinheiros de metrô (zona oeste de São Paulo).
Na madrugada desta terça, Márcio Pellegrini, consultor técnico do consórcio Via Amarela --responsável pelas obras--, afirmou que o trabalho para reforçar as paredes dos túneis escavados pelos bombeiros e garantir a segurança das equipes deve durar "no máximo três ou quatro dias".
"Estamos preocupados em não aumentar a dimensão do acidente. Se não assegurarmos o local de trabalho dos bombeiros, podemos agravar a situação", disse.
Segundo uma nota distribuída pelo Consórcio, o risco de desabamento para os bombeiros nos últimos dias passou a ser "altíssimo".
Na tarde de domingo (14), um deslizamento durante as buscas por meio de um túnel da linha Amarela também atrapalhou uma das frentes do resgate. Em nota, o consórcio afirmou que a situação foi agravada na segunda, quando a parede rochosa do lado esquerdo da escavação começou a apresentar "trincas e quedas de blocos", "desestabilizando ainda mais as condições de sustentabilidade da escavação".
O comandante do Corpo de Bombeiros da Grande São Paulo, coronel João dos Santos Souza, aceitou a recomendação da equipe de consultores técnicos do consórcio e suspendeu temporariamente as buscas. "Só vamos voltar depois que o consórcio deixar o local em segurança", afirmou.
Vítimas
Na segunda-feira, duas mortes foram confirmadas pelos bombeiros. A primeira foi a da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, que caminhava pelo local no momento do desmoronamento. Ela foi enterrada à tarde no Cemitério Santo Amaro (zona sul), com despesas pagas pelo consórcio.
No mesmo dia, um corpo foi visualizado no microônibus engolido na cratera aberta no acidente. Devido ao risco de novo desabamento, o resgate não pôde ser feito, e a vítima ainda não foi identificada.
As estimativas apontam que seis pessoas permanecem sob os escombros, sendo quatro delas no microônibus.
Causas
Em coletiva de imprensa, os representantes do consórcio não comentaram as possíveis causas do acidente. "As perguntas sobre a obra só serão respondidas, com argumentos técnicos, após o resgate das vítimas", afirmou Pellegrini durante a madrugada.
O consultor disse que o silêncio era "uma posição tomada em respeito às vítimas e às famílias". Mas ele não esclareceu o que sua recusa em comentar a obra tinha a ver com o respeito às vítimas.
No fim de semana, a chuva foi apontada pelo consórcio que realiza as obras como causa do desabamento. Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), disse que só as chuvas não poderiam ter causado o acidente, culpando também o processo de engenharia pelo desabamento.
Goldman, no entanto, evitou apontar um culpado específico pelo desastre. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse o vice, que também é engenheiro formado pela USP (Universidade de São Paulo).
O engenheiro José Tadeu da Silva, presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de São Paulo também afirmou que a chuva não pode ser a única culpada pelo acidente. Para ele, as condições do solo podem ser o principal fator para o desabamento.
"O que sabemos é que o solo dessa região de planície [Pinheiros] é formada de argila, terra, areia e rocha. A chuva pode ter agravado as condições do solo, fazendo subir o lençol freático, se infiltrando na areia, que pressionaria a rocha. Tudo isso pode ter causado o acidente".
Imóveis
Equipes da Defesa Civil começaram nesta segunda-feira a avaliar os imóveis interditados na última sexta-feira devido ao desabamento nas obras da linha 4-Amarela do metrô. No total, 55 foram interditados --três residências já foram condenadas, na rua Capri.
Cinco casas já foram liberadas para ocupação. Alguns imóveis comerciais também foram liberados.
O Consórcio Via Amarela afirma que os moradores serão ressarcidos. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO e EPAMINONDAS NETO, da Folha Online
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O risco de novos deslizamentos de terra fez as equipes do Corpo de Bombeiros suspenderem às 22h de segunda-feira (15) as buscas pelas vítimas soterradas no desabamento do canteiro de obras da estação Pinheiros de metrô (zona oeste de São Paulo).
Na madrugada desta terça, Márcio Pellegrini, consultor técnico do consórcio Via Amarela --responsável pelas obras--, afirmou que o trabalho para reforçar as paredes dos túneis escavados pelos bombeiros e garantir a segurança das equipes deve durar "no máximo três ou quatro dias".
"Estamos preocupados em não aumentar a dimensão do acidente. Se não assegurarmos o local de trabalho dos bombeiros, podemos agravar a situação", disse.
Victor R. Caivano/AP |
Equipes trabalham em área de desabamento em busca de vítimas soterradas |
Segundo uma nota distribuída pelo Consórcio, o risco de desabamento para os bombeiros nos últimos dias passou a ser "altíssimo".
Na tarde de domingo (14), um deslizamento durante as buscas por meio de um túnel da linha Amarela também atrapalhou uma das frentes do resgate. Em nota, o consórcio afirmou que a situação foi agravada na segunda, quando a parede rochosa do lado esquerdo da escavação começou a apresentar "trincas e quedas de blocos", "desestabilizando ainda mais as condições de sustentabilidade da escavação".
O comandante do Corpo de Bombeiros da Grande São Paulo, coronel João dos Santos Souza, aceitou a recomendação da equipe de consultores técnicos do consórcio e suspendeu temporariamente as buscas. "Só vamos voltar depois que o consórcio deixar o local em segurança", afirmou.
Vítimas
Na segunda-feira, duas mortes foram confirmadas pelos bombeiros. A primeira foi a da aposentada Abigail Rossi de Azevedo, 75, que caminhava pelo local no momento do desmoronamento. Ela foi enterrada à tarde no Cemitério Santo Amaro (zona sul), com despesas pagas pelo consórcio.
No mesmo dia, um corpo foi visualizado no microônibus engolido na cratera aberta no acidente. Devido ao risco de novo desabamento, o resgate não pôde ser feito, e a vítima ainda não foi identificada.
As estimativas apontam que seis pessoas permanecem sob os escombros, sendo quatro delas no microônibus.
Causas
Em coletiva de imprensa, os representantes do consórcio não comentaram as possíveis causas do acidente. "As perguntas sobre a obra só serão respondidas, com argumentos técnicos, após o resgate das vítimas", afirmou Pellegrini durante a madrugada.
O consultor disse que o silêncio era "uma posição tomada em respeito às vítimas e às famílias". Mas ele não esclareceu o que sua recusa em comentar a obra tinha a ver com o respeito às vítimas.
No fim de semana, a chuva foi apontada pelo consórcio que realiza as obras como causa do desabamento. Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), disse que só as chuvas não poderiam ter causado o acidente, culpando também o processo de engenharia pelo desabamento.
Goldman, no entanto, evitou apontar um culpado específico pelo desastre. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse o vice, que também é engenheiro formado pela USP (Universidade de São Paulo).
Danilo Verpa/Folha Imagem |
Bombeiros resgatam corpo de vítima de desabamento na obra da linha 4 do metrô |
O engenheiro José Tadeu da Silva, presidente do Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia) de São Paulo também afirmou que a chuva não pode ser a única culpada pelo acidente. Para ele, as condições do solo podem ser o principal fator para o desabamento.
"O que sabemos é que o solo dessa região de planície [Pinheiros] é formada de argila, terra, areia e rocha. A chuva pode ter agravado as condições do solo, fazendo subir o lençol freático, se infiltrando na areia, que pressionaria a rocha. Tudo isso pode ter causado o acidente".
Imóveis
Equipes da Defesa Civil começaram nesta segunda-feira a avaliar os imóveis interditados na última sexta-feira devido ao desabamento nas obras da linha 4-Amarela do metrô. No total, 55 foram interditados --três residências já foram condenadas, na rua Capri.
Cinco casas já foram liberadas para ocupação. Alguns imóveis comerciais também foram liberados.
O Consórcio Via Amarela afirma que os moradores serão ressarcidos. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO e EPAMINONDAS NETO, da Folha Online
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