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18/01/2007
-
16h22
da Folha Online
Os bombeiros retiraram nesta quinta-feira mais dois corpos da cratera deixada pelo desabamento nas obras da estação Pinheiros do metrô, zona oeste de São Paulo. No total, desde a última sexta (12), dia do acidente, cinco corpos foram localizados.
Segundo o governador José Serra (PSDB), um dos corpos encontrados hoje é do motorista do microônibus soterrado, Reinaldo Aparecido Leite, 40. O outro corpo --de um homem-- ainda não foi identificado. Serra entrou na cratera vestindo uma máscara equipada com um equipamento que anula o odor gerado pela decomposição dos cadáveres. Serra ficou poucos minutos no local e classificou o trabalho dos bombeiros como "incrível".
Para o Corpo de Bombeiros, uma vítima do acidente permanece desaparecida, mas a hipótese de o office-boy Cícero Augustino da Silva, 58, estar na cratera não é descartada. "Enquanto houver essa expectativa, vamos procurá-lo", disso o capitão Mauro Lopes, dos bombeiros. A Polícia Civil investiga o paradeiro do office-boy.
A chuva que atingiu a cidade durante a madrugada atrasou as buscas, pois os trabalhos foram temporariamente suspensos. Pela manhã, o capitão Lopes disse que, devido à lama, as máquinas não conseguiam tração para puxar o microônibus --ligado a um cabo de aço. Mais tarde, informou que os trabalhos haviam avançado, que o poste que prendia o microônibus havia sido retirado e que o veículo seria serrado para a retirada das vítimas.
Vítimas
Entre a madrugada de segunda-feira e a manhã de quarta, três corpos foram resgatados dos escombros --um deles estava na parte traseira do microônibus. Os bombeiros dizem que não conseguem ter acesso a uma das partes do microônibus --cerca de um terço do veículo-- que permanece escondido sob parte do poço que desabou.
O primeiro corpo encontrado foi o da aposentada Abigail de Azevedo, 75, retirado dos escombros na segunda-feira (15). Na terça, foi resgatado o corpo de Valéria Alves Marmit, 37, que estava na traseira do lotação. Apesar da localização do veículo, os trabalhos não puderam prosseguir devido aos riscos de novos desabamentos e à grande quantidade de lama e entulho no local.
No começo da manhã de quarta, os bombeiros retiraram o corpo do motorista de caminhão Francisco Sabino Torres, resgatado no início da manhã de quarta. Ele trabalhava nas obras da linha 4-Amarela.
No microônibus, além do motorista estava o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22. Seriam passageiros o funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31, e o office-boy Cícero Augustino da Silva, 60. A Secretaria da Segurança Pública não inclui o office-boy na lista das vítimas do desabamento. Isso porque, segundo o governo estadual, ainda é verificado se ele estava na região no momento do acidente. Familiares, no entanto, afirmam que na tarde da última sexta Cícero deixou o trabalho, na região de Pinheiros, e seguia para casa, também na zona oeste, quando desapareceu.
As famílias dos passageiros do microônibus da Transcooper serão indenizados em R$ 100 mil pela cooperativa. A empresa diz que as indenizações são referentes a danos morais e materiais. Já as famílias do motorista e do cobrador receberão R$ 29 mil cada uma.
Duas cadelas farejadoras auxiliam os trabalhos. Os resgate, o vai-e-vem de caminhões e o sobrevôo de helicópteros de emissoras de TV atraiu curiosos, mas moradores da região reclamam do barulho.
Causas
O governador José Serra (PSDB) confirmou que o Metrô suspendeu os pagamentos ao Consórcio Via Amarela pelas obras. O motivo seria uma inviabilidade técnica para medir o trecho que desabou. "À medida que essa obra já não existe, não se poderia pagar a medição dela. E as faturas chegam misturadas. Houve a suspensão para fazer essa separação."
O canteiro de obras que desabou era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis. O que desmoronou havia sido inaugurado há cerca de um ano, segundo informações do governo do Estado. O acidente ampliou o buraco, que passou a ter cerca de 80 metros de diâmetro.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, afirmou que as conseqüências do acidente poderiam ser reduzidas, caso um plano de contingência tivesse sido elaborado. O plano deveria prever o isolamento das áreas afetadas pelas obras do metrô.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológica) foi acionado pelo governo estadual para fazer um laudo sobre as causas do acidente.
No fim de semana, o Consórcio Via Amarela responsabilizou a chuva das últimas semanas pelo desabamento. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), responsabilizou as chuvas e o processo de engenharia pelo acidente. Ele, porém, não apontou culpados. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO, da Folha Online
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Bombeiros retiram mais dois corpos em canteiro do metrô
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Os bombeiros retiraram nesta quinta-feira mais dois corpos da cratera deixada pelo desabamento nas obras da estação Pinheiros do metrô, zona oeste de São Paulo. No total, desde a última sexta (12), dia do acidente, cinco corpos foram localizados.
Segundo o governador José Serra (PSDB), um dos corpos encontrados hoje é do motorista do microônibus soterrado, Reinaldo Aparecido Leite, 40. O outro corpo --de um homem-- ainda não foi identificado. Serra entrou na cratera vestindo uma máscara equipada com um equipamento que anula o odor gerado pela decomposição dos cadáveres. Serra ficou poucos minutos no local e classificou o trabalho dos bombeiros como "incrível".
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem |
Tapumes isolam parte de cratera deixada pelo desabamento nas obras do metrô |
Para o Corpo de Bombeiros, uma vítima do acidente permanece desaparecida, mas a hipótese de o office-boy Cícero Augustino da Silva, 58, estar na cratera não é descartada. "Enquanto houver essa expectativa, vamos procurá-lo", disso o capitão Mauro Lopes, dos bombeiros. A Polícia Civil investiga o paradeiro do office-boy.
A chuva que atingiu a cidade durante a madrugada atrasou as buscas, pois os trabalhos foram temporariamente suspensos. Pela manhã, o capitão Lopes disse que, devido à lama, as máquinas não conseguiam tração para puxar o microônibus --ligado a um cabo de aço. Mais tarde, informou que os trabalhos haviam avançado, que o poste que prendia o microônibus havia sido retirado e que o veículo seria serrado para a retirada das vítimas.
Vítimas
Entre a madrugada de segunda-feira e a manhã de quarta, três corpos foram resgatados dos escombros --um deles estava na parte traseira do microônibus. Os bombeiros dizem que não conseguem ter acesso a uma das partes do microônibus --cerca de um terço do veículo-- que permanece escondido sob parte do poço que desabou.
O primeiro corpo encontrado foi o da aposentada Abigail de Azevedo, 75, retirado dos escombros na segunda-feira (15). Na terça, foi resgatado o corpo de Valéria Alves Marmit, 37, que estava na traseira do lotação. Apesar da localização do veículo, os trabalhos não puderam prosseguir devido aos riscos de novos desabamentos e à grande quantidade de lama e entulho no local.
No começo da manhã de quarta, os bombeiros retiraram o corpo do motorista de caminhão Francisco Sabino Torres, resgatado no início da manhã de quarta. Ele trabalhava nas obras da linha 4-Amarela.
Victor R. Caivano/AP |
Equipes trabalham em cratera deixada pelo desabamento nas obras da linha 4 do metrô |
No microônibus, além do motorista estava o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22. Seriam passageiros o funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31, e o office-boy Cícero Augustino da Silva, 60. A Secretaria da Segurança Pública não inclui o office-boy na lista das vítimas do desabamento. Isso porque, segundo o governo estadual, ainda é verificado se ele estava na região no momento do acidente. Familiares, no entanto, afirmam que na tarde da última sexta Cícero deixou o trabalho, na região de Pinheiros, e seguia para casa, também na zona oeste, quando desapareceu.
As famílias dos passageiros do microônibus da Transcooper serão indenizados em R$ 100 mil pela cooperativa. A empresa diz que as indenizações são referentes a danos morais e materiais. Já as famílias do motorista e do cobrador receberão R$ 29 mil cada uma.
Duas cadelas farejadoras auxiliam os trabalhos. Os resgate, o vai-e-vem de caminhões e o sobrevôo de helicópteros de emissoras de TV atraiu curiosos, mas moradores da região reclamam do barulho.
André Porto/Folha Imagem |
As cadelas farejadoras dos bombeiros, Anny e Dara (ao fundo), auxiliam as buscas |
Causas
O governador José Serra (PSDB) confirmou que o Metrô suspendeu os pagamentos ao Consórcio Via Amarela pelas obras. O motivo seria uma inviabilidade técnica para medir o trecho que desabou. "À medida que essa obra já não existe, não se poderia pagar a medição dela. E as faturas chegam misturadas. Houve a suspensão para fazer essa separação."
O canteiro de obras que desabou era usado como acesso de funcionários e equipamentos à obra. Do fosso partem dois túneis. O que desmoronou havia sido inaugurado há cerca de um ano, segundo informações do governo do Estado. O acidente ampliou o buraco, que passou a ter cerca de 80 metros de diâmetro.
O coordenador da Defesa Civil de São Paulo, Jair Pacca de Lima, afirmou que as conseqüências do acidente poderiam ser reduzidas, caso um plano de contingência tivesse sido elaborado. O plano deveria prever o isolamento das áreas afetadas pelas obras do metrô.
O IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológica) foi acionado pelo governo estadual para fazer um laudo sobre as causas do acidente.
No fim de semana, o Consórcio Via Amarela responsabilizou a chuva das últimas semanas pelo desabamento. O consórcio é liderado pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado também pela OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Na segunda, o vice-governador e secretário de Desenvolvimento de São Paulo, Alberto Goldman (PSDB), responsabilizou as chuvas e o processo de engenharia pelo acidente. Ele, porém, não apontou culpados. "Se não tivesse havido um grande volume de chuvas, talvez não teria acontecido. Mas o grande volume de chuvas também é previsível. Qualquer episódio em que há uma tragédia desse tipo há uma responsabilidade do processo, da engenharia desse processo, ou seja, a engenharia em algum momento falhou indiscutivelmente", disse.
Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online, CAROLINA FARIAS, GABRIELA MANZINI, RENATO SANTIAGO, da Folha Online
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