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22/01/2007
-
10h00
ANDRÉ CARAMANTE
ROGÉRIO PAGNAN
da Folha de S.Paulo
Os responsáveis pela obra da futura estação Pinheiros e alguns funcionários começarão a ser interrogados ainda nesta semana pela Polícia Civil de São Paulo.
Os delegados da 3ª Delegacia Seccional Oeste, responsáveis pela apuração criminal do desabamento da obra, têm três objetivos com os depoimentos, todos baseados nos horários dos acontecimentos que levaram à tragédia do último dia 12.
A partir de hoje, a polícia quer descobrir exatamente os seguintes horários: a) qual foi o momento em que os funcionários deixaram a obra?, b) quando foi dado o aviso à Defesa Civil?; c) quando os responsáveis pela obra deram o alerta sobre o desmoronamento?
A partir do cruzamento desses momentos que antecederam a tragédia, juntamente com as gravações do circuito de câmeras do Edifício Passareli, vizinho da cratera, a polícia fará a "cronologia" do acidente para saber quem fala a verdade.
Essa fita do Passareli gerou uma crise na Polícia Civil, pois foi parar nas mãos de um repórter da TV Bandeirantes e, descontente, outra emissora pressionou o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, a abrir uma apuração na corregedoria do órgão para descobrir quem a entregou ao jornalista da concorrente.
A previsão dos delegados é que todas as pessoas (responsáveis e funcionários da obra) interrogadas nesta semana retornarão para novos depoimentos após a conclusão dos laudos do Instituto de Criminalística), da Polícia Civil, e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Quem estava lá
Para justificar o motivo de não ter interditado a rua Capri, por onde passava o microônibus no momento do acidente e no qual estavam quatro vítimas, o Consórcio Via Amarela disse que o intervalo entre o momento em que os operários deixaram a obra e o desastre foi de dois minutos. "[Foi] como a queda de um avião", comparou o engenheiro Carlos Maffei.
À Folha, porém, funcionários da obra deram outra versão. Segundo sete operários entrevistados desde o dia 12, houve mais de dez minutos até o desabamento. Tempo que, segundo a Defesa Civil, era suficiente para um plano de alerta.
"Demorou uns dez minutos de quando deixamos a obra até o desmoronamento. Por isso deu tempo para sair de lá", afirmou o eletricista Darlan Félix.
O motorista Roque Hudson, 39, que trabalha na obra há dois meses, contou à reportagem o susto que levou e descreveu o tempo do primeiro "estalo" para a grande "explosão".
"Do primeiro desabamento para o segundo foram uns dez minutos", afirmou ele, que gravou pela câmera do celular o momento do desabamento.
Já o operário José Esmeraldino dos Santos, 45, disse que o intervalo durou 20 minutos. A Folha também conversou com quatro outros funcionários que estavam nas obras.
Eles confirmaram o intervalo de mais de 10 minutos, mas pediram anonimato. Dizem temer retaliação da empresa. O secretário de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Metroviários, Manuel Xavier Lemos Filho, 49, disse não acreditar no tempo informado pelo consórcio. "Teríamos muitos campeões de corrida."
Colaborou CARLA MONIQUE BIGATTO, do Agora
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ROGÉRIO PAGNAN
da Folha de S.Paulo
Os responsáveis pela obra da futura estação Pinheiros e alguns funcionários começarão a ser interrogados ainda nesta semana pela Polícia Civil de São Paulo.
Os delegados da 3ª Delegacia Seccional Oeste, responsáveis pela apuração criminal do desabamento da obra, têm três objetivos com os depoimentos, todos baseados nos horários dos acontecimentos que levaram à tragédia do último dia 12.
A partir de hoje, a polícia quer descobrir exatamente os seguintes horários: a) qual foi o momento em que os funcionários deixaram a obra?, b) quando foi dado o aviso à Defesa Civil?; c) quando os responsáveis pela obra deram o alerta sobre o desmoronamento?
A partir do cruzamento desses momentos que antecederam a tragédia, juntamente com as gravações do circuito de câmeras do Edifício Passareli, vizinho da cratera, a polícia fará a "cronologia" do acidente para saber quem fala a verdade.
Essa fita do Passareli gerou uma crise na Polícia Civil, pois foi parar nas mãos de um repórter da TV Bandeirantes e, descontente, outra emissora pressionou o secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, a abrir uma apuração na corregedoria do órgão para descobrir quem a entregou ao jornalista da concorrente.
A previsão dos delegados é que todas as pessoas (responsáveis e funcionários da obra) interrogadas nesta semana retornarão para novos depoimentos após a conclusão dos laudos do Instituto de Criminalística), da Polícia Civil, e do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas).
Quem estava lá
Para justificar o motivo de não ter interditado a rua Capri, por onde passava o microônibus no momento do acidente e no qual estavam quatro vítimas, o Consórcio Via Amarela disse que o intervalo entre o momento em que os operários deixaram a obra e o desastre foi de dois minutos. "[Foi] como a queda de um avião", comparou o engenheiro Carlos Maffei.
À Folha, porém, funcionários da obra deram outra versão. Segundo sete operários entrevistados desde o dia 12, houve mais de dez minutos até o desabamento. Tempo que, segundo a Defesa Civil, era suficiente para um plano de alerta.
"Demorou uns dez minutos de quando deixamos a obra até o desmoronamento. Por isso deu tempo para sair de lá", afirmou o eletricista Darlan Félix.
O motorista Roque Hudson, 39, que trabalha na obra há dois meses, contou à reportagem o susto que levou e descreveu o tempo do primeiro "estalo" para a grande "explosão".
"Do primeiro desabamento para o segundo foram uns dez minutos", afirmou ele, que gravou pela câmera do celular o momento do desabamento.
Já o operário José Esmeraldino dos Santos, 45, disse que o intervalo durou 20 minutos. A Folha também conversou com quatro outros funcionários que estavam nas obras.
Eles confirmaram o intervalo de mais de 10 minutos, mas pediram anonimato. Dizem temer retaliação da empresa. O secretário de Comunicação e Imprensa do Sindicato dos Metroviários, Manuel Xavier Lemos Filho, 49, disse não acreditar no tempo informado pelo consórcio. "Teríamos muitos campeões de corrida."
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