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26/01/2007 - 10h07

IML libera corpo da 7ª vítima de desabamento; bombeiros finalizam busca

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da Folha Online

O corpo do office-boy Cícero da Silva, 60, sétima vítima do desabamento ocorrido no último dia 12 nas obras da estação de metrô Pinheiros (zona oeste de São Paulo), será enterrado na tarde desta sexta-feira. O corpo foi oficialmente reconhecido por parentes durante a madrugada e liberado pelo IML (Instituto Médico Legal).

A vítima foi localizada por volta das 21h de quinta (25), duas semanas depois do acidente, com ajuda de duas cadelas farejadoras.

Os documentos de Silva foram encontrados ao lado do corpo, que estava a cerca de cinco metros abaixo do local onde os bombeiros encontraram um microônibus com quatro vítimas, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública.
Rogerio Cassimiro/Folha Imagem
Carro do IML remove corpo da sétima vitima do desabamento nas obras do metrô
Carro do IML remove corpo da sétima vitima do desabamento nas obras do metrô


Com a localização do sétimo corpo, as equipes de resgate finalizaram as buscas, mas deverão permanecer na cratera aberta com o desabamento para evitar riscos de novos deslizamentos e garantir a segurança dos operários da obra.

Vítimas

Silva havia desaparecido no dia 12, quando ocorreu o acidente. Apesar de familiares afirmarem que ele poderia ter sido soterrado, a polícia, oficialmente, dizia ter informações de seis vítimas e investigava o paradeiro do office-boy.

Na quarta-feira (24) o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), anunciou a conclusão do inquérito do desaparecimento e admitiu que Silva poderia estar sob os escombros.

Segundo o delegado Domingos Paulo Neto, o depoimento de uma testemunha que trabalha no edifício Passareli foi crucial para identificar os últimos passos da vítima.

Para descobrir o paradeiro de Silva, a polícia rastreou as ligações de dois celulares que ele usava. No dia do acidente ele saiu de Perdizes (zona oeste), onde morava, entre 9h e 9h30 sem dizer a família aonde ia. Às 13h, manteve contato com comerciantes da avenida Alfonso Bovero. Eles disseram que Silva ia para Pinheiros.

Às 13h25 ele recebeu uma ligação que durou 27 segundos, captada pela ERB (Estação Rádio-Base) da rua Cotoxó, na qual comentou com o interlocutor que iria para Pinheiros. Pouco depois, encontrou um amigo em um ônibus. Ele desceu em um ponto de ônibus da avenida Doutor Arnaldo e falou a um conhecido que iria para Pinheiros. Uma outra testemunha também disse que ele iria para o bairro.
Robson Ventura/Folha Imagem
As cadelas farejadoras que auxiliaram a localizar vítimas do desabamento
As cadelas farejadoras que auxiliaram a localizar vítimas do desabamento


Outras vítimas

Outros seis corpos foram retirados dos escombros na primeira semana após o acidente. As buscas por Silva começaram no dia 20, depois que as cadelas farejadoras dos bombeiros apontaram a possibilidade de haver mais uma vítima no local.

O primeiro corpo a ser retirado dos escombros foi o de Abigail Rossi de Azevedo, 75, que caminhava pela região do acidente quando a cratera se abriu. Os bombeiros resgataram em seguida o corpo de Valéria Alves Marmit, 37, que ocupava o microônibus soterrado.

Depois, foram localizados e resgatados os corpos do motorista Francisco Sabino Torres, 41, que trabalhava na obra, e dos demais ocupantes do lotação: o motorista Reinaldo Aparecido Leite, 40, o cobrador Wescley Adriano da Silva, 22, o funcionário público Marcio Rodrigues Alambert, 31.

Consórcio

A Defesa Civil interditou 55 imóveis nas imediações da cratera --cinco foram demolidos. Cerca de 120 moradores das casas interditadas hospedaram-se em hotéis com diárias pagas pelo Consórcio Via Amarela, responsável pela construção da linha 4 do Metrô.

O Consórcio Via Amarela é liderada pela Odebrecht, a maior construtora do país, e integrado por OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Um grupo poderoso, que financiou as principais campanhas eleitorais do Estado de São Paulo.

Nas eleições do ano passado, as construtoras do consórcio buscaram agradar os dois lados da disputa com doações milionárias. A campanha do governador José Serra (PSDB) recebeu R$ 1,7 milhão das empresas OAS, Camargo Corrêa e Odebrecht. O principal adversário de Serra nas eleições, Aloizio Mercadante (PT), também não foi esquecido: ganhou R$ 500 mil de Camargo Corrêa e Odebrecht.

Causas do acidente

A Secretaria da Segurança Pública informou que a 4ª Delegacia Seccional elabora uma cronologia de todo o acidente, com base no depoimento de testemunhas.

A cronologia, de acordo com a Segurança, será elaborada juntamente com técnicos do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e com peritos do Instituto de Criminalística.
Victor R. Caivano/AP
Cratera deixada pelo desabamento nas obras da linha 4 do metrô de São Paulo
Cratera deixada pelo desabamento nas obras da linha 4 do metrô de São Paulo


De acordo com a Segurança, as investigações verificaram imagens gravadas por câmeras de segurança do edifício Passarelli, vizinho à obra, na tentativa de identificar possíveis testemunhas.

Indenização

Foi firmado na quarta-feira (24) o primeiro acordo para pagamento de indenização a uma pessoa morta no desabamento. O acordo beneficia os três filhos --dois gêmeos de 11 anos e uma jovem de 18-- de Valéria Alves Marmit.

Entre as seis pessoas mortas no acidente, os parentes de Marmit foram os únicos a utilizar a Defensoria Pública de São Paulo. Os demais têm advogados particulares e, por isso, não há previsão de acordo.

O montante não foi divulgado por questões de segurança e para preservar a privacidade de família, segundo a Secretaria Estadual de Justiça de São Paulo. O acordo inclui uma quantia referente a danos morais e a lucros cessantes --um cálculo estimado dos ganhos mensais que Marmit teria e de quantos anos ela ainda viveria.

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