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30/01/2007 - 09h51

Gerente do Metrô nega ligação com empresa

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ROGÉRIO PAGNAN
da Folha de S.Paulo

O gerente de construção da linha 4 do metrô, Marco Antonio Buoncompagno, nega ter participado de um esquema ilegal de contratações públicas em parceria com uma empreiteira do Consórcio Via Amarela, que hoje ele fiscaliza. Disse se sentir isento para exercer sua função.

Segundo processo na Justiça, revelado ontem pela Folha, as empresas Andrade Gutierrez, que integra o Consórcio Via Amarela, e Mendes Jr. eram beneficiadas por aditivos contratuais irregulares do Metrô (de até 46,5%) para que repassassem parte dos serviços à Engemab, empresa criada por Buoncompagno em 1989. Em troca, ele teria construído casas para executivos do Metrô.

A ação civil pública foi proposta pela Promotoria em 1992 e ainda não foi julgada --está em fase de perícia. O presidente do Metrô, Luiz Carlos David, disse que o engenheiro continua no cargo porque nunca teve conduta alguma que colocasse em dúvida sua honestidade. O governador José Serra e o ex-governador Geraldo Alckmin não quiseram comentar o assunto.

Buoncompagno aceitou falar com a Folha na tarde de ontem. Antes, ele foi procurado nas últimas quinta e sexta-feira, mas disse que preferia não se manifestar porque apenas seria mais prejudicado. A reportagem de ontem informou que, na ação, a defesa afirma que as acusações da Promotoria são "falsas" e que a Engemab realizou "pequenos e minúsculos serviços" nas obras do Metrô.
Leia trechos da entrevista.

FOLHA - O sr. continua no Metrô?
MARCO ANTONIO BUONCOMPAGNO - Eu estou trabalhando. A notícia incomodou bastante. Se continuo, não sou eu quem decido.

FOLHA - O sr. é acusado de ter uma ligação com a Andrade Gutierrez em operações irregulares, empresa que por ofício tem que fiscalizar. O sr. se sente apto a fazer o seu trabalho com toda a isenção?
BUONCOMPAGNO - É claro que sim, ou não teria voltado ao Metrô. Quem me conhece sabe da minha honestidade. Esse processo não é desconhecido, é público. Tem 15 anos andando. Como não foi julgado até hoje, preciso trabalhar. Surgiu a oportunidade no Metrô e estou trabalhando.

FOLHA - O sr. gostaria de explicar o que aconteceu?
BUONCOMPAGNO - O Ministério Público fez uma acusação, eu me defendi e há 15 anos está tramitando [o processo] na Justiça. A Folha me julgou, já me condenou e estou aqui tentando agora me justificar.

FOLHA - Da reportagem, o que não é verdade?
BUONCOMPAGNO - Na reportagem está a acusação. Num processo existe a acusação e existe a defesa. Se alguém ler a defesa, vai ver que a história tem uma outra versão.

FOLHA - Qual é o erro especificamente?
BUONCOMPAGNO - A pessoa que foi no processo, que leu a acusação, precisa ler a defesa. Na defesa está colocado lá: que foram obras executadas, feitas, com preços de mercado.

FOLHA - Os aditivos irregulares tiveram sua participação?
BUONCOMPAGNO - Eu não tenho participação. Na época, não era funcionário do Metrô havia muito tempo. Quem eu sou, quem era eu para orientar aditivos do Metrô? Tinha uma empresa, fiz um contrato com empresas, trabalhei dez anos com minha empresa, fiz tudo quanto é tipo de obra, para tudo quanto é tipo de cliente.

FOLHA - O sr. fez uma casa para o presidente do Metrô da época?
BUONCOMPAGNO - Fiz uma contratação, recebendo. Não tem presente. Tudo está documentado, está tudo nos autos.

FOLHA - Por que o sr. acha, então, que a Justiça aceitou a denúncia?
BUONCOMPAGNO - No processo criminal, o assunto era exatamente o mesmo e já fui julgado e o caso já foi encerrado. Agora, um processo cível visa ressarcimento. Então, se eu tiver culpa em alguma coisa, eu vou ter que ressarcir valores. Como eu lhe disse, as obras que eu fiz estão aí para quem quiser ver. Até a Folha tirou fotografia, então elas existem. E lá no processo estão os contratos com preços julgados coerentes na época.

FOLHA - O problema é a reportagem?
BUONCOMPAGNO - Houve um acidente? Houve. Vamos ter serenidade para poder buscar as causas e, se for o caso, punir os culpados. Agora, dizer que caiu por causa de fiscalização, ou porque é o projeto, ou porque é a geotecnia, ou porque a empreita não presta, ou porque o gerente do Metrô tem ligação com a empresa... Eu acho um absurdo fazer uma ligação com a falta de qualquer coisa.

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