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31/01/2007 - 09h59

Jovem grávida morre após esperar 22 horas por atendimento

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ITALO NOGUEIRA
da Folha de S.Paulo, no Rio

Depois de uma via-crúcis de 22 horas em busca de atendimento em quatro hospitais, a adolescente Joana Gomes de Almeida, 17, grávida de nove meses, morreu anteontem, às 4h35, no Rio. O filho dela, que seria batizado de Ronald Junior, nasceu morto.

A família reclama do atendimento nos quatro hospitais pelos quais Joana passou: os municipais de Xerém e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense; Pró-Matre, particular conveniado com o SUS, no bairro Saúde, centro do Rio; e o federal do Andaraí, na zona norte.

Joana, que havia deixado a escola por causa da gravidez, morreu após seu filho ter nascido morto no hospital do Andaraí, único a dar atendimento para trabalho de parto. A família, porém, diz que uma cesariana deveria ter sido feita.

"O médico empurrava a barriga da menina muito forte. Chegou uma hora em que os lábios e a ponta dos dedos ficaram roxos", disse a avó Jandira Gomes de Almeida, 85. "O que vai ser de mim? Perdi minha neta. Morávamos eu e ela sozinhas. Espero justiça."

Todos os hospitais afirmam que prestaram o atendimento necessário. Segundo o diretor-médico do hospital do Andaraí, Dázio Simões, a causa da morte seria identificada pelo IML. Ela apresentou baixa oxigenação no sangue, o que o faz suspeitar de pneumonia ou tuberculose. A jovem teve uma parada cardíaca na mesa de parto.

Via-crúcis

Por volta das 6h30 de domingo, Joana chegou ao hospital maternidade de Xerém, já sentindo dores e falta de ar. "Falaram que ela não estava em trabalho de parto e pediram para esperar", afirmou a avó.

Depois de ser informada de que a unidade não tinha anestesista, a adolescente foi levada ao hospital municipal Duque de Caxias, onde chegou às 7h30. Na unidade, foi atendida por médicos. Após ouvir relatos de outros pacientes com críticas ao atendimento, decidiu ir para outro local.

Chegou ao hospital Pró-Matre às 11h. Segundo relato da prima Bianca de Almeida, 17, e da avó, os médicos da unidade se recusaram a atender Joana.

"A médica disse a ela: "Na hora de fazer neném você não sabia que ia doer?'", disse Bianca.
Chorando na entrada do hospital, Joana foi ajudada por um desconhecido, que lhe emprestou dinheiro para uma corrida de táxi até o hospital federal do Andaraí, onde chegou às 17h.

Apenas na noite de domingo, médicos do hospital do Andaraí detectaram, enfim, que Joana estava em trabalho de parto.

Joana desmaiou e foi transferida. Horas depois, Jandira, segurou em seus braços o bisneto, já morto. Em seguida, foi informada da morte de Joana. Segundo a avó, ela tinha acompanhamento médico mensal.

Outro lado

Alvos de críticas da família de Joana de Almeida, os quatro hospitais pelos quais ela passou dizem ter prestado o atendimento necessário.

O hospital federal do Andaraí informou que Joana já chegara à unidade com complicações pulmonares. Na mesa de parto, sofreu uma parada cardíaca. "O ato de comprimir o ventre da paciente é uma manobra obstetrícia", disse o diretor Dázio Simões, para quem não era preciso fazer cesariana

A Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias afirmou que "ela foi atendida no Hospital Maternidade de Xerém (...) sem dilatação indicando estado iminente de parto".

No hospital municipal Duque de Caxias, "foi a família quem não quis que a jovem ficasse".

A prefeitura abriu sindicância para apurar o caso e registrou ocorrência. O Ministério da Saúde também vai abrir sindicância. O Pró-Matre afirma que Joana foi "medicada e depois liberada".

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