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07/02/2007 - 22h11

Calouro tem princípio de coma alcoólico após trote em Ribeirão

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GUILHERME CAMPOS
da Folha Ribeirão

O calouro universitário Frederico Além Alves, 18, teve um princípio de coma alcoólico após ser alvo de trote na noite de segunda-feira (5), em Ribeirão Preto (314 km a norte de São Paulo). Ele teria sido supostamente forçado a beber pinga pelos veteranos do curso de administração de empresas da Unaerp (Universidade de Ribeirão Preto).

Foram necessárias quatro horas de internação no Hospital São Lucas até que o rapaz melhorasse e tivesse alta. A ocorrência não foi registrada na polícia. De acordo com a mãe do calouro, Zuleica Além, ele foi levado pelos estudantes veteranos para a avenida Nove de Julho, uma das principais de Ribeirão, onde bebeu, segundo ela, coagido pelo fato de os veteranos estarem em um grande número. "Ele chegou em casa vomitando. Fomos direto para o hospital, onde precisou tomar glicose. Foi a hidratação que permitiu que ele não entrasse em coma alcoólico."

No dia seguinte, o jovem teve que cancelar exame para tirar carteira de habilitação por não ter condições em razão do problema da noite anterior. De acordo com a Polícia Civil, forçar o consumo de álcool a ponto de colocar em risco a saúde das pessoas pode ser considerado crime de constrangimento ilegal e até tentativa de homicídio, dependendo do caso.

A Unaerp informou, por meio de nota oficial, que desde 1992 proibiu qualquer tipo de trote no campus. Desde então, a universidade disse que "toma medidas acadêmicas para garantir uma recepção aos calouros segura, tranqüila e sem nenhum incidente." Além disso, informou que o incidente com Alves ocorreu longe da instituição, em área onde a universidade não tem autoridade ou meios para interferir.

A Unaerp poderá tomar medidas de ordem disciplinar em relação aos estudantes envolvidos, caso haja solicitação do próprio aluno ou de seus familiares. Coordenadores e diretores estiveram em contato com a mãe do aluno na manhã de ontem, mas ela teria dito que não tem interesse em solicitar a abertura de investigação.

De acordo com especialista em psicologia criminal da USP (Universidade de São Paulo), Maria Rezende Bazon, o jovem foi vítima de um processo de violência e humilhação. "É mais um exemplo de uma dinâmica social que passa pelo nosso cotidiano. É um exemplo da sobreposição de pequenos poderes, em que os veteranos oprimem os calouros", disse.

Ela aponta como solução a mobilização institucional, o que englobaria, não só a universidade, como a famílias, Estado e a rede de educação básica. "Tem que mudar o sistema de trote. É necessário propor trotes ligados à cidadania em vez de humilhar as pessoas", disse.

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