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11/02/2007
-
09h13
DANIELA TÓFOLI
FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo
Apesar de o câncer mais freqüente no Brasil ser o da pele, o país não utiliza em estratégias de saúde pública o índice ultravioleta (IUV), desenvolvido e validado há mais de dez anos pela Organização Mundial da Saúde em parceria com outras agências como uma estratégia de prevenção à doença.
O índice calcula, em uma escala de 0 a 14, a quantidade de radiação solar que chega à Terra e indica o quanto é necessário se proteger do sol em atividades ao ar livre e que tipo de proteção deve ser adotada.
Pequenas quantidades de radiação UV são benéficas e essenciais na síntese da vitamina D, mas o perigo é o excesso, que pode levar ao câncer da pele.
Quanto maior o índice, maior a necessidade de sair do sol e se proteger com bastante filtro solar, óculos com proteção especial contra os raios ultravioleta, chapéus, camisetas e guarda-sóis bem escuros --os brancos pouco protegem.
Em um dia em que o índice for três, por exemplo, quem precisar sair por volta das 12h, mesmo que por apenas dez minutos, deve passar protetor solar e usar chapéu e guarda-chuva ao caminhar, recomendam os dermatologistas. Se o índice passar de sete, o ideal é evitar a exposição ao sol.
"Lamento que a informação não chegue de maneira mais agressiva à população. Tentamos inserir em políticas públicas, mas são feitas apenas campanhas temporárias. Não entendo por que prefeituras, hospitais não utilizam. Talvez porque trabalhem mais com o fato consumado que com prevenção", diz Luiz Francisco Maia, coordenador do Laboratório de Estudos em Poluição do Ar (Lepa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que divulga o índice na internet em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Regina Maura de Miranda, pesquisadora do Cptec, outro órgão que mede raios ultravioleta e os coloca na internet, também faz críticas. "As informações estão lá, mas ainda é preciso mais divulgação."
"É preciso que a população seja informada dos riscos. Estão cada vez maiores", alerta o ambientalista Fábio Feldman, que em 93, como deputado federal, apresentou projeto para obrigar a divulgação do índice --a proposta foi arquivada.
Desde 1987, países como a Nova Zelândia fazem campanhas utilizando o índice. No continente americano, o Canadá foi um dos primeiros, seguindo recomendação feita durante a Eco-92.
O Brasil tem registrado 160 mil novos casos de câncer da pele por ano, e mil mortes anuais. O Inca (Instituto Nacional de Câncer), responsável pelas políticas de prevenção ao câncer no país, diz que há ações mais importantes do que o uso do IUV. "É mais importante ensinar à população como evitar os perigos do sol de maneira geral que divulgar o índice de radiação", diz Carlos Eduardo Alves dos Santos, chefe da seção de dermatologia do Inca. "No dia-a-dia, é mais útil mostrar as formas corretas de prevenção."
O ideal, afirma Santos, é que, independentemente do índice, a população lembre sempre de sair de casa protegida. "Mesmo antes das 10h ou após as 16h, quando a radiação ultravioleta está mais fraca, é necessário se proteger."
Josilene Ferrer, coordenadora do Grupo Técnico de Questões Globais da Assessoria de Planejamento Estratégica da Cetesb (agência ambiental do Estado de São Paulo), diz que o órgão conta principalmente com os meios de comunicação para divulgar o índice no Estado. "Campanhas não estão previstas, mas o secretário novo [do Meio Ambiente, Francisco Graziano] está chegando, vamos ver."
Regiões do país
Estudo da UFRJ indica que as regiões Norte e Nordeste são as que apresentam radiação ultravioleta mais elevada no verão e ainda preocupante no inverno. Nas outras regiões do país, foram registrados níveis seguros no inverno.
Outro levantamento feito apenas na região Sul mostrou que Porto Alegre, por exemplo, chega a registrar, no verão, índice acima de 11, um nível extremo.
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FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo
Apesar de o câncer mais freqüente no Brasil ser o da pele, o país não utiliza em estratégias de saúde pública o índice ultravioleta (IUV), desenvolvido e validado há mais de dez anos pela Organização Mundial da Saúde em parceria com outras agências como uma estratégia de prevenção à doença.
O índice calcula, em uma escala de 0 a 14, a quantidade de radiação solar que chega à Terra e indica o quanto é necessário se proteger do sol em atividades ao ar livre e que tipo de proteção deve ser adotada.
Pequenas quantidades de radiação UV são benéficas e essenciais na síntese da vitamina D, mas o perigo é o excesso, que pode levar ao câncer da pele.
Quanto maior o índice, maior a necessidade de sair do sol e se proteger com bastante filtro solar, óculos com proteção especial contra os raios ultravioleta, chapéus, camisetas e guarda-sóis bem escuros --os brancos pouco protegem.
Em um dia em que o índice for três, por exemplo, quem precisar sair por volta das 12h, mesmo que por apenas dez minutos, deve passar protetor solar e usar chapéu e guarda-chuva ao caminhar, recomendam os dermatologistas. Se o índice passar de sete, o ideal é evitar a exposição ao sol.
"Lamento que a informação não chegue de maneira mais agressiva à população. Tentamos inserir em políticas públicas, mas são feitas apenas campanhas temporárias. Não entendo por que prefeituras, hospitais não utilizam. Talvez porque trabalhem mais com o fato consumado que com prevenção", diz Luiz Francisco Maia, coordenador do Laboratório de Estudos em Poluição do Ar (Lepa), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que divulga o índice na internet em parceria com a Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Regina Maura de Miranda, pesquisadora do Cptec, outro órgão que mede raios ultravioleta e os coloca na internet, também faz críticas. "As informações estão lá, mas ainda é preciso mais divulgação."
"É preciso que a população seja informada dos riscos. Estão cada vez maiores", alerta o ambientalista Fábio Feldman, que em 93, como deputado federal, apresentou projeto para obrigar a divulgação do índice --a proposta foi arquivada.
Desde 1987, países como a Nova Zelândia fazem campanhas utilizando o índice. No continente americano, o Canadá foi um dos primeiros, seguindo recomendação feita durante a Eco-92.
O Brasil tem registrado 160 mil novos casos de câncer da pele por ano, e mil mortes anuais. O Inca (Instituto Nacional de Câncer), responsável pelas políticas de prevenção ao câncer no país, diz que há ações mais importantes do que o uso do IUV. "É mais importante ensinar à população como evitar os perigos do sol de maneira geral que divulgar o índice de radiação", diz Carlos Eduardo Alves dos Santos, chefe da seção de dermatologia do Inca. "No dia-a-dia, é mais útil mostrar as formas corretas de prevenção."
O ideal, afirma Santos, é que, independentemente do índice, a população lembre sempre de sair de casa protegida. "Mesmo antes das 10h ou após as 16h, quando a radiação ultravioleta está mais fraca, é necessário se proteger."
Josilene Ferrer, coordenadora do Grupo Técnico de Questões Globais da Assessoria de Planejamento Estratégica da Cetesb (agência ambiental do Estado de São Paulo), diz que o órgão conta principalmente com os meios de comunicação para divulgar o índice no Estado. "Campanhas não estão previstas, mas o secretário novo [do Meio Ambiente, Francisco Graziano] está chegando, vamos ver."
Regiões do país
Estudo da UFRJ indica que as regiões Norte e Nordeste são as que apresentam radiação ultravioleta mais elevada no verão e ainda preocupante no inverno. Nas outras regiões do país, foram registrados níveis seguros no inverno.
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