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14/02/2007 - 10h21

Primeira escola de samba de São Paulo completa 70 anos

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MARIANA LAJOLO
da Folha de S.Paulo

O ritual se repetia dia a dia no cruzamento localizado no fim da rua. Para atravessar para o "lado nobre" da cidade, negros e visitantes lavavam os pés em um riacho que corria no local. Foi na simbólica paisagem que Deolinda Madre se inspirou para batizar uma criação, em 1937, que a tornaria um marco na história de São Paulo.

Pelas mãos de Madrinha Eunice, como era conhecida, os paulistanos ganharam sua mais antiga escola de samba em atividade: a Lavapés, que neste Carnaval comemora 70 anos.

O fato de ser mulher e se envolver com o samba já era avançado demais para a época. Ela ainda era negra e pobre.

"Ela é um marco na história do samba de resistência. Se tornou um dos cinco baluartes do samba paulista", diz Edléia Santos, presidente da União das Escolas de Samba Paulistanas, responsável pelas agremiações que não são dos Grupos Especial e de Acesso.

Hoje, a Lavapés está bem longe das irmãs Vai-Vai, Peruche e tantas outras que nasceram na esteira de sua criação.

Desfila no Grupo 3. Mas tem a meta de, em poucos anos, voltar à elite que ocupou até o fim dos anos 60 --soma 19 títulos.

Em 95, Madrinha Eunice morreu, aos 87. Passou o estandarte para Rosimeire Marcondes de Moraes, 39, sua neta, que sabe de cor a história da avó. E mistura admiração e tristeza pelos rumos da Lavapés.

"Chegaram escolas novas, o Carnaval evoluiu, mas ela não queria se modernizar", conta.

"Muita gente saiu e fundou outras escolas. Meu avô [Francisco Papa, o Chico Pinga, fundador da Lavapés] mandou ela escolher entre ele e o samba. Adivinha a resposta?"

Os primeiros desfiles da escola não juntavam mais de 30 integrantes. Homens tinham de se vestir de baianas. Hoje, reúnem 500 foliões. A fantasia é gratuita. Quem chegar animado segue o enredo na avenida Alvinópolis (zona leste), no domingo, às 23h40.

Sem quadra há três anos, a Lavapés ensaia na baixada do Glicério. As batucadas são acompanhadas por entusiastas, membros da comunidade, pedestres e moradores de rua. A casa de Rose serve de barracão.

De subvenção do Carnaval, a Lavapés recebe R$ 30 mil, mas sua presidente calcula que precisa do dobro para ir à avenida.

Com cofres vazios, no primeiro ano sem Madrinha Eunice, Rose fez camisas estampadas com o rosto da avó e uma de suas frases: "A Lavapés teve começo, mas nunca terá fim".

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