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18/02/2007 - 06h37

Sambódromo paulistano põe fim ao mito do Carnaval democrático

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DIÓGENES MUNIZ
da Folha Online

O senso comum de que o Carnaval é uma festa democrática, ao menos no espaço do Anhembi, é uma farsa. Basta comparar o lado direito (em que está a maior concentração de camarotes de marcas) com o esquerdo (que tem o maior trecho de arquibancada) do sambódromo, onde acontecem os desfiles paulistanos. Mistura de "camadas", se existe, está somente na pista.

Diógenes Muniz/Folha Imagem
Camarotes do Anhembi possuem telões que transmitem tudo que acontece no desfile
Camarotes do Anhembi possuem telões que transmitem tudo que acontece no desfile
De um lado serve-se uísque, energético, sorvete importado, pizzas e frutas variadas. Tudo à vontade para quem consegue entrar nas áreas privilegiadas --pagando ou de graça, na posição de "famoso". Na outra borda, a das arquibancadas, há isopor com três opções: "breja (R$ 4), "refri" (R$ 3,50) e água (R$ 2,50), nas palavras do vendedor.

Uns se acomodam em cadeiras almofadadas e puffs. Podem assistir ao desfile em televisores com "wide screen", mesmo tendo a festa a alguns metros de distância. O ambiente é arejado por ventiladores que espirram água. Outros ficam no escadão de concreto, com frescor garantido por gotas de cerveja (ou pior, imagine) que despencam dos pisos superiores. No lado popular também sobram chuvas de serpentina e confete, brinquedos obrigatórios em dias de Carnaval --não na parte mais abastada, onde é tudo coberto.

No quesito proximidade da pista, o camarote ganha --naturalmente--, e na categoria animação, a arquibancada ganha --naturalmente. A única exceção é a parte superior das arquibancadas, onde a visão mistura uma amplitude de TV com a proximidade de quem está sambando lá dentro. É de arrepiar.

Público

Diógenes Muniz/Folha Imagem
Homem observa, de dentro de camarote, a empolgação das arquibancadas do Anhembi
Homem observa, de dentro de camarote, a empolgação das arquibancadas do Anhembi
O figurino nos dois lados é a marca mais clara de que as festas não se misturam. Nos camarotes, todo mundo está vestido da mesma cor. As camisas são laranjas da Brahma, brancas da revista "Caras" ou azuis da Prefeitura de São Paulo. Na arquibancada, os tons das diferentes torcidas se espalham --Rosas de Ouro vem de azul e rosa, Mocidade Alegre pula vermelho e verde, Império da Casa Verde sacode com azul e dourado, e assim por diante.

Outro traço marcante no lado vip é a presença de fotógrafos e cinegrafistas, ávidos por "celebridades". Sirvam-se: Luisa Mell, Mulher Samambaia, Núbia Oliver, Solange ("Iarnuou iarni silver"), Max Fivelinha, ex-loira do Tchan, ex-morena do Tchan, ex-Ronaldinha, Olivier Anquier, Lucimara Parisi, Latino...

Na outra extremidade do sambódromo tem a dona Glaucia e o seu Élbio Laranjal, ambos com 60 anos. Eles vêm com chapeuzinho de praia, almofada de descanso apertada contra o peito e análises técnicas de quem conhece tudo isso "de outros Carnavais". "Os desfiles de São Paulo estão chegando nos do Rio", analisa ela.

Diógenes Muniz/Folha Imagem
Quem não entrou no Anhembi fica na grade vendo a dispersão
Quem não entrou no Anhembi fica na grade vendo a dispersão
Na mesma arquibancada também está o casal de namorados que se protege do sereno com um pedaço de plástico vermelho --e alguns amassos. Luis Antonio, 20, fala sobre a estréia do casal na comemoração: "É inacreditável, nada a ver com passa na TV". Mas no camarote deve ser melhor, não? "Não queria estar lá. Você acha que eles sentem a bateria como a gente sente aqui?", questiona, apontando para o povo pulando.

A arquibancada custa R$ 40. Os camarotes especiais saem por até R$ 32 mil e comportam 25 pessoas. No caso dos espaços reservados para prefeitura, para a Liga das Escolas de Samba e para as marcas, a influência também é moeda de troca.

Ah, há ainda o "gargarejo da marginal". Trata-se de uma grade que separa a marginal Tietê da dispersão do Anhembi. Esse é de graça.

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