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19/02/2007
-
20h55
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Nazaré da Mata (PE)
As mulheres quebraram um tabu do Carnaval pernambucano nesta segunda-feira, ao desfilar em um maracatu rural completo, sem a participação de homens.
O feito aconteceu em Nazaré da Mata (a 68 km de Recife, PE), berço da manifestação, nascida no século 19 entre os trabalhadores rurais da região canavieira.
Até o surgimento do novo grupo, o Coração Nazareno, as mulheres tinham lugar apenas em postos de menor destaque, como as damas-de-buquê. Até mesmo na ala das baianas eram obrigadas a disputar espaço com os homens. Poucas conseguiam vagas em outros setores.
Nesta segunda, as 52 mulheres do Coração Nazareno participaram do Encontro dos Maracatus Rurais, maior evento do tipo em Pernambuco, realizado somente durante o Carnaval.
O grupo, com integrantes de 6 a 50 anos, foi o segundo a desfilar, atrás apenas de uma agremiação infantil. Cerca de 25 maracatus desfilaram na festa.
"Mostramos que é possível fazer cultura sem discriminação e sem ferir as tradições", disse a coordenadora do maracatu feminino, Eliane Rodrigues. "Os homens achavam que nós não suportaríamos, mas superamos todas as dificuldades."
Um dos maiores desafios, afirmou, foi reduzir o peso das fantasias, sem descaracterizá-las. Alguns acessórios, com os dos caboclos de lança, que representam os guerreiros do maracatu, pesam até 30 quilos.
"Fizemos adaptações, como reduzir a espessura do "surrão' [madeira presa às costas, sob o manto colorido, onde são pendurados sinos de metal]", contou a coordenadora. "Conseguimos diminuir para 18 kg."
A cor rosa predomina na agremiação. Está presente no estandarte, nas roupas e até nas perucas coloridas das integrantes --a maioria adolescentes da periferia.
A estrutura do maracatu, porém, não foi modificada. A correria barulhenta das caboclas e a música frenética da pequena orquestra continuam.
Para o coordenador do Cambinda Brasileira, uma das mais tradicionais e antigas agremiações do Estado, José Manoel da Silva, 53, a novidade é bem-vinda. "Elas têm direito, desde que não mudem a cultura", disse. Silva é caboclo de lança há 35 anos. O Cambinda tem 180 integrantes e foi fundado em 1918.
Em Pernambuco, existem dois tipos de maracatu, o rural e o nação, que não têm as mesmas raízes. O rural nasceu da fusão de folguedos populares, como o bumba-meu-boi e o cavalo-marinho. O nação se originou nos cortejos dos reis africanos.
Os dois maracatus também diferem no ritmo e tipo de instrumentos que usam. O rural é acelerado, marcado pelo som do tarol [caixa de repique] e solos de trombone. O nação usa os tambores como base. É mais compassado e dançante. Sua batida ficou conhecida em todo o Brasil nas músicas do cantor Chico Science, morto em 1997.
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Mulheres quebram tabu e desfilam maracatu rural sem a participação de homens
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da Agência Folha, em Nazaré da Mata (PE)
As mulheres quebraram um tabu do Carnaval pernambucano nesta segunda-feira, ao desfilar em um maracatu rural completo, sem a participação de homens.
O feito aconteceu em Nazaré da Mata (a 68 km de Recife, PE), berço da manifestação, nascida no século 19 entre os trabalhadores rurais da região canavieira.
Até o surgimento do novo grupo, o Coração Nazareno, as mulheres tinham lugar apenas em postos de menor destaque, como as damas-de-buquê. Até mesmo na ala das baianas eram obrigadas a disputar espaço com os homens. Poucas conseguiam vagas em outros setores.
Nesta segunda, as 52 mulheres do Coração Nazareno participaram do Encontro dos Maracatus Rurais, maior evento do tipo em Pernambuco, realizado somente durante o Carnaval.
O grupo, com integrantes de 6 a 50 anos, foi o segundo a desfilar, atrás apenas de uma agremiação infantil. Cerca de 25 maracatus desfilaram na festa.
"Mostramos que é possível fazer cultura sem discriminação e sem ferir as tradições", disse a coordenadora do maracatu feminino, Eliane Rodrigues. "Os homens achavam que nós não suportaríamos, mas superamos todas as dificuldades."
Um dos maiores desafios, afirmou, foi reduzir o peso das fantasias, sem descaracterizá-las. Alguns acessórios, com os dos caboclos de lança, que representam os guerreiros do maracatu, pesam até 30 quilos.
"Fizemos adaptações, como reduzir a espessura do "surrão' [madeira presa às costas, sob o manto colorido, onde são pendurados sinos de metal]", contou a coordenadora. "Conseguimos diminuir para 18 kg."
A cor rosa predomina na agremiação. Está presente no estandarte, nas roupas e até nas perucas coloridas das integrantes --a maioria adolescentes da periferia.
A estrutura do maracatu, porém, não foi modificada. A correria barulhenta das caboclas e a música frenética da pequena orquestra continuam.
Para o coordenador do Cambinda Brasileira, uma das mais tradicionais e antigas agremiações do Estado, José Manoel da Silva, 53, a novidade é bem-vinda. "Elas têm direito, desde que não mudem a cultura", disse. Silva é caboclo de lança há 35 anos. O Cambinda tem 180 integrantes e foi fundado em 1918.
Em Pernambuco, existem dois tipos de maracatu, o rural e o nação, que não têm as mesmas raízes. O rural nasceu da fusão de folguedos populares, como o bumba-meu-boi e o cavalo-marinho. O nação se originou nos cortejos dos reis africanos.
Os dois maracatus também diferem no ritmo e tipo de instrumentos que usam. O rural é acelerado, marcado pelo som do tarol [caixa de repique] e solos de trombone. O nação usa os tambores como base. É mais compassado e dançante. Sua batida ficou conhecida em todo o Brasil nas músicas do cantor Chico Science, morto em 1997.
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