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02/03/2007 - 10h16

Só milagre fará Priscila andar, diz pai da adolescente baleada

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PAULO SAMPAIO
FABIANE LEITE
da Folha de S.Paulo

"Só um milagre" pode fazer a menina Priscila Aprígio da Silva, 13, baleada no tiroteio de Moema, voltar a andar. Quem diz é o pai da jovem, o sapateiro desempregado Isaias Joaquim da Silva --mas a afirmação não era confirmada ontem pelos médicos do hospital Alvorada, onde ela está internada em coma induzido. A menina foi baleada em tiroteio ocorrido após assalto à agência do Banco Itaú na avenida Ibirapuera, em Moema (zona sul de São Paulo).

"Tenho muita fé em Deus", diz a mãe da menina, a doméstica Maria de Fátima Aprígio, 47, que trabalha em uma casa de família na Vila Mariana (zona sul). "Eu apelo para que as pessoas tenham mais amor, senão pelas suas vidas, pela dos outros. Esses bandidos não podem pegar uma arma e ficar atirando nas pessoas como se fossem cachorros."

Vizinho e "tio por consideração" de Priscila, o eletricista desempregado Edmilson Ferreira da Silva, 44, conta que Fátima recebeu a notícia do tiro da única filha mulher a sangue frio.

"Ela deu um grito e eu corri para ver o que tinha acontecido. A Fátima ficou muito agoniada, porque o celular da Priscila estava fora do ar. Queria fazer alguma coisa pela filha, mas se fosse até lá de ônibus, levaria no mínimo uma hora e meia, chegaria muito tarde", conta.

Na casa de cinco cômodos onde a família mora, no Jardim das Flores, ao lado do Embu das Artes, a sala de cerca de seis metros quadrados está cheia de crianças amontoadas em frente à TV, a espera da entrevista de Maria de Fátima Aprígio."É ela, é ela!", grita um dos meninos.

Jefferson, 16, um dos três irmãos dela, conta que Priscila vai uma vez por mês à dentista, para manutenção do aparelho de dentes, e que a consulta de ontem havia sido adiada. "Era para ela ter ido em janeiro", conta o jovem.

Jefferson diz que há mais outros dois irmãos do primeiro casamento do pai.Eles se chamam Leandro e Leonardo, tem 27 e 29 anos, e a foto deles ainda crianças, tocando violões de brinquedo, está na parede da sala.

Única menina, Priscila é chamada pela mãe de "minha princesa". "Eu não tinha medo. Sempre que ela saía eu entregava nas mãos de Deus", diz Fátima, devota da igreja adventista.

Os vizinhos definem Priscila como uma menina agitada, alegre. "Ela é muito vaidosa", conta a amiga Daiane, 14, com quem Priscila esteve recentemente em uma loja de fotografias no shopping Novo Campo Limpo e posou maquiada.

"Eles ofereciam a foto de graça, mas a segunda a gente tinha de pagar. A Priscila queria fazer o book, mas era muito caro, R$ 600", conta.

"Ih, ela é louca por samba", diz outra amiga, a vizinha Alexandra, 14. Segundo ela, foi em uma festa há cerca de dois meses que ela conheceu o namorado, o funileiro Jefferson Maciel, 21.

"Quando soube do tiro, achei que tinham tentado levar o celular bonito dela", conta Jefferson. Ontem, ele foi à cidade (centro de São Paulo) para dar uma força a um tio que teve a moto roubada.

"É uma bomba atrás da outra", comenta o funileiro Ronildo de Souza, irmão do dono da moto e dono da oficina onde Jefferson trabalha.

Ele é o segundo namorado de Priscila. De acordo com uma amiga que prefere não se identificar, o primeiro também era mais velho. Tinha 20 anos. A amiga diz que Priscila gosta mais de homens experientes.

Os amigos dizem que pretendem fazer uma festa quando Priscila sair do hospital. "Vamos encomendar uma faixa para pendurar aqui na fachada da casa", diz Doralice Machado, 33, "tia por consideração".

Doralice, ou Dorinha, conta que Priscila é do tipo "comilona, mas só gosta de besteira". "Ela é viciada em Coca-Cola e salgadinho. E adora queijo e suco de uva", conta.

Rosemeire de Oliveira diz que a região "é simples, mas sossegada". Agora, você vê: a gente mora nos cafundó do Judas, e a menina vai morrer lá no bairro dos bacanas", diz.

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