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08/03/2007 - 09h52

Para reitora da USP, é preciso manter busca por igualdade

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DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo

Primeira reitora da USP (Universidade de São Paulo), Suely Vilela, 52, não acha que mulheres devam querer se igualar aos homens. Para ela, o importante é a igualdade de oportunidade entre os dois gêneros. Nessa entrevista à Folha, ela analisa a luta pelos direitos da mulher nos últimos 150 anos e fala sobre o preconceito. Ela também diz que a intuição é um atributo do gênero feminino importante nas posições de liderança.

Folha - Como a senhora vê a chegada das mulheres ao poder 150 anos após a resistência feminina nos Estados Unidos?
Suely Vilela - Após o 8 de março de 1857 (...) várias batalhas foram travadas e, como resultado, muitas conquistas se sucederam. Aqui no Brasil, por exemplo, oito anos depois desse marco, as mulheres tinham autorização do governo para estudar e, mais tarde, em 1932, garantia-se às mulheres o direito ao voto. Vejo, portanto, a chegada no poder como conseqüência natural da luta empreendida pelas mulheres nesses 150 anos. No entanto, apesar da chegada ao poder, na presidência, no governo e na direção das universidades, há, ainda, necessidade de manter, permanentemente, a determinação pela busca de igualdade de oportunidades em todos os níveis.

Folha - Ainda há preconceito em relação às mulheres com poder?
Vilela - Em algumas áreas, ainda são muitas as dificuldades. Posso citar vários exemplos. O mais recente é o da historiadora Drew Gilpin Faust, indicada como dirigente da Universidade de Harvard, uma das mais conservadoras entre as instituições americanas. Um dos depoimentos, expresso por autor de livro sobre a universidade, é de dúvida a respeito das qualificações da professora Faust para dirigir uma instituição do porte de Harvard. Segundo ele, a escolha foi efetuada não pela capacidade da professora, mas com o objetivo de curar as feridas deixadas pelo polêmico reitor anterior, Summers, cuja declaração a respeito da inferioridade das mulheres lhe valeu a destituição do cargo. (...) Afirma também o autor que o fato sugere a dificuldade que a universidade sente de preencher a posição. Ou seja, desqualifica completamente a mulher no poder, antes mesmo de ela assumir a posição, o que ocorrerá em julho.

Folha - Uma mulher no poder é diferente de um homem no poder
Vilela - Diz-se que o mundo de hoje tem vários desafios e anseia por um olhar mais feminino, baseado nos valores desse gênero, dos quais se destacam a sensibilidade e a criatividade, a flexibilidade e a emotividade, além da capacidade de incentivar os trabalhos em equipes. Isso não quer dizer que os homens sejam desprovidos dessa visão, mas, sem dúvida, a intuição, que permeia esses valores, é um atributo mais ligado às mulheres e é importante nas posições de liderança.

Folha - O que é mais difícil em ser uma mulher bem-sucedida?
Vilela - O mais difícil é corresponder às expectativas, em geral, e as suas próprias. O sucesso implica enfrentar novos desafios e o comprometimento de se superar sempre.

Folha - O poder é compatível com a feminilidade?
Vilela - A feminilidade é o modo de ser, pensar ou viver próprio da mulher. Dessa forma, não podemos abrir mão desse atributo quando estamos no poder. Não podemos negar que homens e mulheres são diferentes e não acredito que devamos nos igualar aos homens. Acredito, sim, na igualdade de oportunidade entre os dois gêneros. Não vejo, pois, contradição alguma entre o poder e a feminilidade.

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