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29/03/2007 - 08h45

Queda de Boeing da Gol completa seis meses sem respostas

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da Folha Online

Há exatamente seis meses, um jato Legacy que realizava seu primeiro vôo bateu em um Boeing 737/800 da Gol em pleno vôo. O jato conseguiu pousar na base da Aeronáutica na serra do Cachimbo (PA), e os sete ocupantes não sofreram ferimentos. Os 154 ocupantes do Boeing --que fazia o vôo 1907-- caíram na selva, no lado mato-grossense da divisa, e morreram, transformando a colisão no maior acidente aéreo do país.

O vôo saiu de Manaus em 29 de setembro, com destino ao Rio e escala em Brasília.

Nesta quinta-feira, na catedral de Brasília, parentes das vítimas realizam uma missa em homenagem aos mortos, organizada pela associação formada pelos parentes depois do acidentes. "Nossos parentes, é claro, não vão voltar. Queremos só que os culpados sejam punidos", diz Jorge André Cavalcante, que preside a associação.

A principal queixa dos parentes das vítimas é em relação à falta de informações das autoridades que investigam o caso. As investigações da Polícia Federal começaram dias depois da queda, antes mesmo de a Justiça definir se o inquérito caberia à PF ou à Polícia Civil.

Em janeiro, o STJ (Superior Tribunal de Justiça), decidiu pelo sigilo das investigações, mas segundo Cavalcante, o Ministério Público já deu um parecer a favor da divulgação das informações. "Eles não nos passam nada, mas deram informações para a defesa dos americanos", afirma Cavalcante.

Indiciamento

Os americanos são Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, piloto e co-piloto do Legacy --da empresa de táxi aéreo americana ExcelAire--, indiciados por expor a aeronave que pilotavam a perigo. As investigações da Aeronáutica indicaram que o transponder, o TCAS (sistema anti-colisão) e o rádio do Legacy estavam em perfeito estado, mas inoperantes --o motivo é investigado. O transponder aciona o TCAS, que avisa os pilotos, visual e sonoramente, em caso de aproximação perigosa de qualquer objeto.

Antes do indiciamento, eles tiveram os passaportes retidos e não puderam deixar o país por cerca de dois meses. O repórter do jornal americano "The New York Times", Joe Sharkey, que também estava no Legacy, disse que estranhou a "detenção dos americanos" e elogiou os pilotos.

"Tudo o que pude ver e tudo o que eu sabia era que parte da asa não existia mais. Surpreendentemente, ninguém entrou em pânico. Os pilotos começaram calmamente a procurar o aeroporto mais próximo em seus mapas e controles", disse dias depois da colisão.

Ao contrário do jornalista, que elogiou a atuação dos pilotos, as investigações da PF apontaram para falhas tanto dos pilotos quanto dos controladores de tráfego aéreo. Na época, o delegado Renato Sayão disse que o acidente ocorreu devido a vários "vetores causais". Já o Ministério Público Militar isentou os controladores de culpa pelo acidente.

Crise aérea

Após o acidente, uma série de fatores levou a uma crise aérea no país. No final do ano passado, o setor enfrentou seqüências de atrasos e cancelamentos de vôos.

Inicialmente, os problemas foram causados pela operação-padrão dos controladores de tráfego aéreo, que restabeleceram à força parâmetros internacionais de segurança. O Cindacta-1 sofreu com a falta de controladores, devido ao afastamento de alguns para as investigações sobre a queda do Boeing da Gol, ocorrido em setembro.

Depois, falhas em equipamentos também contribuíram para aumentar a espera nos aeroportos.

Neste mês, o mau tempo em São Paulo --que interrompeu as operações em Congonhas (zona sul)-- e até um cachorro na pista do aeroporto, no dia seguinte, desencadearam um novo apagão aéreo, que afetou outros aeroportos no país. O dia 19 foi o dia mais difícil para os passageiros. Na ocasião, 29% dos vôos atrasaram, ao longo do dia.

A partir do dia 25, o nevoeiro interrompeu as operações no aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos (região metropolitana), por três dias seguidos. O problema foi causado pelo não-funcionamento de um equipamento que auxilia as operações em ocasiões de baixa visibilidade (ILS). Atingido por um raio em 25 de fevereiro, o equipamento foi consertado, mas demorou para ser liberado.

O ministro da Defesa, Waldir Pires, determinou à Infraero a abertura de uma sindicância para apurar a demora no conserto e na liberação do equipamento. Pires ameaça punir com a demissão os responsáveis pelos atrasos.

Manaus

No mesmo dia em que o acidente com o avião da Gol completa seis meses, passageiros enfrentam problemas no aeroporto internacional Eduardo Gomes, em Manaus (AM). A Infraero (estatal que administra os aeroportos) afirma que as operações foram prejudicadas por um procedimento adotado pelos controladores de tráfego aéreo do Cindacta-4 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) --sem informar o motivo do procedimento.

A Aeronáutica, por meio do setor de Comunicação Social, negou que tenha ocorrido a chamada "greve branca" ou operação-padrão por parte dos controladores. Afirmou que, devido ao grande volume de tráfego aéreo na região, os profissionais foram obrigados a adotar o chamado controle de fluxo --com maior espaçamento entre os aviões. Ao menos seis vôos ficaram sem autorização para decolar, o que causou atrasos de até seis horas.

Com RENATO SANTIAGO da Folha Online e LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online

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