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30/03/2007
-
14h19
da Folha Online
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo divulgou nesta sexta-feira um manifesto em nome dos controladores de tráfego aéreo brasileiros. O documento não está assinado mas, nele, há ameaças de que a categoria promova um auto-aquartelamento e greves de fome para pressionar o governo a fazer melhorias no setor.
"Devido à desesperança que abateu-se sobre os profissionais de tráfego aéreo, a partir do dia 30 de março [esta sexta-feira], os controladores de tráfego aéreo do Brasil irão se auto-aquartelar [sic] e iniciar greve de fome até que o governo atenda as nossas reivindicações", afirma o manifesto.
Pelo documento, a principal reivindicação é o "fim das perseguições e retorno imediato dos representantes de associações e supervisores afastados de suas funções de origem".
O argumento seria uma referência, principalmente, à situação de um dos maiores líderes nacionais da categoria, o sargento Edleuzo Souza Cavalcanti, transferido recentemente do Cindacta-1, em Brasília (DF), onde as manifestações dos controladores têm se concentrado, desde o começo da crise, para um destacamento em Santa Maria (RS).
Cavalcanti afirma que sua transferência é uma retaliação. A Aeronáutica diz foi um "ato administrativo por necessidade de serviço".
"Estamos trabalhando com os fuzis apontados para nós, vários representantes de associações legais estão sendo perseguidos, com afastamentos e transferências arbitrárias. A represália do alto escalão militar contra os sargentos controladores tem gerado tamanha insatisfação que não suportaremos calados em meio a tamanha injustiça e impunidade aos verdadeiros responsáveis pelo caos. Clamamos por mudanças", afirma o manifesto.
Há outras quatro reivindicações no manifesto anônimo. São elas a criação emergencial de uma gratificação para os controladores de tráfego aéreo; o início da desmilitarização; e a nomeação de uma comissão com representantes do Poder Executivo e dos controladores para "acompanhar as mudanças no tráfego aéreo nacional".
"Sempre reportamos as deficiências do sistema, mas nunca deram a devida atenção."
Protesto
Para José Ulisses Fontenele, ex-controlador e ex-presidente da associação da categoria, o protesto atinge, nesta sexta, controladores de Brasília, de Manaus, de Salvador e do Rio. Ele diz que o movimento pode prejudicar as operações no fim de semana, principalmente no domingo, devido à falta da troca de turno dos profissionais.
Ainda segundo Fontenele, controladores de tráfego aéreo civis devem se reunir no Rio, na próxima semana, também para avaliar uma greve. Caso a paralisação seja confirmada, atingiria 40% dos profissionais que atuam no Rio.
Crise
Desde o final do ano passado, passageiros enfrentam constantes atrasos e cancelamentos de vôos.
Inicialmente, os problemas foram causados pela operação-padrão dos controladores, que restabeleceram à força parâmetros internacionais de segurança. O Cindacta-1, de Brasília, sofria com a falta de controladores, pois alguns tinham sido afastados pelas investigações sobre a queda do Boeing da Gol, ocorrida em setembro.
Depois, falhas em equipamentos passaram a contribuir para aumentar a espera nos aeroportos.
Desde o começo deste mês, o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), um dos maiores do país, pára sempre que chove forte, pois sua pista auxiliar está fechada para reformas e a principal tem graves problemas de escoamento. Em uma ocasião, um cão atrapalhou as operações ao invadir a pista do aeroporto. No dia seguinte, um novo apagão aéreo afetou outros aeroportos no país.
O último dia 19 foi o dia mais difícil para os passageiros, desde o começo deste mês. Na ocasião, 29% dos vôos atrasaram, ao longo do dia.
Entre os últimos dias 25 e 28, foi a vez do aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos (região metropolitana), ter o funcionamento suspenso. Desta vez, a interrupção ocorreu devido ao não-funcionamento de um equipamento que auxilia as operações quando há baixa visibilidade (ILS). O problema revelou que o equipamento estava fora de operação desde 25 de fevereiro, quando foi atingido por um raio.
Cobranças
O ministro da Defesa, Waldir Pires, determinou à Infraero a abertura de uma sindicância para apurar a demora no conserto e na liberação do equipamento. Pires chegou a ameaçar punir com demissão os responsáveis pelos atrasos.
No último dia 28, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou "dia e hora" para o governo anunciar ao país "que não há mais problemas nos aeroportos brasileiros".
Com Folha de S.Paulo, em Brasília
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Controladores de vôo ameaçam greve de fome, diz manifesto anônimo
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O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo divulgou nesta sexta-feira um manifesto em nome dos controladores de tráfego aéreo brasileiros. O documento não está assinado mas, nele, há ameaças de que a categoria promova um auto-aquartelamento e greves de fome para pressionar o governo a fazer melhorias no setor.
"Devido à desesperança que abateu-se sobre os profissionais de tráfego aéreo, a partir do dia 30 de março [esta sexta-feira], os controladores de tráfego aéreo do Brasil irão se auto-aquartelar [sic] e iniciar greve de fome até que o governo atenda as nossas reivindicações", afirma o manifesto.
Pelo documento, a principal reivindicação é o "fim das perseguições e retorno imediato dos representantes de associações e supervisores afastados de suas funções de origem".
O argumento seria uma referência, principalmente, à situação de um dos maiores líderes nacionais da categoria, o sargento Edleuzo Souza Cavalcanti, transferido recentemente do Cindacta-1, em Brasília (DF), onde as manifestações dos controladores têm se concentrado, desde o começo da crise, para um destacamento em Santa Maria (RS).
Cavalcanti afirma que sua transferência é uma retaliação. A Aeronáutica diz foi um "ato administrativo por necessidade de serviço".
"Estamos trabalhando com os fuzis apontados para nós, vários representantes de associações legais estão sendo perseguidos, com afastamentos e transferências arbitrárias. A represália do alto escalão militar contra os sargentos controladores tem gerado tamanha insatisfação que não suportaremos calados em meio a tamanha injustiça e impunidade aos verdadeiros responsáveis pelo caos. Clamamos por mudanças", afirma o manifesto.
Há outras quatro reivindicações no manifesto anônimo. São elas a criação emergencial de uma gratificação para os controladores de tráfego aéreo; o início da desmilitarização; e a nomeação de uma comissão com representantes do Poder Executivo e dos controladores para "acompanhar as mudanças no tráfego aéreo nacional".
"Sempre reportamos as deficiências do sistema, mas nunca deram a devida atenção."
Protesto
Para José Ulisses Fontenele, ex-controlador e ex-presidente da associação da categoria, o protesto atinge, nesta sexta, controladores de Brasília, de Manaus, de Salvador e do Rio. Ele diz que o movimento pode prejudicar as operações no fim de semana, principalmente no domingo, devido à falta da troca de turno dos profissionais.
Ainda segundo Fontenele, controladores de tráfego aéreo civis devem se reunir no Rio, na próxima semana, também para avaliar uma greve. Caso a paralisação seja confirmada, atingiria 40% dos profissionais que atuam no Rio.
Crise
Desde o final do ano passado, passageiros enfrentam constantes atrasos e cancelamentos de vôos.
Inicialmente, os problemas foram causados pela operação-padrão dos controladores, que restabeleceram à força parâmetros internacionais de segurança. O Cindacta-1, de Brasília, sofria com a falta de controladores, pois alguns tinham sido afastados pelas investigações sobre a queda do Boeing da Gol, ocorrida em setembro.
Depois, falhas em equipamentos passaram a contribuir para aumentar a espera nos aeroportos.
Desde o começo deste mês, o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), um dos maiores do país, pára sempre que chove forte, pois sua pista auxiliar está fechada para reformas e a principal tem graves problemas de escoamento. Em uma ocasião, um cão atrapalhou as operações ao invadir a pista do aeroporto. No dia seguinte, um novo apagão aéreo afetou outros aeroportos no país.
O último dia 19 foi o dia mais difícil para os passageiros, desde o começo deste mês. Na ocasião, 29% dos vôos atrasaram, ao longo do dia.
Entre os últimos dias 25 e 28, foi a vez do aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos (região metropolitana), ter o funcionamento suspenso. Desta vez, a interrupção ocorreu devido ao não-funcionamento de um equipamento que auxilia as operações quando há baixa visibilidade (ILS). O problema revelou que o equipamento estava fora de operação desde 25 de fevereiro, quando foi atingido por um raio.
Cobranças
O ministro da Defesa, Waldir Pires, determinou à Infraero a abertura de uma sindicância para apurar a demora no conserto e na liberação do equipamento. Pires chegou a ameaçar punir com demissão os responsáveis pelos atrasos.
No último dia 28, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou "dia e hora" para o governo anunciar ao país "que não há mais problemas nos aeroportos brasileiros".
Com Folha de S.Paulo, em Brasília
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