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30/03/2007 - 21h18

Paralisação de controladores de vôo causa novo apagão aéreo no país

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A paralisação dos controladores de tráfego aéreo afeta as operações em aeroportos de diversas regiões do país, na noite desta sexta-feira. Muitos profissionais decidiram pelo auto-aquartelamento e interromperam decolagens. O comando da Aeronáutica ameaça prender os amotinados.

A assessoria de imprensa da Infraero (estatal que administra os aeroportos) afirma que o apagão afetou os 67 terminais sob responsabilidade da empresa. O presidente da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Milton Zuanazzi, afirmou à Folha Online que as operações estão interrompidas nas áreas controladas pelo Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) --responsável pelas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país--, e as ligações possíveis. Segundo ele, as áreas controladas por outros Cindactas não estão totalmente paralisadas, mas têm reflexos do motim.

Marcelo Ximenez/Folha Imagem
Em meio ao novo apagão aéreo, passageiros aguardam no aeroporto de Congonhas
Em meio ao novo apagão aéreo, passageiros aguardam no aeroporto de Congonhas
Um controlador ouvido pela reportagem afirma que os profissionais que atuam no Cindacta-2, no Paraná, também paralisaram as atividades, na noite desta sexta. Ele disse à Folha Online que os controladores também decidiram pelo auto-aquartelamento no ACC (Centro de Controle de Área), sem prazo definido.

De acordo com o controlador, os aviões que estão voando não encontrarão problemas para pousar, mas as decolagens ficam comprometidas no país, em um efeito dominó.

No aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), a Infraero (estatal que administra os aeroportos) afirma que as operações permanecem normais, com exceção das aeronaves que têm origem ou destino as regiões controladas pelo Cindacta-1.

Protesto

A Folha apurou que a mobilização atinge o Cindacta-1 (Brasília), o Cindacta-4 (Manaus) e o Cindacta-2 (Curitiba), que respondem mais de 90% do tráfego aéreo nacional. Não há confirmação sobre a situação no Cindacta-3 (Recife).
Leopoldo Silva/Folha Imagem
Cansados, passageiros aguardam retorno das operações no aeroporto de Brasília
Cansados, passageiros aguardam retorno das operações no aeroporto de Brasília


Os controladores ouvidos pela reportagem afirmaram que só retornarão ao trabalho após conversarem com alguém do alto escalão do governo federal e que fale pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Além disso, eles querem agendar uma reunião com a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

Embora temam retaliações por parte do Comando da Aeronáutica, eles afirmaram que estão decididos a encontrar uma solução para a atual situação.

Manifesto

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo divulgou nesta sexta um manifesto em nome dos controladores de tráfego aéreo brasileiros. O documento não está assinado mas, nele, há ameaças de que a categoria promova um auto-aquartelamento e greves de fome para pressionar o governo a fazer melhorias no setor.

Pelo documento, a principal reivindicação é o "fim das perseguições e retorno imediato dos representantes de associações e supervisores afastados de suas funções de origem".

O argumento seria uma referência, principalmente, à situação de um dos maiores líderes nacionais da categoria, o sargento Edleuzo Souza Cavalcanti, transferido recentemente do Cindacta-1, em Brasília (DF), onde as manifestações dos controladores têm se concentrado, desde o começo da crise, para um destacamento em Santa Maria (RS).

Há outras quatro reivindicações no manifesto anônimo. São elas a criação emergencial de uma gratificação para os controladores de tráfego aéreo; o início da desmilitarização; e a nomeação de uma comissão com representantes do Poder Executivo e dos controladores para "acompanhar as mudanças no tráfego aéreo nacional".

Defesa

Em resposta ao manifesto, o ministro Waldir Pires (Defesa) sinalizou, antes do início da paralisação, que o governo prepara medidas para desmilitarizar o controle do tráfego aéreo brasileiro. Ao mesmo tempo, o ministro exigiu disciplina militar dos controladores.

"Espero que todos os controladores militares, enquanto sejam controladores militares, estejam atentos às suas responsabilidades", disse Pires, que considera as "aspirações" de que o controle aéreo seja civil "legítimas".

Crise

Desde o final do ano passado, passageiros enfrentam constantes atrasos e cancelamentos de vôos.

Inicialmente, os problemas foram causados pela operação-padrão dos controladores, que restabeleceram à força parâmetros internacionais de segurança. O Cindacta-1, de Brasília, sofria com a falta de controladores, pois alguns tinham sido afastados pelas investigações sobre a queda do Boeing da Gol, ocorrida em setembro.

Depois, falhas em equipamentos passaram a contribuir para aumentar a espera nos aeroportos.

Desde o começo deste mês, o aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), um dos maiores do país, pára sempre que chove forte, pois sua pista auxiliar está fechada para reformas e a principal tem graves problemas de escoamento. Em uma ocasião, um cão atrapalhou as operações ao invadir a pista do aeroporto. No dia seguinte, um novo apagão aéreo afetou outros aeroportos no país.

O último dia 19 foi o dia mais difícil para os passageiros, desde o começo deste mês. Na ocasião, 29% dos vôos atrasaram, ao longo do dia.

Entre os últimos dias 25 e 28, foi a vez do aeroporto internacional de São Paulo, em Cumbica, Guarulhos (região metropolitana), ter o funcionamento suspenso. Desta vez, a interrupção ocorreu devido ao não-funcionamento de um equipamento que auxilia as operações quando há baixa visibilidade (ILS). O problema revelou que o equipamento estava fora de operação desde 25 de fevereiro, quando foi atingido por um raio.

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