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31/03/2007 - 20h17

Atrasos persistem nos aeroportos após motim; Lula quer solução até terça

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da Folha Online

Os passageiros ainda enfrentam atrasos nos aeroportos, como reflexo da paralisação dos controladores de tráfego aéreo, ocorrida na noite de sexta-feira (30), e que atingiu grande parte do país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em viagem aos Estados Unidos, disse neste sábado esperar que uma "solução definitiva" para o caos ocorra até a próxima terça-feira.

"Eu não posso aceitar a idéia de que o comportamento de algumas pessoas, por mais justo que seja, por aumento de salário, possa deixar milhares e milhares de pessoas num aeroporto, cinco, seis, sete, oito horas, sem levar em conta que tem criança, sem levar em conta que têm homens e mulheres que têm destino para chegar, que pagaram a passagem e, portanto, têm que ser tratados com respeito. As pessoas que têm uma função que é considerada uma função essencial precisam ter mais responsabilidade do que outras", afirmou o presidente.

Segundo estimativas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), devido ao motim dos controladores, mais de 18 mil pessoas tiveram os embarques prejudicados. A recomendação da agência é que, antes de seguir para o aeroporto, o passageiro entre em contato com a empresa aérea para confirmar as condições do vôo.

Em nota, a Anac afirma que "as empresas aéreas estão se esforçando para retomar a regularidade das operações o mais rápido possível".
Jamil Bittar /Reuters
Marcos Pontes aguarda em fila no saguão do aeroporto JK, em Brasília
Marcos Pontes aguarda em fila no saguão do aeroporto JK, em Brasília


De acordo com balanço da Infraero (estatal que administra os aeroportos), 357 dos 1.241 vôos previstos para ocorrer da 0h às 19h20 deste sábado no país sofreram atrasos de mais de uma hora (28,8%). A empresa afirma que 111 vôos foram cancelados (8,9%).

Entre os passageiros afetados pela crise está o astronauta brasileiro Marcos Pontes. Ele enfrentou espera para embarcar no Juscelino Kubitschek, em Brasília, neste sábado. Outros tiveram de passar a noite nos aeroportos, sem informações sobre os vôos.

No Paraná, o passageiro Luiz Fernando Mosca, 54, sofreu um infarto enquanto aguardava para embarcar no aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba), e morreu no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, pela manhã.

A expectativa é que os reflexos do motim dos controladores de tráfego aéreo, com atrasos em vôos, continue a ser sentido nos próximos dias.

Mais problemas

Além dos atrasos causados pelo protesto, os passageiros enfrentaram problemas no aeroporto de Congonhas (zona sul de São Paulo), devido à chuva que atingiu São Paulo.

As operações de pouso e decolagem ficaram suspensas das 17h14 às 18h25. Desde o ano passado, pousos e decolagens são interrompidos em dias de chuva no aeroporto para evitar que aviões derrapem. A medida vale quando as medições apontam que a água acumulada na pista supera 3 mm (um milímetro equivale a um litro de água por um metro quadrado). Congonhas opera apenas com a pista principal desde o dia 27 de fevereiro último, devido às obras para a reforma da pista auxiliar.

Semana Santa

O advogado dos controladores de tráfego aéreo, Normando Cavalcanti, afirmou neste sábado que as pessoas que pretendem viajar no feriado da Semana Santa não precisam se preocupar com uma nova paralisação da categoria. No entanto, ele afirma que o governo precisará cumprir as bases do acordo firmado no início da madrugada.

"Se a partir de terça-feira não tivermos essas promessas colocadas em prática, pode haver outra greve, e a Semana Santa pode ser outro inferno", afirmou.

Desmilitarização

Um novo órgão, subordinado ao Ministério da Defesa, poderá ser criado para que os controladores de tráfego aéreo passem a exercer, independentemente da gestão militar, o controle de "natureza civil". A expectativa é que o órgão seja criado nos próximos dias.

A medida foi avaliada pelo Comando da Aeronáutica após a paralisação da categoria, que levou novo caos aos aeroportos do país. "Os militares e civis que atuam em órgãos de controle de tráfego aéreo passarão à subordinação dessa nova organização. A Aeronáutica continuará com sua atribuição institucional de Controle do Espaço Aéreo, cabendo ao novo órgão a ser criado o Controle da Circulação Aérea Geral", disse a Aeronáutica, em nota.

O texto afirma, ainda, que a o Comando da Aeronáutica "compreende a posição assumida pelo governo, em face da sensibilidade do assunto para os interesses do país, principalmente no tocante à garantia da tranqüilidade do público usuário de transporte aéreo".

Motim

O movimento dos controladores de tráfego aéreo começou a partir do Cindacta-1 (Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo), com sede em Brasília --que controla o espaço aéreo nas regiões Sudeste e Centro-Oeste--, e ganhou adesão em outras regiões.

Também na sexta, antes da paralisação, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Proteção ao Vôo divulgou um manifesto em nome dos controladores. O documento --sem assinaturas-- falava em auto-aquartelamento e greves de fome para pressionar o governo a fazer melhorias no setor.

Pelo documento, a principal reivindicação dos controladores é o "fim das perseguições e retorno imediato dos representantes de associações e supervisores afastados de suas funções de origem". O argumento seria uma referência, principalmente, à situação de um dos maiores líderes nacionais da categoria, o sargento Edleuzo Souza Cavalcanti, transferido recentemente do Cindacta-1, em Brasília (DF), onde as manifestações dos controladores têm se concentrado, desde o começo da crise, para um destacamento em Santa Maria (RS).

No início da madrugada deste sábado, o governo cedeu às exigências dos controladores, depois do novo apagão aéreo ocorrido no país, e, por meio do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, firmaram um acordo. De acordo com a minuta de negociação assinada, o governo fará a revisão de atos disciplinares --que incluem transferências e afastamentos--; assegura que os envolvidos no protesto desta sexta não serão punidos; abrirá um canal permanente de negociação com representantes da categoria para discutir a gradual desmilitarização; discutirá a remuneração dos controladores civis e militares, a partir de terça-feira (3); e a desmilitarização do controle do tráfego.

Com LÍVIA MARRA, editora de Cotidiano da Folha Online e ANA PAULA RIBEIRO, da Folha Online, em Brasília. Com Folha de S.Paulo, em Brasília e Agência Folha

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