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02/04/2007 - 10h33

Sem a FAB, sargentos já controlam vôos

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LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Depois do motim "vitorioso" da sexta, que praticamente parou os aeroportos em todo o país, o controle de tráfego aéreo já está, na prática, nas mãos dos próprios controladores de vôo, que administram desde sábado o setor sem supervisão ou chefia dos oficiais da Aeronáutica, que deixaram as funções antes mesmo da criação do novo órgão civil que vai gerir a área.

Os controladores se queixam da falta de uma transição gradual e temem ser sabotados pela ação da Aeronáutica no restante da infra-estrutura do controle aéreo (equipamento e pessoal civil e militar).

A "entrega" do controle aéreo, oficializada em nota oficial da FAB no sábado, é chamada pelos controladores de "abandono" das salas de controle.

A Aeronáutica tomou essa decisão em reunião do Alto Comando no sábado. Na noite de sexta, o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, foi desautorizado a dar voz de prisão aos sargentos rebeldes por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A greve só acabou depois de cinco horas e meia e um acordo negociado diretamente com o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) --controladores recusaram a presença de oficiais. A Aeronáutica avalia que não há volta atrás da quebra de hierarquia e de disciplina.

No Cindacta-1 (Brasília), oficiais estiveram ou passaram no local, mas sem de fato chefiar os trabalhos. No Cindacta-4 (Manaus), a chefia teria ordenado aos controladores a não usar mais as fardas. No Cindacta-3 (Recife), relatos dão conta de que o oficial responsável rasgou a escala das equipes. O Comando da Aeronáutica não se manifestou.

"A FAB largou de vez o tráfego aéreo. Abandonaram mesmo, está por conta do nosso pessoal. Em Recife o chefe rasgou a escala. Em Manaus mandaram o pessoal se vestir de civil", disse o sargento Edleuzo Souza Cavalcante, diretor de mobilização da ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo).

Segundo ele, não há mais chefia de sala. Antes do início da crise aérea, além dos controladores (sargentos) nos consoles, havia um oficial de sala, um tenente. Quando a crise piorou, outro oficial (capitão ou coronel) passou a reforçar a chefia.

Mas desde sábado isso mudou. A Folha apurou que, antes de a nota oficial da FAB circular ao público, por volta das 18h, já havia chegado aos Cindactas.

"Levaremos ao presidente isso. Ele teve uma transição de governo, não foi? Nós queremos também", disse Cavalcante. Para ele, não existe risco para os passageiros porque o trabalho segue normalmente.

Segundo o presidente do sindicato civil da categoria, Jorge Botelho, é necessário uma intervenção. "Isso é revanchismo. A responsabilidade ainda é da Aeronáutica, não houve ainda o ato legal de transferência." Esses pontos devem ser colocados na reunião dos controladores com o governo de crise amanhã. Além da "sinalização" de mudanças com a concessão de uma gratificação, a categoria quer assegurar que a desmilitarização contemple a estrutura (equipamentos e pessoal).

Não está descartada a hipótese de a Aeronáutica soltar nova nota hoje, caso o Planalto anuncie o formato final do sistema de controle de vôo. A intenção é dar a posição da Força sobre a proposta de desmilitarização. Se houver nota, será para o chamado "público interno", os oficiais.

Colaborou ELIANE CANTANHÊDE, colunista da Folha

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