Publicidade
Publicidade
17/11/2000
-
04h38
ANDRÉA DE LIMA, da Agência Folha
Exames da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) com base em amostras dos poços de captação que abastecem 65% da população de Natal revelaram que 25% deles têm nitrato acima do tolerado pela Organização Mundial da Saúde (45 miligramas por litro de água).
Em maio, exames preliminares indicavam que 34 dos 169 poços em atividade tinham índices da substância acima do permitido. Em agosto, o número chegou a 40.
O nitrato é um sal que pode causar câncer gástrico em adultos e morte por asfixia em bebês.
Valmir Melo da Silva, diretor de operações e desenvolvimento técnico da Caern, disse que a população não recebe água contaminada pois a rede coletora dilui parte do líquido contaminado com água das lagoas de Jiqui e Extremoz.
"Os índices de contaminação caem para 10 miligramas por litro. Trinta por cento da capital tem coleta de esgoto. Desse percentual, 40% são tratados", diz Silva.
Segundo a Caern, Natal tem 160 mil ligações de água, que beneficiam 250 mil dos 750 mil moradores. Cerca de 48 mil ligações são reservadas à coleta de esgoto.
Segundo Laécio Cunha de Souza, professor da faculdade de geologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), as fezes nos esgotos e nas fossas possuem amônio. "Com a passagem da água da chuva pelas fossas, essa matéria orgânica se oxida e produz óxido de nitrogênio, que se transforma em nitrito e, posteriormente, em nitrato. Isso tudo por conta da permeabilidade do solo e da falta de rede de saneamento. O nitrato é levado até os mananciais e poços", disse Souza.
Segundo o presidente da Abes-RN (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária), Sérgio Pinheiro, 26% das casas da cidade têm rede de esgoto, mas apenas 1% do material coletado é tratado.
"O resto usa fossa séptica (impermeável) ou negra (sem impermeabilização). Esta permite contaminação da água por nitrato."
Souza disse que, se não forem tomadas providências, Natal terá de importar água em dez anos. "Temos plano diretor e estudo de viabilidade de ampliação da rede. O custo de atendimento de 100% da população dos cinco municípios da Grande Natal é R$ 220 milhões. Temos fonte de financiamento de R$ 31 milhões do banco alemão KFW", disse Silva.
Segundo ele, o Estado tenta verba de R$ 50 milhões com uma emenda do Orçamento de 2001.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado, Bira Rocha, a estatal deveria ser privatizada. "Se não fizermos nenhum tipo de saneamento e esgotamento sanitário, nossas fossas acabarão por contaminar lençóis freáticos e ameaçar a saúde da população".
Água de Natal está contaminada
Publicidade
Exames da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) com base em amostras dos poços de captação que abastecem 65% da população de Natal revelaram que 25% deles têm nitrato acima do tolerado pela Organização Mundial da Saúde (45 miligramas por litro de água).
Em maio, exames preliminares indicavam que 34 dos 169 poços em atividade tinham índices da substância acima do permitido. Em agosto, o número chegou a 40.
O nitrato é um sal que pode causar câncer gástrico em adultos e morte por asfixia em bebês.
Valmir Melo da Silva, diretor de operações e desenvolvimento técnico da Caern, disse que a população não recebe água contaminada pois a rede coletora dilui parte do líquido contaminado com água das lagoas de Jiqui e Extremoz.
"Os índices de contaminação caem para 10 miligramas por litro. Trinta por cento da capital tem coleta de esgoto. Desse percentual, 40% são tratados", diz Silva.
Segundo a Caern, Natal tem 160 mil ligações de água, que beneficiam 250 mil dos 750 mil moradores. Cerca de 48 mil ligações são reservadas à coleta de esgoto.
Segundo Laécio Cunha de Souza, professor da faculdade de geologia da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), as fezes nos esgotos e nas fossas possuem amônio. "Com a passagem da água da chuva pelas fossas, essa matéria orgânica se oxida e produz óxido de nitrogênio, que se transforma em nitrito e, posteriormente, em nitrato. Isso tudo por conta da permeabilidade do solo e da falta de rede de saneamento. O nitrato é levado até os mananciais e poços", disse Souza.
Segundo o presidente da Abes-RN (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária), Sérgio Pinheiro, 26% das casas da cidade têm rede de esgoto, mas apenas 1% do material coletado é tratado.
"O resto usa fossa séptica (impermeável) ou negra (sem impermeabilização). Esta permite contaminação da água por nitrato."
Souza disse que, se não forem tomadas providências, Natal terá de importar água em dez anos. "Temos plano diretor e estudo de viabilidade de ampliação da rede. O custo de atendimento de 100% da população dos cinco municípios da Grande Natal é R$ 220 milhões. Temos fonte de financiamento de R$ 31 milhões do banco alemão KFW", disse Silva.
Segundo ele, o Estado tenta verba de R$ 50 milhões com uma emenda do Orçamento de 2001.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado, Bira Rocha, a estatal deveria ser privatizada. "Se não fizermos nenhum tipo de saneamento e esgotamento sanitário, nossas fossas acabarão por contaminar lençóis freáticos e ameaçar a saúde da população".
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Sem PM nas ruas, poucos comércios e ônibus voltam a funcionar em Vitória
- Sem-teto pede almoço, faz elogios e dá conselhos a Doria no centro de SP
- Ato contra aumento de tarifas termina em quebradeira e confusão no Paraná
- Doria madruga em fila de ônibus para avaliar linha e ouve reclamações
- Vídeos de moradores mostram violência em ruas do ES; veja imagens
+ Comentadas
- Alessandra Orofino: Uma coluna para Bolsonaro
- Abstinência não é a única solução, diz enfermeira que enfrentou cracolândia
+ EnviadasÍndice