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04/12/2000 - 21h38

Saiba os bastidores da crise na Saúde em São Paulo

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FABIANE LEITE
da Folha Online

Há cerca de um mês, o secretário da Saúde, Carlos Alberto Velucci, esteve no Palácio das Indústrias, sede da prefeitura paulistana, no centro da capital, para cobrar repasses de verba do prefeito Celso Pitta (PTN), que já acumula dívida de pelo menos R$ 100 milhões com as cooperativas do PAS (Plano de Atendimento à Saúde).

O prefeito viu Velucci sentado à sua espera. Abandonando a polidez característica, Pitta teria se dirigido de forma ríspida ao secretário, perguntando grosseiramente o que Velucci fazia na antessala de seu gabinete.

Ao explicar que estaria querendo falar sobre os repasses da saúde, Velucci teria recebido outra "bordoada" de Pitta.

O prefeito teria respondido novamente, em tom nada amigável, que estaria providenciando o dinheiro.

A "saia-justa" foi tanta que a secretária do prefeito, Marlene Beteghelli _que já foi apontada como namorada de Pitta_, segundo pessoas próximas de Velucci, interveio, pedindo para o prefeito conversar com o secretário.

"Não sou moleque", teria comentado o secretário com pessoas próximas depois do encontro desastroso com Pitta. A partir daí, Velucci teria decidido abandonar o estilo bonachão e partir para o ataque.

Para pessoas próximas, o secretário teria desabafado e admitido que quer evitar possíveis problemas com as cooperativas do PAS que cobram os repasses. O mesmo motivo teria levado o secretário anterior, Jorge Pagura, a abandonar o cargo.

Assessores do prefeito contra-atacam: levantam suspeitas de desvios de verba sobre a secretaria, dizem que a pasta estaria pedindo dinheiro demais. Mas livram o prefeito de responsabilidade. Afirmam que é difícil apurar possíveis irregularidades.

O secretário nega oficialmente a crise com o prefeito. Diz que confia que Pitta quitará a dívida com o PAS até o fim da gestão, conforme prometeu. E não cogita a hipótese de renunciar.

No Palácio das Industrias, no entanto, Velucci já não é poupado de críticas: o secretário da Comunicação, Antenor Braido, disse, depois de saber que o secretário voltou a cobrar dinheiro de Pitta, que o seu colega da Saúde pode estar fazendo média com a futura administração petista ou ter recebido informações financeiras erradas.

Em entrevista hoje ao lado do futuro secretário da Saúde no governo Marta Suplicy (PT), Eduardo Jorge, o secretário tentou mostrar perfeito alinhamento com o petista. No fim da conversa com a imprensa, posava descontraído para fotos ao lado do colega. Jorge não parecia estar à vontade.

A informação do gabinete do prefeito é de que Velucci, por enquanto, fica na secretaria.

O secretário, no entanto, não parece nada preocupado com a possibilidade de perder o cargo. Até porque poderia voltar a receber salário de mais de R$ 4.000 _hoje ganha cerca de R$ 3.000, pois teve de abrir mão de gratificações ao assumir a pasta.

Leia mais sobre o Pittagate na Folha Online
 

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