Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/12/2000 - 22h30

CPI do Narcotráfico indicia mais de 800 pessoas

Publicidade

VALÉRIA DE OLIVEIRA
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A CPI do Narcotráfico aprovou informalmente relatório final indiciando mais de 800 pessoas, entre elas dois deputados federais, 14 estaduais e seis desembargadores. Também entraram na lista prefeitos, delegados de polícia, policiais civis, militares e empresários.

Para o indiciamento ter validade, é necessário que o relatório final seja aprovado em sessão plenária da CPI. Até as 23h20 de hoje, os deputados estavam reunidos, mas não haviam iniciado a votação do documento, embora informalmente todos tivessem dito que concordavam com o texto.

Os indiciamentos são fundamentados na acusação de prática de vários crimes, entre eles envolvimento com o crime organizado e narcotráfico, homicídio, corrupção, sonegação fiscal, tráfico internacional de drogas, roubo de carga e lavagem de dinheiro.

O relatório da CPI será encaminhado ao governo federal e Ministério Público.

Uma das surpresas foi a inclusão do general paraguaio Lino Oviedo. Ele é acusado de tráfico internacional de drogas e contrabando de armas, além de crime de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Alguns bancos e empresas de telefonia também estão no relatório por desobediência às ordens da CPI para que fossem enviados documentos.

O médico-legisla Fortunato Badan Palhares, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), foi indiciado acusado de emitir laudo falso e prestar serviço ao crime organizado.

O laudo feito por Badan Palhares sobre a morte de PC Farias, tesoureiro da campanha do ex-presidente Fernando Collor, morto em 96, foi contestado por outros legistas. No documento apresentado pelo legista de Campinas havia diferença na altura de Susana Marcolino, namorada de PC, conforme foi mostrado para a Folha.

Ao todo, foram indiciadas 53 pessoas de Campinas.

Em São Paulo, os indiciamentos mais importantes foram os de integrantes da quadrilha de William Sozza. Além do empresário, que está foragido, foram indiciados dois irmãos dele, Eduardo e Marco Aurélio, o seu suposto testa-de-ferro, Geraldo da Silva Burdini Júnior, além do advogado Arthur Eugênio Mathias e vários policiais.

Todos são acusados de envolvimento com o crime organizado, narcotráfico, roubo de cargas e lavagem de dinheiro. Alguns responderão também por crime de sonegação fiscal.

No Acre, um dos indiciados é o deputado José Aleksandro (PSL). Os crimes atribuídos a ele são envolvimento com crime organizado, sonegação fiscal e falso testemunho prestado à CPI. O ex-governador Orleir Cameli também está na lista de indiciados do relatório. Pesa contra ele acusação de envolvimento com narcotráfico e crime organizado.

Raceme Cameli, primo do governador, também foi indiciado. Além dele, consta da lista a piloto de avião do governador, Sâmia Haddock Lobo, acusada de crime de sonegação fiscal, além dos delitos imputados a Cameli.

Em Alagoas, um dos indiciados é o deputado Augusto Farias (PFL), irmão de Paulo César Farias. Ele foi acusado de envolvimento com crime organizado e lavagem de dinheiro. Farias disse no plenário da Câmara ontem que é inocente e foi indiciado por perseguição política.

Também constam da lista de indiciados os deputados estaduais João Beltrão Siqueira, José Francisco Cerqueira Tenório, Antonio Ribeiro Albuquerque, Júnior Leão, Cícero Ferro, Celso Luiz e a deputada Fátima Cordeiro.

Os parlamentares estaduais de Alagoas foram acusados de crimes de sonegação fiscal, enriquecimento ilícito e crime organizado. O ex-governador alagoano Manoel Gomes de Barros foi indiciado por prevaricação.

No Espírito Santo, a CPI indiciou o presidente da Assembléia Legislativa, José Carlos Gratz, sob a acusação de envolvimento com o crime organizado e o deputado estadual Gilson Santos Lopes Filho acusado de corrupção, homicídio e participação no crime organizado.

O desembargador Geraldo Correa Lima também foi indiciado. Contra ele, a CPI encontrou indícios de envolvimento com o crime organizado.

Já no Amapá, foram indiciados três deputados estaduais. O ex-presidente da Assembléia Fran Júnior, que havia sido afastado por suspeita de envolvimento com o crime organizado e o narcotráfico, responderá por esses delitos e também por improbidade administrativa e enriquecimento ilícito; o atual presidente da Assembléia, Jorge Salomão e o deputado Paulo José, ambos por envolvimento com narcotráfico e crime organizado.

No Paraná, foram indiciadas 117 pessoas. No Maranhão, 23, entre os quais estão os deputados estaduais cassados José Gerardo e Francisco Caíca _ambos por acusação de homicídio. Entre os indiciados no Rio de Janeiro está a deputada estadual Núbia Cozzolin.

Os indiciados negaram as acusações para integrantes da CPI.

Depois da lista dos indiciados por Estados, o relatório final enumera os envolvidos no caso do tráfico de cocaína nos aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), que responderão por envolvimento com o narcotráfico e o crime organizado. Em seguida, são listados os participantes das conexões de tráfico de drogas da África , do Suriname e do Paraguai.

Clique aqui para ler a íntegra do relatório no site da Agência Câmara

Leia mais:

  • Conheça os principais pontos do relatório da CPI do Narcotráfico

  • Veja a lista dos indiciados em São Paulo pela CPI do Narcotráfico
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página