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31/12/2000 - 18h28

Marta herda problemas em todas as áreas

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ALESSANDRO SILVA
da Folha de S.Paulo

O tamanho da lista de problemas que aguardam a prefeita Marta Suplicy (PT) para serem resolvidos na maior cidade do país é comparável à expectativa que os paulistanos têm em relação ao novo governo que começa amanhã.

Marta assume um município bombardeado nos últimos quatro anos por denúncias de corrupção, prisões de vereadores e flagrantes de cobrança de propina.

A nova fase foi definida pelo voto de 3,2 milhões de paulistanos _58,51% dos votos válidos_, que apostaram suas expectativas na petista, após oito anos de monopólio pepebista.

Até a Câmara se renovou: dos 50 vereadores que tentaram a reeleição, apenas 27 conseguiram ficar.

Passada a euforia da posse, o item mais imediato tem a ver com o próprio mês da festa, janeiro, que abre oficialmente a temporada de chuva forte, enchentes, casas e carros imersos, sujeira e buracos nas ruas.

"O que posso garantir é que, se tiver chuvas, vai ter enchentes, infelizmente", disse dias atrás o engenheiro Walter Rasmussen Júnior, indicado por Marta para ocupar a Secretaria de Serviços e Obras e de Vias Públicas.

A nova administração fala em criar um plano antienchente, mas reconhece que os quatro anos de governo não serão suficientes para sanar o problema.

No verão passado, a cidade registrou 847 pontos de alagamento e inúmeras histórias como a da estudante de psicologia Bruna de Cassia Pedro, 22, que viu seu carro novo imerso em uma das várias inundações no município.

Bruna, assim como outros paulistanos, sentiram na pele os problemas que a prefeita terá de resolver.

O quadro fica pior porque a cidade entrou no período de chuvas com apenas 20% de funcionamento de sua operação tapa-buraco. Estima-se que 1.500 futuras "crateras" surgem diariamente no município de São Paulo e a maioria delas fica aberta.

Enquanto a chuva não chega, o caos da saúde deve consumir os primeiros dias de trabalho da petista.

Remédios e materiais hospitalares prestes a acabar nas unidades públicas, dívidas e risco de greve, segundo quadro descrito durante a transição de governo pelo secretário da Saúde de Celso Pitta, Carlos Alberto Velucci.

"Caos" foi a palavra usada pelo próprio Velucci para descrever esse cenário ao deputado Eduardo Jorge (PT), novo secretário da Saúde, que cogitou decretar estado de calamidade pública logo que assumir.

Outro desafio de Marta nessa área será lidar com déficit de cerca de 11 mil leitos hospitalares e conduzir o atual PAS, sistema marcado por denúncias de fraudes, para a municipalização.

Paralelo a tudo isso, a administração petista se prepara para tentar conter o aumento da tarifa dos ônibus urbanos, medida impopular para quem está assumindo.

Uma saída seria subsidiar a passagem, mas o Orçamento aprovado para este ano prevê apenas R$ 30 milhões para isso, dinheiro suficiente para apenas um mês.

Há também, no setor de transporte, a pendência de legalização dos perueiros clandestinos, processo que se arrasta desde a gestão de Paulo Maluf (PPB), e gerou depredações e confrontos de rua ao longo do ano passado.

Por fim, as atenções da população no governo Marta estarão voltadas para a questão do lixo. Desde 98, a prefeitura tenta fazer uma nova licitação para a coleta e varrição, mas sempre surgem denúncias de favorecimento.

Da última vez, em agosto, o edital de concorrência foi anulado de novo em razão de irregularidades apontadas pelo TCM (Tribunal de Contas do Município).

Desde o início do impasse, a prefeitura vem fechando contratos de emergência, por períodos de seis meses. O acordo vigente vence em abril e Marta já avisou que deverá reeditá-lo.

Das quatro empresas que fazem esse tipo de serviço na cidade _Vega, Enterpa, Cliba e Marquise_, as três primeiras fizeram grandes doações para a campanha petista em São Paulo.
 

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