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01/01/2001 - 20h55

"Tudo não será possível", afirma Marta

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CHICO DE GOIS
da Folha de S.Paulo

A prefeita Marta Suplicy (PT), que tomou posse hoje, prometeu, em seu discurso, implementar os programas sociais que foram temas de sua campanha à prefeitura.

Marta, porém, disse que "tudo não será possível" e adiantou que os projetos, num primeiro momento, irão beneficiar poucas pessoas.

No discurso, com nove páginas e 36 minutos de duração, a prefeita afirma que sua administração "será para todos, mas agirá para resgatar a dívida social com a maioria e priorizará os excluídos".

Sua primeira atitude, nesse sentido, será regulamentar amanhã uma lei da vereadora Aldaíza Sposati (PT) para a implementação de uma política para os moradores de rua, que prevê ações nas áreas da saúde e educação, por exemplo, além da criação de cooperativas para geração de renda.

A lei foi aprovada há oito anos, mas o ex-prefeito Paulo Maluf a vetou. A Câmara, por sua vez, derrubou o veto, mas o ex-prefeito Celso Pitta chegou a entrar com uma ação de inconstitucionalidade contra ela.

A primeira ação pública de Marta acontecerá amanhã, às 12h30, no Pátio do Colégio, onde será servido um almoço para moradores de rua.

Segundo um censo realizado pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), há 8.704 moradores de rua na cidade e metade disso está nessa condição há menos de um ano.

Marta afirmou que "nos próximos dias" regulamentará, também, a lei do vereador Arselino Tatto (PT) que institui o programa de renda mínima.

De acordo com a prefeita, o programa será implementado "gradualmente", iniciando pelas famílias de menor renda per capita, até que atinja todas as que recebem até três salários mínimos mensais e têm crianças até 14 anos na escola.

Quanto aos demais projetos sociais que foram tema de sua campanha _bolsa-trabalho, começar de novo e banco do povo_, a prefeita disse que fará "todos os esforços para brevemente regulamentá-los".

Marta afirmou que, neste momento, serão poucas as pessoas que poderão beneficiar-se desses programas "por conta da falência financeira" herdada da administração anterior.

"Paulatinamente, estenderemos a abrangência desses programas e iremos procurar recursos onde for necessário para atingir nosso objetivo."

Crítica

Marta iniciou seu discurso criticando os "oito anos em que São Paulo foi sucateada". Sem citar o nome dos ex-prefeitos Paulo Maluf e Celso Pitta, a prefeita disse que "os últimos oito anos fizeram da cidade um lugar de difícil convivência".

De acordo com Marta, "se no Brasil os programas sociais foram protelados e o desemprego foi correlato da política de ajuste econômico desenhado pelo FMI, aqui isso foi agravado pelas falcatruas engenhadas para desviar os recursos públicos em benefício de apadrinhados e compadres da verdadeira gangue que tomou conta da cidade".

"O sistema de saúde privatizado para beneficiar vereadores amigos, regionais loteadas para manter negócios escusos e obras faraônicas para fazer caixa".

Marta disse que precisará fazer um "diagnóstico claro da situação" para poder estabelecer "metas realistas".

Ela também prometeu uma relação "ética e transparente" com a Câmara, "buscando o acordo quando possível ou a constatação e clarificação das divergências".

Para isso, disse estar disposta a atender "pessoalmente" os vereadores e se prontificou a "regularmente" dedicar uma parte de seu tempo para ouvir os vereadores.

Marta também disse estar disposta a promover consultas populares, por meio de referendo ou plebiscito, para "decisões de grande relevância para os destinos da cidade e para o bem-estar da população".

Aborto

A prefeita destacou que seu governo agirá para defender e ampliar os direitos e reivindicações das mulheres.

"Na saúde, iremos cumprir efetivamente a legislação referente ao direito ao aborto. Deverá ser implantado um atendimento específico para as mulheres vítimas de violência e abuso sexual."

A possibilidade de realização de abortos em hospitais municipais em caso de estupro ou de risco à vida da mulher foi um tema polêmico durante a campanha.
 

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