Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
04/01/2001 - 03h49

Hospitais do PAS "pararam no tempo"

Publicidade

AURELIANO BIANCARELLI, da Folha de S.Paulo

A Secretaria Municipal da Saúde vai receber de volta 12 hospitais "parados no tempo". Durante os cinco anos que estiveram nas mãos do PAS, os estabelecimentos não passaram por reformas nem substituíram ou modernizaram seus equipamentos.

No Hospital do Tatuapé, a principal referência para emergências graves nas zonas leste e norte da cidade, o tomógrafo tem 11 anos e foi apelidado de Angra 1, referência à usina nuclear que divide o expediente entre manutenção e funcionamento.

Quando o tomógrafo está parado, pacientes graves precisam ser deslocados de um hospital a outro em ambulâncias-UTIs.

"Os equipamentos estão sucateados, e há vazamentos nas juntas de dilatação do prédio", diz o neurocirurgião Sérgio Console, diretor clínico do hospital, 66 anos, 30 deles no mesmo hospital.

A culpa, segundo ele, é da própria lei que criou o PAS, o programa cooperativado de Paulo Maluf, que proíbe as cooperativas de fazerem reformas ou comprarem novos equipamentos. "Há meses solicitamos à secretaria a compra de um novo tomógrafo, mas a alegação é que falta dinheiro", diz.

O Hospital do Tatuapé foi construído há 32 anos, e o prédio passou por reforma na administração Erundina (89-92). Quando passou para o PAS, em 1996, o hospital recebia R$ 5,8 milhões por mês da prefeitura. Hoje, recebe R$ 3,3 milhões.

"Perdemos 40% da receita, e o número de atendimentos aumentou em 30%", diz o diretor. São 336 leitos em operação, 353 médicos e 1.400 atendimentos diários no pronto-socorro, na maioria casos graves. O hospital é referência em dez especialidades, entre elas neurocirurgia, ortopedia e queimados. "Somos o HC da zona leste e da zona norte."

Comparado com outros hospitais terciários (para tratamentos mais complexos) como o das Clínicas e a Beneficência Portuguesa, o Tatuapé está atrasado pelo menos 15 anos em equipamentos, dizem os médicos.

Por exemplo, não há tomografia computadorizada. O aparelho de raios X que faz a arteriografia cerebral tem quase duas décadas. As novas gerações desses aparelhos são mais precisas, mais rápidas e menos invasivas. Nas salas de emergência, os monitores de respiração e batimentos cardíacos estão "sucateados". Os modernos acendem luzes e apitam quando detectam dificuldades nos sinais vitais. Os monitores do hospital exigem atenção redobrada dos médicos.

"Compensamos a deficiência técnica com a experiência dos nossos profissionais", diz o diretor. Mesmo assim, equipamentos ultrapassados provocam mais sofrimento e diminuem as chances dos pacientes.

Os laboratórios ainda não estão informatizados. Simples hemogramas são realizados "quase manualmente" em equipamentos de duas décadas -300 exames tomam um dia inteiro. Com equipamento mais moderno, que existe no hospital, mas que está parado por falta de manutenção há um ano, o triplo de exames levaria menos de uma hora.

Pelos almoxarifados, farmácias, corredores e a entrada do PS, nota-se que o hospital melhorou com a implantação do PAS. O mais custoso (reformas e modernização das instalações) sobrará para a prefeitura. "Que modelo alternativo era esse que não investia na sua própria modernização?", pergunta o secretário Eduardo Jorge. O custo desse "congelamento" ainda não foi calculado. Só para substituir o Angra 1, são necessários R$ 600 mil.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página