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26/01/2001 - 18h20

Comando Vermelho Jovem pode ter financiado túnel em Bangu 3

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PEDRO DANTAS
da Folha de S.Paulo, no Rio

A polícia do Rio prendeu hoje duas irmãs do traficante Márcio Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, preso em Bangu 1 e apontado como um dos mentores da construção do túnel subterrâneo de 86 metros de extensão que daria fuga em massa aos presos dos complexos penitenciários de Bangu 1 e Bangu 3 (zona oeste).

Segundo o chefe da Polícia Civil do Rio, Álvaro Lins, o túnel estaria sendo financiado pelo Comando Vermelho Jovem, uma dissidência do Comando Vermelho.

Para Lins, além de Marcinho, os traficantes Isaías da Silva, o Isaías do Borel, Francisco Paula Testas Monteiro, o Tuchinha, e Levy Batista da Penha, o Baby, estariam financiando o plano.

Preso desde agosto de 1996, Marcinho VP ocupa a cela 1 da galeria B de Bangu 1 que possui 48 detentos.

Condenado a 36 anos, tornou-se conhecido no início dos anos 90 ao conquistar os pontos de tráfico do Complexo do Alemão (zona norte).

Por ter o mesmo apelido, ele é frequentemente confundido com Márcio Amaro de Oliveira, o Marcinho VP que chefiou o tráfico no morro Dona Marta em Botafogo (zona sul).

Este, que ficou conhecido por sua amizade com o documentarista João Moreira Salles _que inclusive o ajudou financeiramente para que ele deixasse o tráfico_, foi preso em abril do ano passado.

De acordo com Álvaro Lins, um relatório do Centro de Inteligência da Polícia Civil aponta que o túnel passaria por Bangu 3 e terminaria em Bangu 1.

"Dessa forma, a obra poderia estar arrecadando contribuições nos dois presídios", disse Lins.

A polícia começou a suspeitar da participação das irmãs de Marcinho VP, Silvana Santos da Silva, 29, e Silva Santos da Silva 27, ao descobrir o túnel, na última segunda-feira.

Na ocasião, foi preso apenas o pedreiro Geraldo Matias de Lira, 32. Lira disse que oito operários trabalhavam na obra, que já durava seis meses.

No local, a polícia apreendeu duas latas de chocolate em pó e três frascos de inseticida com a etiqueta da mercearia "Vitória em Cristo", em Madureira (zona norte).

Policiais da 34ª Delegacia de Polícia (Bangu) foram até a mercearia e descobriram que as donas eram Silva e Silvana, irmãs de Marcinho VP.

Além de Silva e Silvana, presas em casa, no bairro de Jacarepaguá (zona oeste), Daniel Israel de Paulo, funcionário da mercearia responsável pela entrega, também foi detido.

Todos foram indiciados por facilitação de fuga de presos e tiveram prisão temporária de cinco dias decretada.

"A Kombi branca da mercearia é idêntica ao veículo que recolhia os produtos para a obra na loja de material de construção, na favela do Catiri, onde começava o túnel", disse Lins, que isentou os donos da loja de material de construção de participação no crime.

No depoimento, as irmãs de Marcinho VP confirmaram que o material encontrado havia sido vendido pela mercearia, mas negaram saber da existência do túnel.

Evangélicas desde 1996, as irmãs de Marcinho VP pertencem a Assembléia de Deus dos Últimos Dias, que se dedica à conversão de presos e à sessões de exorcismo em presídios e delegacias.

O pastor Marcos Pereira da Silva, que dirige a igreja, disse que ambas não tem mais ligação com o crime desde a conversão. "Alguma facção pode estar tentando incriminá-las", afirmou.

O chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, no entanto, acredita na participação das irmãs. Para ele, "crer em coincidência neste caso é o mesmo que acreditar em Papai Noel".

A polícia, de acordo com Lins, não considera a possibilidade de que um engenheiro e um topógrafo tenham participado da obra. Agora, segundo o delegado, a meta é encontrar o mestre de obras do túnel.
 

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