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20/02/2001 - 04h27

Mulheres reféns acusam polícia de agressão

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da Folha de S.Paulo

Os reféns dos pavilhões 1 e 2 da Penitenciária do Estado -a maioria mulheres e crianças- acusaram a polícia de ter invadido o local atirando e batendo.

A empregada doméstica Jandira Marina da Cruz, 39, que saiu do local às 9h de ontem, com uma tala no braço e um curativo na perna, disse ter apanhado dos policiais na invasão do pavilhão 2. "Levei tapa na cara.
Eles puxavam a gente para separar os familiares dos presos. Numa dessas, eu caí e acho que quebrei o braço."

Jandira e as outras mulheres afirmaram ainda que os PMs as agrediam repetindo "só um tapinha não dói", em alusão à música dos MCs Naldinho e Bella, cujo refrão é a mesma frase.

De acordo com as reféns, a invasão dos pavilhões 1 e 2 ocorreu quando a maioria das mulheres e das crianças estavam recolhidas nas celas com os detentos. Para separá-las dos maridos, a polícia teria usado violência, inclusive com as crianças.

Uma dona-de-casa libertada anteontem à noite disse ter enrolado a filha de um ano e quatro meses em um cobertor para que os policiais não a vissem. "Eu levantei a minha filha para mostrar que tinha criança ali, e o policial apontou a espingarda para o rostinho dela. Foi o tempo de eu abaixá-la, abraçá-la e virar de costas para ele atirar", disse Marlene Alves Ferreira, 24, libertada ontem. Ela saiu da penitenciária com a camisa manchada de sangue por causa do ferimento provocado, segunda ela, por bala de borracha.

Para Eliete Vieira, 29, grávida de seis meses, o pior foi ter sido xingada: "Eles chamavam de vagabunda, davam tapas na cara".
A polícia nega os maus-tratos durante a invasão ao presídio.

Segundo informações das reféns que começaram a ser libertadas anteontem à noite, depois que a polícia invadiu os pavilhões 1 e 2, várias famílias conseguiram se refugiar no pavilhão 3, que não havia sido invadido, para fazer uma espécie de barreira de proteção para os presos. Esses reféns foram libertados por volta das 8h de ontem.

Detenção
A maioria das reféns da Casa de Detenção, liberadas ontem por volta das 12h, não reclamaram da ação policial nem de maus-tratos por presos de facções rivais ao PCC. As idosas e as grávidas foram sendo liberadas pouco a pouco já a partir da madrugada de ontem, como a cantora Simony, que espera um filho de um detento.

Às 12h30, a maioria das mulheres já havia saído, segundo o senador Eduardo Suplicy (PT), que coordenou uma comissão parlamentar para intermediar as negociações entre presos e polícia.

A doméstica Sônia Rogéria, 40, entrou na Detenção às 8h30 de anteontem para visitar o filho no pavilhão 9. Segundo ela, às 12h30 "começou o burburinho". "Eu estava no pátio quando (os presos) me mandaram ficar na
boa porque eles já tinham virado (dominado) o pavilhão", contou.

"Eu fiquei porque quis. Quem não estava a fim podia ir embora", disse a auxiliar de montagem Célia Aparecida Silva, 41, que tem o filho preso no pavilhão 6. "Os faxinas (detentos que fazem serviços na cadeia) fizeram café, comida e arrumaram fraldas."
(SERGIO DURAN E GABRIELA ATHIAS)
 

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