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21/02/2001 - 04h32

SP transfere 389 envolvidos em motins

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da Folha de S.Paulo

Em uma tentativa de desarticular o PCC (Primeiro Comando da Capital), o governo de São Paulo mudou de presídio 389 detentos de alta periculosidade nos últimos dois dias e, ontem, cancelou as visitas de familiares no final de semana nas penitenciárias que se rebelaram domingo passado.

A decisão de suspender as visitas pode servir de pretexto para novas revoltas em série, segundo seis diretores de presídios ouvidos pela Folha e sindicalistas que representam funcionários dos presídios do Estado, que não querem ser identificados.

O secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, anunciou a medida como um "castigo". "É um castigo sim, e também uma medida de segurança", afirmou.

O secretário disse não temer que a medida provoque novas rebeliões nos presídios do Estado. "Tenho plena convicção de que essa decisão está correta. Primeiro, temos de restabelecer as condições físicas dos prédios."

Pirajuí
A primeira medida do governo, de espalhar os membros do PCC, causou uma nova rebelião ontem, em Pirajuí (400 km a noroeste de São Paulo).

Os cerca de 870 detentos fizeram 15 reféns e passaram a exigir que dez condenados, transferidos de Guarulhos (Grande São Paulo), fossem tirados do isolamento (leia texto nesta página). No caso de falta grave, os diretores costumam manter os presos incomunicáveis por um mês, sem direito à visita.

Ontem, o governo recebeu o que seria a primeira pauta de pedidos do PCC, por meio de condenados ouvidos pelo Ministério Público e por deputados, na Penitenciária do Estado, na capital.

Os supostos membros do PCC foram pulverizados por unidades menores, como Getulina e Junqueirópolis, dentro da estratégia divulgada domingo pelo secretário da Administração Penitenciária para desarticular o PCC.

Os detentos saíram principalmente de São Paulo, das unidades ""cérebro" da megarrebelião do final de semana -Casa de Detenção e Penitenciária do Estado. Também entraram na lista de transferências presos de Tremembé, no Vale do Paraíba.

No domingo, a Penitenciária do Estado foi a primeira a se rebelar, no início da tarde, seguida pela Casa de Detenção. As duas ficam no complexo do Carandiru, zona norte de São Paulo. Na sequência, Guarulhos e Marília estouraram.

O número de transferências feitas em dois dias não é pouco. Na semana passada, cerca de 50 detentos envolvidos com o PCC foram transferidos.
Isso inclui os 31 que lideraram há um mês rebelião em Avaré e aguardavam vaga em outras unidades mais os dez que saíram da Casa de Detenção na sexta-feira, entre eles os cinco principais líderes do PCC. A ida desses últimos para a Casa de Custódia de Taubaté foi o estopim da revolta em série.

A Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo) informou ontem, por meio de sua assessoria, que as remoções foram necessárias em razão dos danos causados pela megarrebelião.

Os nomes dos presídios que receberam os transferidos são mantidos em sigilo. A Folha apurou que as prisões de Getulina, Junqueirópolis, Pirajuí e Iaras, no interior do Estado, estão nessa lista.

Duas foram as causas para que o destino dos transferidos fosse mantido em segredo: evitar que o secretário Furukawa seja pressionado por parlamentares das respectivas regiões assim como pelos prefeitos insatisfeitos com a presença de presidiários perigosos no município e que mais rebeliões estourem com as remoções.
 

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