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21/02/2001 - 04h33

Comando do PCC está na mão de assaltantes

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da Folha de S.Paulo

O comando do PCC está nas mãos de assaltantes, traficantes de homicidas. O perfil vale para os cinco principais líderes transferidos na última sexta-feira e que foram o estopim da maior rebelião de presos já registrada no país.

Por meio deles, é possível entender como o PCC se estrutura dentro dos presídios. A polícia e o Ministério Público diz que seus membros compõem castas distintas, com funções diferenciadas.

O garçom Idemir Carlos Ambrósio, o Sombra, é apontado como o líder mais importante dentro do partido do crime, por chefiar a Casa de Detenção.

Mesmo incomunicável, na Casa de Custódia de Taubaté, o líder do PCC pode ter dado a ordem de rebelião para o Carandiru.

Apesar de ter sido transferido na sexta-feira, da Casa de Detenção para Taubaté, quando a rebelião estourou no domingo, ele já estava com celular em sua cela, dentro do presídio que deveria ser um obstáculo para a articulação do PCC no Estado.

Natural de São Carlos, no interior de São Paulo, Sombra completou 41 anos dois dias antes do resgate de cinco membros do PCC da Penitenciária de Araraquara (28 de janeiro), trocados por familiares do diretor da unidade que haviam sido sequestrados. No dia 27 passado, um churrasco teria festejado o aniversário e o sucesso no início da operação.

A vida no crime do atual líder do PCC começa em São Carlos, após ele completar 19 anos. Sombra respondeu a inquérito policial, instaurado em 17 de abril de 1979, por lesão corporal.

No mês seguinte, Sombra, ou Carlinhos e Samba, que são seus outros apelidos, acabou preso pelo seu primeiro assalto.

Daí em diante, são quase 60 inquéritos policiais em seu prontuário na Vara de Execuções de São Paulo. Desse número, ele foi condenado 35 vezes, tendo acumulado 218 anos, quatro meses e 18 dias a cumprir. No Brasil, como não há prisão perpétua, ele deve ficar no máximo 30 anos preso.

Sombra praticou crimes em 13 municípios do Estado, em alguns deles mais de uma vez.

Entre os criminosos, ele começa a ganhar projeção ao entrar no mundo dos assaltos a banco. Em agosto de 1987, foi indiciado pela primeira vez por esse crime.

A partir disso, a polícia o indicia por mais nove assaltos a agências bancárias. A última ação aconteceu em 1990, em São Paulo, contra o extinto Banco Nacional.

O segundo na hierarquia do PCC é Jonas Mateus, preso que ganhou fama após liderar a rebelião que destruiu a Casa de Custódia de Taubaté, no final do ano passado e que terminou com a morte de nove detentos. Fechar essa unidade é uma das bandeiras da facção desde o seu nascimento, em 1993, dentro do complexo penitenciário do Carandiru.

Mateus é açougueiro de profissão, nasceu em Serra Azul, região de Ribeirão Preto, e tem 29 anos.

Seus dois primeiros inquéritos na polícia são de homicídios, em Ribeirão Preto, em outubro e dezembro de 89. Ele foi investigado ainda por roubos, furtos e formação de quadrilha. No total, sua pena chega a 43 anos, nove meses e 10 dias, a contar de junho de 91.

Mateus comandou o PCC na Penitenciária de Araraquara, em 99, segundo informações da Corregedoria da Coesp.

A polícia e o Ministério Público têm dito que o PCC possui núcleos autônomos em várias penitenciárias. De alguma forma ainda não explicada, os líderes do Carandiru têm maior poder em relação aos demais.

No segundo escalão, com Mateus, está o assaltante de banco Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, transferido sexta-feira passada para presídio no sul do país. Ele também é suspeito de dar início ao motim de domingo, só que na Penitenciária do Estado.
 

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