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13/06/2000 - 20h54

Sequestrador sobreviveu à Chacina da Candelária

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ELVIRA LOBATO, da Folha de S.Paulo

O sequestrador dos passageiros do ônibus Gávea-Central do Brasil, identificado pela polícia como Sandro do Nascimento, foi um dos sobreviventes do massacre de menores, em julho de 93, no qual oito meninos foram assassinados por policiais no Rio.

O episódio ficou conhecido como Chacina da Candelária, numa referência à praça onde estavam quando foram mortos. Nascimento foi um dos 62 sobreviventes, afirmou ontem a advogada dos menores, Cristina Leonardo.

Ele foi identificado também por moradores da favela Nova Holanda, que acompanharam o sequestro pela TV. É conhecido na favela como "Manchinha".

A primeira a identificá-lo foi a faxineira Elza da Silva, 45, que afirma ser mãe dele. Segundo ela, o verdadeiro nome de "Manchinha" seria Alessandro Silva, um menino que teria vivido "de déu em déu (nas ruas)" desde os 7 anos. "Reconheci meu filho assim que ele apareceu na janela do ônibus, com a arma apontada para uma moça", relatou, chorando.

Ele foi identificado como Sandro do Nascimento pela 15ª DP, que apura o caso. A delegada titular, Martha Rocha, demonstrou surpresa diante da informação dos moradores. Disse que a identificação foi feita a partir de informações do Instituto Félix Pacheco (órgão da Secretaria de Segurança que expede as carteiras de identidade), mas admitiu que ele pode ter usado mais de um nome.

Apesar dos nomes diferentes, Sandro Nascimento e Alessandro Silva tinham várias coisas em comum: ambos nasceram em setembro de 78, tinham apenas o nome da mãe na certidão, eram moradores da Nova Holanda e o apelido de Sandro entre os menores sobreviventes da Chacina da Candelária era "Alex".

Cercada por vizinhos, que ora recriminavam a imprensa, ora a polícia, Elza Silva, mãe de Alessandro, disse que chegou a pensar em ir até o Jardim Botânico durante o sequestro para convencer o filho a se entregar à polícia, mas teve medo e desistiu.

Foi também por medo, segundo afirmou, que ela não foi ontem ao IML, no centro da cidade, onde o corpo do sequestrador estava sendo necropsiado. "De que me adianta ir lá, se não vou ter meu filho de volta?", afirmou, sendo novamente apoiada pelos vizinhos.

Elza disse que reconheceu o filho não só pela fisionomia, como também pelo sinal na face - daí o apelido de "Manchinha"_ e pelo dedo mínimo da mão direita torto, que, segundo ela, apareceu de forma nítida na TV quando o jogaram dentro do camburão.

Ela disse à Folha que, por falta de condições financeiras, entregou o filho a uma amiga de nome Madalena quando ele tinha apenas 3 anos. A mulher morreu quatro anos depois e ela perdeu o contato com filho.

Diz que procurou pelo filho durante vários anos, em vão. Em 98, segundo relata, o rapaz apareceu na Nova Holanda, procurando pela mãe e acabaram se encontrando. Moraram juntos até março do ano passado, quando ele disse que tinha conhecido uma moça e iria morar com ela. "Nunca mais o vi, mas sabia que ele vendia refrigerantes na praia de Copacabana", afirma.

Elza Silva declara não possuir nenhum documento do filho e conta que ele próprio afirmava ter perdido toda a documentação. Diz que o rapaz é filho de um caminhoneiro, de nome Carlos Alberto Rodrigues, que não o registrou. Afirma não ver explicação para o fato de a polícia ter identificado o sequestrador como Sandro do Nascimento.

Ficha criminal

A ficha criminal de Sandro do Nascimento dá que ele sofreu duas condenações: a primeira por furto, em julho de 1997, quando recebeu pena de dois anos em regime aberto, ou seja, em liberdade.

A segunda condenação, por tentativa de assalto, veio em outubro de 1998, quando foi condenado a três anos, seis meses e 20 dias de prisão em regime semi-aberto (só dormir na prisão).

Ele estava na carceragem da 26ª DP (na Zona Norte) quando fugiu, junto com outros 30 presos, no dia 1º de janeiro do ano passado. Desde então, estava solto.

Segundo a Secretaria de Estado de Segurança, Nascimento respondia a mais um processo por furto e a outro por uso de drogas.

Clique aqui para ler toda a cobertura do caso na página especial Pânico no Rio

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