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13/03/2001 - 16h49

Saiba quem é Fernandinho Beira-Mar

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RICARDO FELTRIN
Coordenador de Cotidiano da Folha Online

Luiz Fernando da Costa, 34, o Fernandinho Beira-Mar, é considerado um dos maiores traficantes de armas e drogas da América Latina.

Nascido em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, ele não teria nem sequer conhecido o pai. Foi criado pela mãe, dona Zelina, uma dona de casa e faxineira que morreu em 1992 atropelada na rodovia Washington Luiz.

Pobre, como a maioria dos meninos da Baixada, encontrou no Exército uma opção profissional e uma forma de fugir da miséria.

Não seria a profissão que o tiraria da pobreza, mas o crime. Entre os 18 e 20 anos começou a praticar os primeiros assaltos. Lojas, bancos e mesmo o depósito de materiais do Exército eram seus alvos principais.

Foi acusado de furtar armas pesadas do Exército _e de vendê-las para traficantes do Rio.

Aos 20 foi preso por assalto, condenado a dois anos. Cumpriu a pena e, ao sair, voltou a morar na favela Beira-Mar, onde imediatamente se tornou um dos "cabeças" do tráfico local, uma vez que voltou à terra natal como um bandido respeitado até por traficantes rivais.

Ao mesmo tempo que ganhava dinheiro, investia na favela, ajudando a comprar remédios, roupas, comida e até pagando dívidas de jogo de amigos da infância. Por meio dessa "política" paternalista, era querido e protegido pelos moradores da Beira-Mar.

Ninguém sabe ao certo quanta cocaína movimentava a "firma" (como é chamada nos morros a máquina traficante.)

A verdade é que entre 1990 e 1995 Fernandinho Beira-Mar conseguiu abrir canais próprios de distribuição de drogas _no atacado e no varejo. Morros como o Borel, Rocinha, Chapéu Mangueira e a favela do Vidigal eram abastecidos por seus "produtos", entregues em Kombis até então insuspeitas.

O contrabando de armas e drogas chegava sempre por via marítima, aproveitando a enorme costa do Rio de Janeiro, cheia de praias desertas.

Ao mesmo tempo em que enriquecia, tornou-se alvo de policiais civis e militares corruptos, que invadiam a favela semanalmente em busca de propina.

No ano passado, o traficante chegou a protestar, numa gravação divulgada pela revista "IstoÉ", que não aguentava mais ser achacado por policiais.

Beira-Mar colocou a família para trabalhar também: suas duas irmãs, Débora e Alessandra, teriam se tornado gerentes da "firma". Ambas estão presas no Rio, acusadas de pertencer ao narcotráfico. Fernandinho seria ligado ao Comando Vermelho, maior facção criminosa do país.

Acabou sendo preso em 1996, mas não chegou a ficar um ano no presídio de Belo Horizonte.

Sua fuga é cercada de suspeitas até hoje. Agentes penitenciários foram acusados de facilitá-la, mas nada foi comprovado oficialmente.

Depois que fugiu, Beira-Mar teria se tornado uma espécie de "nômade". Paraguai, Uruguai e Bolívia teriam sido alguns dos países em que ele morou, fugindo de uma ordem de prisão emitida pela polícia do Rio de Janeiro.

Ao passar por esses países. Beira-Mar ampliou seu leque de amizades e deixou de ser um grande fornecedor de drogas dos morros fluminenses para se tornar um supernarcotraficante internacional.

Além de cocaína e maconha, Beira-Mar teria se especializado no comércio ilegal de armas pesadas _principalmente as fabricadas na Rússia.

Foi nesse comércio que se tornou amigo dos principais líderes das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), de quem se tornou o fornecedor oficial de armamentos de grosso calibre.

É por esse motivo que hoje Beira-Mar é tratado como mais um "revolucionário" na Colômbia, e protegido na selva amazônica colombiana por pelo menos 2.400 homens leais a Negro Acácio, o provável líder supremo das Farc.

Clique aqui para ler mais notícias sobre o traficante Fernandinho Beira-Mar
 

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