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22/03/2001 - 03h55

Famílias de vítimas da P-36 não vão ser indenizadas agora

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DANIELA MENDES e PEDRO SOARES, da Folha de S.Paulo

A Petrobras só pagará indenizações às famílias dos dez funcionários que morreram no acidente da plataforma P-36 se for considerada culpada judicialmente.

"Só se fala em indenização quando há responsabilidade assumida ou reconhecida", disse ontem o gerente jurídico da Petrobras, Rui Dias.

"Indenização, só se ficar comprovado que o empregador agiu com culpa", reforçou.

As investigações sobre as causas do acidente começaram a ser feitas hoje. Dentro de 30 dias a comissão encarregada de apurar a questão deverá apresentar um relatório. Além dessa avaliação, o Ministério Público também está investigando o acidente da P-36.

Até agora, a empresa tem cumprido as exigências legais, que são o pagamento de um seguro equivalente a 30 salários das vítimas, além de agilizar o pagamento das pensões vitalícias.

O Tribunal de Justiça do Rio divulgou nota ontem informando que não haverá nenhuma demora na liberação dos atestados de óbitos "já que trata-se de fato notório que os desaparecidos morreram".

Segundo Rui Dias, o termo indenização estava sendo usado erroneamente. O que a Petrobras pretende, disse ele, é "compensar" as famílias das vítimas com uma ajuda de custo temporária no valor de R$ 200 a R$ 300, que já está sendo paga, além de garantir o estudo dos dependentes até a conclusão do terceiro grau.

Rezas
Muitas lágrimas, orações e flores lançadas ao mar. Foi dessa maneira que as mulheres dos petroleiros mortos no acidente da P-36 se despediram dos maridos, um dia após perderem a esperança de resgatar os corpos.

Na cerimônia, considerada por elas como um velório simbólico, além de pétalas de rosas e flores variadas, foram atiradas ao mar recordações para os mortos.

Rita de Cássia Matheus, viúva do técnico de segurança Mario Sergio Matheus, disse que jogou na água uma medalha de estimação do marido.
Ela afirmou ainda que durante o vôo, que partiu às 10h, o clima foi de tristeza geral. Todas as 18 pessoas presentes choraram.

Vanúzia Oscar, mulher do operário Charles Roberto Oscar e que obteve liminar na Justiça obrigando a estatal a resgatar os corpos, resumiu a dor de todas as mulheres: "A emoção foi terrível. Foi o pior momento da minha vida."

Durante o vôo, Rita de Cássia disse que as mulheres deram as mãos e "cada uma fez a sua oração particular e teve seu momento de dor reservado".

Ivani Peixoto dos Santos Couto, mulher do operador de produção Ernesto de Azevedo Couto, disse que cantou para homenagear o marido. A música era "Vento no Litoral", do grupo Legião Urbana.

"Essa canção foi muito importante para nós. Eu me lembro do início do namoro", disse Ivani.

Apesar da dor causada pelo vôo até o local do acidente, Rita de Cássia afirmou que estuda entrar na Justiça contra a Petrobras, a exemplo do que fez Vanúzia. "Alguma coisa eu vou fazer. Não posso deixar isso assim." A empresa revelou que até as 13h de hoje informará à Justiça que é impossível o resgate dos corpos.

Sérgio Santos Barbosa, ferido durante as explosões na P-36, está em "estado crítico", segundo boletim do Hospital da Força Aérea do Galeão, no Rio.

Barbosa tem queimaduras de vias aéreas e queimaduras de 2º e 3º graus em 98% do corpo.

Ele toma medicação para a manutenção da pressão arterial, tem falência renal, necessita de hemodiálise e está respirando com o auxílio de aparelhos.
 

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