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30/03/2001 - 06h00

Polícia sabia de ameaças contra preso em Ribeirão Preto (SP)

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da Folha Ribeirão

A morte do detento Carlos Alberto Almeida Teixeira, do CRBC (Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade), ocorrida durante a rebelião na Penitenciária de Ribeirão Preto, era anunciada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) e conhecida pela polícia e pela direção da unidade.

Apesar de ter a informação, a única providência tomada foi isolar o detento. Não foi reforçada a segurança no local nem se cogitou a transferência dele.
No último dia 21, a Folha publicou a denúncia de agentes penitenciários de Ribeirão sobre o prêmio pela morte de Teixeira no valor de R¹ 100 mil.

A facção também daria o "perdão" para até três detentos que conseguissem matá-lo.

O "perdão" seria válido a presos que praticaram delitos contra os costumes, como o estupro, por exemplo, considerado inadmissível em unidades prisionais.

De acordo com os agentes, o detento morto havia sido transferido havia poucas semanas da Penitenciária de Pirajuí, onde teria participado da morte de um dos líderes do PCC.

Aos agentes, Teixeira negava que tivesse participado da morte do membro do grupo rival. "Ele disse que estava lá, mas não participou", afirmou um funcionário que não quer ser identificado.

Ainda segundo os agentes, o detento chegou a procurar a direção da unidade para pedir sua transferência, que foi negada.

Teixeira estava separado em uma cela reservada, chamada seguro, destinada a presos ameaçados nos pavilhões.

Outro lado

O diretor-geral da Penitenciária de Ribeirão, Silvio Maria Machado Júnior, foi procurado durante todo o dia de ontem, mas não foi encontrado. A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária também não se manifestou sobre o assunto.

O pavilhão onde ficam essas celas foi invadido durante a rebelião de anteontem. Teixeira e o detento Luciano Rodrigues Souza, ligado à CDL (Comissão Democrática de Liberdade), foram mortos.

A CRBC é a segunda mais forte facção criminosa do Estado e tem seu quartel-general em Guarulhos (Grande SP). Ela não aceita como seus membros dissidentes do PCC ou simpatizantes. A pena para traidores é a morte, assim como no "partido" rival.

O presidente da Pastoral Carcerária de Ribeirão Preto, padre Agostinho, e o coordenador da Comissão dos Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo, João José Sady, condenaram a atitude dos detentos. "É uma selvageria assustadora", disse Sady.
 

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