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04/04/2001 - 20h46

4 milhões de famílias vivem com meio salário per capita no Brasil

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da Sucursal do Rio

O Brasil tem 4 milhões de famílias com crianças de até 6 anos de idade vivendo com menos de meio salário mínimo "per capita". Isso representa cerca de um terço do universo das famílias com crianças nessa idade no país. No Maranhão, o percentual é de 63,9%, o dobro do registrado na média nacional.

Os dados são da Síntese dos Indicadores Sociais 2000, estudo divulgado hoje pelo IBGE, e revelam que houve uma melhora entre os anos de 1992 e 1999. No início da década, a taxa de famílias com crianças de até 6 anos de idade vivendo com menos de meio salário mínimo "per capita" era de 40,1%.

No entanto, segundo Luiz Antônio Pinto de Oliveira, diretor do departamento de População e Indicadores Sociais do IBGE, a situação ainda é grave. "São crianças que vivem em situação extremamente vulnerável", afirma.

O presidente do IBGE, Sérgio Besserman, também revela preocupação com esses indicadores. "O dado de renda é muito dramático e afeta profundamente as crianças", diz ele, que considera distribuição de renda indispensável, mas um processo lento.

"Oferecer pré-escolar é muito mais rápido e ajuda brutalmente a distribuição de renda posterior, porque impede que essas crianças tenham um "handicap" (deficiência) definitivo pelo resto de suas vidas", avalia Besserman.

Ele se baseia em um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) que mostra que crianças que têm acesso ao pré-escolar têm menor defasagem, maior escolaridade e conseguem melhores empregos.

Mas há ainda muito a fazer. Segundo ele, entre o grupo dos 20% mais rico, nove em cada dez crianças entre 4 anos e 6 anos está na escola. No grupo dos 20% mais pobre, apenas cinco em cada dez.

A pesquisa mostra que a escolaridade influi sobre outros fatores e pode ser potencializada por outros elementos de desigualdade. A chance de uma criança no Nordeste morrer antes dos 5 anos se tiver uma mãe com até quatro anos de estudo é de 124,7 por mil.

É um índice seis vezes maior do que a chance de uma criança no Sul morrer antes dos 5 anos se tiver uma mãe com mais de oito anos de estudo.

A coordenadora nacional da Pastoral da Criança, Zilda Arns, acha que os indicadores sociais da década refletem uma melhora real, mas insuficiente. E reclama da desigualdade. "A gente fica assustada como as pessoas podem conviver com tanta desigualdade", lamenta ela, que considera as favelas brasileiras os piores exemplos dessa situação no país.

Zilda diz que faltam política públicas eficientes para reter a população no campo _o que, segundo ela, seria o principal desafio a ser enfrentado para resolver o problema da desigualdade.

"Quando eu vou nas favelas, fico muito mais deprimida do que quando vou nas zonas rurais. Que futuro pode ter uma criança que vive ali?", questiona ela, que afirma que os políticos deveriam se colocar no lugar dos moradores de favela para começar a resolver o problema.

São em bolsões de miséria e pobreza, como as favelas dos grandes centros urbanos, que a Pastoral realiza suas ações.

Em mortalidade infantil, o trabalho da Pastoral alcançou a taxa de 11,7 mortes por mil. A média nacional é duas vezes maior (34,5 por mil). Em Alagoas, a campeã nacional em mortalidade, o índice é duas vezes maior do que a média (66,1 por mil).

De acordo com Zilda, se os governos fizessem investimentos maciços em saneamento básico, essa média nacional poderia cair pela metade.

Redução da família

Uma das tendências retratadas pela síntese é a diminuição da família, que chega ao final do século tendo 3,4 pessoas. Nos anos 80, a média era de 4,5.

Além disso, o perfil tradicional, do casal com filhos, também diminuiu _em 92 era de 59,4% e em 99 passou a responder por 55%. Com isso, cresceu o número de pessoas vivendo sozinhas, de casal sem filhos e de mulheres sem cônjuge e com filhos.

 

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