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07/04/2001
-
04h00
da Folha de S.Paulo, no Rio
Amiga de Geísa Firmo Gonçalves e também moradora da favela da Rocinha (zona sul do Rio), Damiana Nascimento de Souza, 40, jamais se recuperou do sequestro do ônibus 174.
Damiana só foi libertada pelo sequestrador Sandro do Nascimento depois de sofrer um derrame cerebral dentro do ônibus.
"A Geísa gritou com ele (Nascimento) e implorou para que minha mãe pudesse sair de lá", relembra a filha da refém, Maria Aparecida Souza, 24.
Ela explica que, depois do ocorrido, a mãe, que dava aulas de artesanato para crianças na mesma escola que Geísa, ficou muito traumatizada, passou a ter consultas frequentes com psiquiatras e a tomar calmantes.
Damiana tem dificuldades para andar e falar, não trabalha mais nem sai de casa desacompanhada. "Ela tem medo de tudo, só sai de casa comigo a seu lado. Se estamos num ônibus e algum passageiro começa a falar um pouco mais alto, ela tem uma crise nervosa", diz Maria Aparecida.
A estudante de jornalismo Luanna Belmont, 21, que ficou quase cinco horas sob a mira do sequestrador e manteve a calma durante as negociações com a polícia, entrou para o Movimento Viva Rio e participou da campanha "Basta! Eu Quero Paz".
"O sequestro não me deixou mais assustada. Minha rotina não mudou. Continuo andando de ônibus, inclusive no 174. O sequestro serviu para despertar em mim uma consciência dos problemas gerados pela violência no Brasil. Me fez ter vontade de fazer alguma coisa por isso", conta.
A estudante, que ainda participou de uma campanha pela proibição da comercialização das armas de fogo, terá uma coluna semanal no site do Viva Rio, que está para ser lançado.
Luciana Carvalho Ximenes, 30, também passou a trabalhar como voluntária numa ONG contra a violência. "Fiquei muito traumatizada. Sempre vemos coisas ruins acontecerem na TV, mas nunca imaginamos que possa acontecer com a gente".
Luciana, que trabalha como secretária numa empresa de telecomunicações, evita andar de ônibus e a frequentar lugares tidos como perigosos.
"Não me importava com essas coisas antes. Não tinha medo. Hoje fico
assustada com qualquer coisa, mas tento esquecer ajudando outras pessoas que convivem com a violência", disse.
No sequestro, ela foi obrigada a sentar no banco do motorista e ameaçada
de morte por Nascimento. Ele queria que ela dirigisse o ônibus para fugir da polícia. Luciana estava ao lado dele quando o sequestrador disparou um tiro no vidro dianteiro do ônibus.
"Ele me mandou ligar para a minha irmã pelo celular, depois pegou o telefone e começou a fazer ameaças a ela também. Pensei que morreria, baleada pelo sequestrador ou pela polícia", desabafou.
(SP)
Vítima não consegue superar tragédia do ônibus 174
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Amiga de Geísa Firmo Gonçalves e também moradora da favela da Rocinha (zona sul do Rio), Damiana Nascimento de Souza, 40, jamais se recuperou do sequestro do ônibus 174.
Damiana só foi libertada pelo sequestrador Sandro do Nascimento depois de sofrer um derrame cerebral dentro do ônibus.
"A Geísa gritou com ele (Nascimento) e implorou para que minha mãe pudesse sair de lá", relembra a filha da refém, Maria Aparecida Souza, 24.
Ela explica que, depois do ocorrido, a mãe, que dava aulas de artesanato para crianças na mesma escola que Geísa, ficou muito traumatizada, passou a ter consultas frequentes com psiquiatras e a tomar calmantes.
Damiana tem dificuldades para andar e falar, não trabalha mais nem sai de casa desacompanhada. "Ela tem medo de tudo, só sai de casa comigo a seu lado. Se estamos num ônibus e algum passageiro começa a falar um pouco mais alto, ela tem uma crise nervosa", diz Maria Aparecida.
A estudante de jornalismo Luanna Belmont, 21, que ficou quase cinco horas sob a mira do sequestrador e manteve a calma durante as negociações com a polícia, entrou para o Movimento Viva Rio e participou da campanha "Basta! Eu Quero Paz".
"O sequestro não me deixou mais assustada. Minha rotina não mudou. Continuo andando de ônibus, inclusive no 174. O sequestro serviu para despertar em mim uma consciência dos problemas gerados pela violência no Brasil. Me fez ter vontade de fazer alguma coisa por isso", conta.
A estudante, que ainda participou de uma campanha pela proibição da comercialização das armas de fogo, terá uma coluna semanal no site do Viva Rio, que está para ser lançado.
Luciana Carvalho Ximenes, 30, também passou a trabalhar como voluntária numa ONG contra a violência. "Fiquei muito traumatizada. Sempre vemos coisas ruins acontecerem na TV, mas nunca imaginamos que possa acontecer com a gente".
Luciana, que trabalha como secretária numa empresa de telecomunicações, evita andar de ônibus e a frequentar lugares tidos como perigosos.
"Não me importava com essas coisas antes. Não tinha medo. Hoje fico
assustada com qualquer coisa, mas tento esquecer ajudando outras pessoas que convivem com a violência", disse.
No sequestro, ela foi obrigada a sentar no banco do motorista e ameaçada
de morte por Nascimento. Ele queria que ela dirigisse o ônibus para fugir da polícia. Luciana estava ao lado dele quando o sequestrador disparou um tiro no vidro dianteiro do ônibus.
"Ele me mandou ligar para a minha irmã pelo celular, depois pegou o telefone e começou a fazer ameaças a ela também. Pensei que morreria, baleada pelo sequestrador ou pela polícia", desabafou.
(SP)
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