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14/04/2001
-
23h42
CAMILO TOSCANO
da Folha Online
A rebelião no Presídio do Carumbé (Cuiabá, Mato Grosso) - inciada na quinta-feira (12) - vive o seu momento mais tenso. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança do Estado, as negociações vivem um impasse.
De acordo com a assessoria, as lideranças do movimento haviam se rendido, após um acordo feito com uma comissão que previa a transferência dos 30 líderes do motim. As lideranças, no entanto, teriam voltado atrás na proposta que fizeram e não querem negociar até amanhã.
O acordo entre a comissão - formada por membros do legislativo, executivo estadual e judiciário - e os presos incluía a retomada do fornecimento de energia por 20 minutos, tempo necessário para a rendição dos líderes e transferência para outros presídios.
Segundo a assessoria da secretaria, os presos não cumpriram o acordo e as negociações estão previstas para recomeçar pela manhã. Mas os detentos afirmaram que só voltam a negociar à tarde. O motivo teria sido um contato feito com uma emissora de TV, que faria uma entrevista ao vivo com os líderes.
De acordo com o deputado estadual Gilney Viana (PT), que estava participando das negociações, os presos estão apresentando interesses diversos e "não sabem o que querem". A princípio eles estavam pedindo a transferência de cinco detentos, mas passaram a exigir a saída de 15, o que não foi aceito pela polícia.
Os negociadores e a polícia temem agora que haja confrontos entre os presos e que seja necessário a invasão do local. A "cobrança" (na gíria do presídio) seria feita pelo 250 reclusos que estão com familiares como reféns contra os 30 líderes, que não têm familiares envolvidos no motim.
Caso isso ocorra, a polícia teria que entrar no estabelecimento para impedir agressões graves. Segundo a secretaria de Segurança, a "cobrança" já ocorreu uma vez no presídio de Rondonópolis, deixando um saldo de 14 mortos.
Os detentos reivindicam a saída do diretor do presídio, Elpídio Onobre Claro, que está no cargo há um mês, além da revisão de penas, progressão de regime, melhoria na estrutura do presídio - saneamento básico e alimentação, principalmente.
O comandante da guarda do presídio, Major Farias, informou que governo não irá negociar a saída do diretor.
Fornecimento
O fornecimento de água foi regularizado, para evitar desidratações principalmente nas crianças. A comida e a energia, no entanto, permanecem suspensas.
De acordo com capitão João Pereira da Silva, um dos policiais militares que estão no local, o estoque de comida foi reforçado na quinta-feira (12), quando os familiares trouxeram uma quantidade maior de alimentos para os presos. Isso indica que a rebelião estava sendo planejada há algum tempo.
A polícia trabalha também com a hipótese de que a rebelião possa ter sido iniciada para desviar a atenção da segurança do Estado. A hipótese se baseia no fato de ter sido encontrado um túnel de 15 metros no presídio de Rondonópolis, de onde os presos fugiriam após a "distração" da polícia.
O tenente-coronel Antônio Moraes, responsável pela segurança externa do presídio, disse que o detento João Carlos do Nascimento, o JC, que seria integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi quem liderou o motim. Ele e mais seis presos, armados com revólveres e pistolas, trancaram o portão de entrada da visita e anunciaram a rebelião.
Os detentos mantêm 150 reféns. Com exceção de quatro agentes penitenciários, os reféns são parentes dos presos. Entre eles estão 97 mulheres, 42 crianças e 7 homens.
Negociadores
O grupo de negociadores "Comitê de Crise no Sistema Prisional" foi formado no ano passado. O comitê tem como objetivo discutir e apresentar soluções para o sistema. Uma das saídas que vêm sendo cogitadas é a privatização do presídio. Mas a proposta ainda é controversa.
Rebelião em Cuiabá vive momento mais tenso; negociação é suspensa
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da Folha Online
A rebelião no Presídio do Carumbé (Cuiabá, Mato Grosso) - inciada na quinta-feira (12) - vive o seu momento mais tenso. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança do Estado, as negociações vivem um impasse.
De acordo com a assessoria, as lideranças do movimento haviam se rendido, após um acordo feito com uma comissão que previa a transferência dos 30 líderes do motim. As lideranças, no entanto, teriam voltado atrás na proposta que fizeram e não querem negociar até amanhã.
O acordo entre a comissão - formada por membros do legislativo, executivo estadual e judiciário - e os presos incluía a retomada do fornecimento de energia por 20 minutos, tempo necessário para a rendição dos líderes e transferência para outros presídios.
Segundo a assessoria da secretaria, os presos não cumpriram o acordo e as negociações estão previstas para recomeçar pela manhã. Mas os detentos afirmaram que só voltam a negociar à tarde. O motivo teria sido um contato feito com uma emissora de TV, que faria uma entrevista ao vivo com os líderes.
De acordo com o deputado estadual Gilney Viana (PT), que estava participando das negociações, os presos estão apresentando interesses diversos e "não sabem o que querem". A princípio eles estavam pedindo a transferência de cinco detentos, mas passaram a exigir a saída de 15, o que não foi aceito pela polícia.
Os negociadores e a polícia temem agora que haja confrontos entre os presos e que seja necessário a invasão do local. A "cobrança" (na gíria do presídio) seria feita pelo 250 reclusos que estão com familiares como reféns contra os 30 líderes, que não têm familiares envolvidos no motim.
Caso isso ocorra, a polícia teria que entrar no estabelecimento para impedir agressões graves. Segundo a secretaria de Segurança, a "cobrança" já ocorreu uma vez no presídio de Rondonópolis, deixando um saldo de 14 mortos.
Os detentos reivindicam a saída do diretor do presídio, Elpídio Onobre Claro, que está no cargo há um mês, além da revisão de penas, progressão de regime, melhoria na estrutura do presídio - saneamento básico e alimentação, principalmente.
O comandante da guarda do presídio, Major Farias, informou que governo não irá negociar a saída do diretor.
Fornecimento
O fornecimento de água foi regularizado, para evitar desidratações principalmente nas crianças. A comida e a energia, no entanto, permanecem suspensas.
De acordo com capitão João Pereira da Silva, um dos policiais militares que estão no local, o estoque de comida foi reforçado na quinta-feira (12), quando os familiares trouxeram uma quantidade maior de alimentos para os presos. Isso indica que a rebelião estava sendo planejada há algum tempo.
A polícia trabalha também com a hipótese de que a rebelião possa ter sido iniciada para desviar a atenção da segurança do Estado. A hipótese se baseia no fato de ter sido encontrado um túnel de 15 metros no presídio de Rondonópolis, de onde os presos fugiriam após a "distração" da polícia.
O tenente-coronel Antônio Moraes, responsável pela segurança externa do presídio, disse que o detento João Carlos do Nascimento, o JC, que seria integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), foi quem liderou o motim. Ele e mais seis presos, armados com revólveres e pistolas, trancaram o portão de entrada da visita e anunciaram a rebelião.
Os detentos mantêm 150 reféns. Com exceção de quatro agentes penitenciários, os reféns são parentes dos presos. Entre eles estão 97 mulheres, 42 crianças e 7 homens.
Negociadores
O grupo de negociadores "Comitê de Crise no Sistema Prisional" foi formado no ano passado. O comitê tem como objetivo discutir e apresentar soluções para o sistema. Uma das saídas que vêm sendo cogitadas é a privatização do presídio. Mas a proposta ainda é controversa.
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