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01/05/2001 - 10h49

Polícia Federal rastreia possíveis sucessores de Beira-Mar

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RONALDO SOARES
da Agência Folha, em Curitiba

A prisão de Fernandinho Beira-Mar não desmantelou o esquema montado pelo traficante para envio de drogas do exterior _principalmente Paraguai e Colômbia_ para o Brasil.

A informação foi obtida pela reportagem com agentes da Polícia Federal que investigaram as atividades do traficante desde que ele fugiu do Brasil e se refugiou em países vizinhos.

Segundo a PF, integrantes da quadrilha de Beira-Mar assumiram suas funções após a prisão e mantêm o esquema até então controlado por ele, utilizando os mesmos produtores de quem o criminoso comprava drogas e as mesmas rotas para o transporte dos entorpecentes.

Os nomes dos sucessores de Beira-Mar que estão sendo investigados são mantidos sob sigilo. A PF já sabe que eles utilizam uma antiga "base" do traficante no Paraguai -uma fazenda no município de Capitán Bado, na fronteira com o Mato Grosso do Sul- e compram carregamentos de maconha dos mesmos produtores que forneciam para Beira-Mar: os brasileiros identificados como Quelar e Walfrido, além de outro "atacadista" conhecido apenas como "Líder".

Uma mudança estratégica adotada por Beira-Mar no transporte da droga para o Brasil também foi mantida por seus sucessores, de acordo com as investigações.

Há cerca de dois meses, toneladas de maconha eram acondicionadas em fundos falsos instalados na carroceria de carretas que transportam toras de madeira.

Os veículos saíam de Capitán Bado e seguiam margeando a fronteira do Paraguai com o Brasil por estradas pouco movimentadas e passavam para o território brasileiro na altura de Guaíra (oeste do Paraná), no entroncamento com Mato Grosso do Sul e Paraguai.

Como a rota ficou visada pela Polícia Federal, Beira-Mar deixou de fazer remessas de drogas em grande quantidade. Ele também utilizava várias rotas do Mato Grosso do Sul para fazer a distribuição da droga.

O transporte passou a ser feito por meio de minicomboios de carros, principalmente os que possuem porta-malas espaçosos ou carrocerias, como Monza, Opala, Fiorino e Saveiro -cada veículo leva, em média, de 200 a 300 quilos de maconha, segundo informações da PF.

Já o esquema de transporte de cocaína continua a ser feito pela quadrilha de Beira-Mar por meio de aviões de pequeno porte.

As aeronaves saem da Colômbia, fazem escala para reabastecimento no Mato Grosso -usando pistas clandestinas- e seguem para Estados do Sul e do Sudeste.

Segundo agentes da Polícia Federal que participaram da Operação Cobra -realizada no início do ano na fronteira do Brasil com a Colômbia-, no período em que esteve naquele país Beira-Mar "comprava" sua segurança das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), pagando US$ 50 mil por mês para que os guerrilheiros o protegessem.

Estratégia

O superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Wantuir Brasil Jacini, disse que os traficantes estão optando por transportar menores quantidades por causa das apreensões.

"Em 2000 confiscamos carregamentos de até 20 toneladas de maconha. De fevereiro para cá, a média das apreensões tem sido cem quilos", informou Jacini.

Segundo o superintendente, os prejuízos para os narcotraficantes são menores quando ocorrem as apreensões, apesar da necessidade de contratação ou compra de mais veículos para o transporte.

O superintendente disse que a influência do traficante Fernandinho Beira-Mar na fronteira com o Paraguai vai continuar. O traficante, no início do ano, entrou em choque com a família Morel, que é apontada pela CPI do Narcotráfico como líder da maior quadrilha de traficantes na fronteira.

Colaborou a Agência Folha, em Campo Grande (MS)

Leia especial sobre Fernandinho Beira-Mar



 

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