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09/05/2001
-
23h12
ELIANE SILVA
da Agência Folha, em Ribeirão Preto
A região noroeste de São Paulo concentra 56 dos 74 municípios do Estado que perderam habitantes entre 1991 e 2000, de acordo com o Censo do IBGE.
Outras 11 cidades "esvaziadas" ficam no oeste. Em comum, todas têm população inferior a 25 mil pessoas (a maioria não chega a 10 mil), a base econômica é agrícola e dependem dos repasses do governo para sobreviver.
"Falta serviço na zona rural. As pessoas se mudam para a cidade, mas as oportunidades também são pequenas", disse Aristides Alonso Portela (PSDB), prefeito de Tupi Paulista (663 km a noroeste de São Paulo), sobre as causas da diminuição de 0,62% da população de seu município. Segundo ele, Tupi já teve 21 mil habitantes, mas perdeu metade com a derrocada do café. Hoje, a cidade tem 13.289 moradores.
Em Turmalina, cidade que mais encolheu percentualmente (1,67%) na década, o êxodo rural e a queda do café também são citados como causas. Como em Tupi, a queda populacional de Turmalina (hoje com 2.366 moradores) começou na década de 70.
A falta de empregos é lembrada também pelo chefe da agência do IBGE de Pereira Barreto, Florindo Jacinto. A cidade perdeu 0,25% de sua população. "Até que caiu pouco. Pereira e muitas outras cidades daqui viviam em razão de algumas empresas e da construção da barragem de Três Irmãos."
Para o economista Everaldo Santos Melazzo, professor do Departamento de
Planejamento da Unesp de Presidente Prudente, a internacionalização da economia e a falta de um projeto regional de desenvolvimento que atingisse o noroeste foram as principais causas do esvaziamento das cidades.
"O fluxo migratório na década mudou para as cidades médias que conseguiram se inserir no padrão de internacionalização da economia", afirma.
Melazzo diz que o oeste e o noroeste, compostos por centenas de pequenas cidades, não encontraram vocação econômica e não foram beneficiados pela política de desconcentração metropolitana adotada pelos últimos governos estaduais. "Tudo ficou centrado nos eixos de Sorocaba, Campinas e da Anhanguera."
O economista afirma ainda que o vazio demográfico e econômico não pode ser creditado aos sem-terra. "Ao contrário. Com os assentamentos, os sem-terra geraram um maior fluxo econômico e populacional na região."
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) se estabeleceu no oeste do Estado a partir de 1983.
Hamilton Cremonezi, chefe da divisão de pesquisa do IBGE no Estado, acrescenta às causas o fato de muitos municípios do noroeste terem perdido população para distritos que foram emancipados.
Região noroeste de São Paulo "esvaziou-se", revela IBGE
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da Agência Folha, em Ribeirão Preto
A região noroeste de São Paulo concentra 56 dos 74 municípios do Estado que perderam habitantes entre 1991 e 2000, de acordo com o Censo do IBGE.
Outras 11 cidades "esvaziadas" ficam no oeste. Em comum, todas têm população inferior a 25 mil pessoas (a maioria não chega a 10 mil), a base econômica é agrícola e dependem dos repasses do governo para sobreviver.
"Falta serviço na zona rural. As pessoas se mudam para a cidade, mas as oportunidades também são pequenas", disse Aristides Alonso Portela (PSDB), prefeito de Tupi Paulista (663 km a noroeste de São Paulo), sobre as causas da diminuição de 0,62% da população de seu município. Segundo ele, Tupi já teve 21 mil habitantes, mas perdeu metade com a derrocada do café. Hoje, a cidade tem 13.289 moradores.
Em Turmalina, cidade que mais encolheu percentualmente (1,67%) na década, o êxodo rural e a queda do café também são citados como causas. Como em Tupi, a queda populacional de Turmalina (hoje com 2.366 moradores) começou na década de 70.
A falta de empregos é lembrada também pelo chefe da agência do IBGE de Pereira Barreto, Florindo Jacinto. A cidade perdeu 0,25% de sua população. "Até que caiu pouco. Pereira e muitas outras cidades daqui viviam em razão de algumas empresas e da construção da barragem de Três Irmãos."
Para o economista Everaldo Santos Melazzo, professor do Departamento de
Planejamento da Unesp de Presidente Prudente, a internacionalização da economia e a falta de um projeto regional de desenvolvimento que atingisse o noroeste foram as principais causas do esvaziamento das cidades.
"O fluxo migratório na década mudou para as cidades médias que conseguiram se inserir no padrão de internacionalização da economia", afirma.
Melazzo diz que o oeste e o noroeste, compostos por centenas de pequenas cidades, não encontraram vocação econômica e não foram beneficiados pela política de desconcentração metropolitana adotada pelos últimos governos estaduais. "Tudo ficou centrado nos eixos de Sorocaba, Campinas e da Anhanguera."
O economista afirma ainda que o vazio demográfico e econômico não pode ser creditado aos sem-terra. "Ao contrário. Com os assentamentos, os sem-terra geraram um maior fluxo econômico e populacional na região."
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) se estabeleceu no oeste do Estado a partir de 1983.
Hamilton Cremonezi, chefe da divisão de pesquisa do IBGE no Estado, acrescenta às causas o fato de muitos municípios do noroeste terem perdido população para distritos que foram emancipados.
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