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09/05/2001
-
23h24
SÍLVIA CORRÊA
da Folha de S.Paulo
O centro da cidade de São Paulo está cada vez mais vazio, e a periferia, mais inchada. É isso o que mostra o cruzamento de dados do Censo 2000 do IBGE com informações do mesmo levantamento realizado em 1991.
Nesse período, a região central paulistana perdeu um em cada cinco moradores _19,73%, enquanto a cidade cresceu 7,87%. Já as zonas sul e leste _onde estão os pontos mais periféricos da cidade_ ganharam, juntas, um morador para cada quatro que lá viviam em 1991.
O esvaziamento já ultrapassa os limites oficiais da região central e atinge o chamado centro expandido, seguindo rumo à periferia urbanizada.
Para urbanistas e historiadores, a periferização sustenta-se em um tripé causal básico:
1) a contradição entre o custo dos empreendimentos imobiliários e a renda da população;
2) a mudança de uso dos imóveis das regiões mais centrais; e
3) a degradação do espaço urbano da área central da cidade.
A primeira causa explicaria o esvaziamento de distritos como o Morumbi e o Tatuapé, onde uma avalanche de empreendimentos imobiliários para a camada de maior poder aquisitivo obrigou a população original a procurar outras regiões da cidade.
"A maior parte da população é economicamente incapaz de se fixar nas áreas em que o mercado imobiliário se organiza", resume Luiz Carlos Costa, professor de planejamento urbano da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da Universidade de São Paulo. "Sem condições de pagar por moradias em regiões de boa urbanização, essa população é expulsa para espaços mais periféricas e mais precários", completa Carlos Guilherme Mota, professor titular de história contemporânea da mesma USP.
As outras duas causas _degradação e transformação de imóveis residenciais em comerciais_ seriam a explicação para a fuga populacional ocorrida nos dez distritos centrais _como a Sé.
"Isso gera um terrível fenômeno social: a população cresce onde não há emprego nem lazer nem cultura. É por isso que a circulação na cidade é tão complicada", afirma Raquel Rolnik, diretora de Planejamento na administração Luiza Erundina (89-92) e pesquisadora do Instituto Pólis.
A migração rumo a periferia é classificada pelos pesquisadores como um fenômenos típico de países subdesenvolvidos e que retrata a radicalização das diferenças sociais e econômicas.
"De um lado, surge a massa pobre vivendo em assentamentos precários. De outro, ocorre a elitização das áreas com padrões de urbanização normais", diz Costa.
Dos 10,406 milhões de habitantes da cidade, 3,202 milhões vivem na zona sul, e 3,785 milhões, na leste _as duas que mais cresceram e que concentram o maior número de distritos carentes.
A solução apontada para a inversão desse quadro é uma mudança na política de zoneamento com objetivo de induzir à reocupação planejada do centro.
"A Espanha e a Holanda exigem a execução de um empreendimento direcionado a classes mais baixas para cada empreendimento de grande porte", exemplifica Rolnik, do Pólis.
Centro de SP perde moradores para a periferia, diz IBGE
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da Folha de S.Paulo
O centro da cidade de São Paulo está cada vez mais vazio, e a periferia, mais inchada. É isso o que mostra o cruzamento de dados do Censo 2000 do IBGE com informações do mesmo levantamento realizado em 1991.
Nesse período, a região central paulistana perdeu um em cada cinco moradores _19,73%, enquanto a cidade cresceu 7,87%. Já as zonas sul e leste _onde estão os pontos mais periféricos da cidade_ ganharam, juntas, um morador para cada quatro que lá viviam em 1991.
O esvaziamento já ultrapassa os limites oficiais da região central e atinge o chamado centro expandido, seguindo rumo à periferia urbanizada.
Para urbanistas e historiadores, a periferização sustenta-se em um tripé causal básico:
1) a contradição entre o custo dos empreendimentos imobiliários e a renda da população;
2) a mudança de uso dos imóveis das regiões mais centrais; e
3) a degradação do espaço urbano da área central da cidade.
A primeira causa explicaria o esvaziamento de distritos como o Morumbi e o Tatuapé, onde uma avalanche de empreendimentos imobiliários para a camada de maior poder aquisitivo obrigou a população original a procurar outras regiões da cidade.
"A maior parte da população é economicamente incapaz de se fixar nas áreas em que o mercado imobiliário se organiza", resume Luiz Carlos Costa, professor de planejamento urbano da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo) da Universidade de São Paulo. "Sem condições de pagar por moradias em regiões de boa urbanização, essa população é expulsa para espaços mais periféricas e mais precários", completa Carlos Guilherme Mota, professor titular de história contemporânea da mesma USP.
As outras duas causas _degradação e transformação de imóveis residenciais em comerciais_ seriam a explicação para a fuga populacional ocorrida nos dez distritos centrais _como a Sé.
"Isso gera um terrível fenômeno social: a população cresce onde não há emprego nem lazer nem cultura. É por isso que a circulação na cidade é tão complicada", afirma Raquel Rolnik, diretora de Planejamento na administração Luiza Erundina (89-92) e pesquisadora do Instituto Pólis.
A migração rumo a periferia é classificada pelos pesquisadores como um fenômenos típico de países subdesenvolvidos e que retrata a radicalização das diferenças sociais e econômicas.
"De um lado, surge a massa pobre vivendo em assentamentos precários. De outro, ocorre a elitização das áreas com padrões de urbanização normais", diz Costa.
Dos 10,406 milhões de habitantes da cidade, 3,202 milhões vivem na zona sul, e 3,785 milhões, na leste _as duas que mais cresceram e que concentram o maior número de distritos carentes.
A solução apontada para a inversão desse quadro é uma mudança na política de zoneamento com objetivo de induzir à reocupação planejada do centro.
"A Espanha e a Holanda exigem a execução de um empreendimento direcionado a classes mais baixas para cada empreendimento de grande porte", exemplifica Rolnik, do Pólis.
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