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15/05/2001 - 18h24

Beira-Mar se recusa a divulgar nomes de envolvidos no tráfico

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da Folha Online

O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, afirmou que não vai entregar os nomes de pessoas ligadas ao tráfico. 'Não vou caguetar um policial, um político que me ajudou, sou homem, tenho palavra. Não tenho vocação para alcaguete (dedo-duro)", disse.

A declaração foi feita nesta terça-feira na Comissão de Direitos Humanos e de Combate à Violência, em Brasília.

Irônico, Beira-Mar fez insinuações durante seu depoimento dizendo que traficantes de armas conseguem fazer lobby e, por isso, não são presos. Ele não quis dar mais detalhes sobre esse tipo de tráfico.

Na avaliação de deputados da comissão, o traficante não acrescentou novas informações durante o depoimento.

Beira-Mar acusou policiais mineiros de serem corruptos e disse ter medo de morrer em Belo Horizonte (MG) caso volte à cidade. O traficante disse que 'tem o corpo glorificado', e que Deus lhe reservou 'uma missão na Terra'.

Inquirido por deputados, Beira-Mar chegou à comissão como 'convidado' e foi tratado no início como 'senhor Fernando'. Em três ocasiões Beira Mar, 34 anos, fez os deputados presentes gargalharem. Primeiro quando disse que um policial corrupto era empresário e 'proprietário de um harém' (queria dizer 'haras', criação de cavalos).

Em seguida outro deputado questionou o fato de ele ter visitado países ligados ao tráfico. 'Ué, mas se eu sou traficante...', ironizou Beira-Mar.

Ao responder como chegou a traficante, Beira-Mar provocou novos risos. "Da mesma forma como um deputado federal chega a deputado", disse.

Fernandinho disse aos deputados que é pobre e não possui contas bancárias. Ele compareceu à comissão com o braço engessado e com metais para estabilização presos aos ossos.

Beira-mar desafiou a polícia a mostrar uma lista que teria sido encontrada com ele com o nome de políticos amigos. 'Se eles apreenderam por que não mostram? Está na hora de a imprensa cobrar o que a Polícia Federal está dizendo', disse.

Fernandinho voltou a desmentir o seu envolvimento com a Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, guerrilha de orientação marxista) no depoimento. Ele admitiu ter comprado telefones satélites em Barranco Minas, povoado da Colômbia, mas disse não conhecer membros da Farc. O povoado é um dos focos da guerrilha. 'Chega de tudo lá na cidade, armas e tudo. Não vai chegar telefone...'

Beira-mar bateu boca com a deputada federal Laura Carneiro (PFL-RJ) após a pefelista confirmar que tinha problemas pessoais com ele.

O traficante acusou a imprensa de distorcer suas declarações. 'Pelo menos 90% do que eu falo é mudado. Não sou esse monstro que falam', disse. Beira-Mar insistiu com deputados de que ele é um 'peixe pequeno', que sua fama foi construída.

Fernandinho estava acompanhado na reunião em Brasília de dois médicos, um das Forças Armadas e outro da Polícia Federal.

Pacto

Acordo realizado entre o advogado do traficante e membros da comissão definiu que Beira-mar ficaria na reunião por três horas.

Uma comissão permanente não tem poderes de convocação de testemunhas, não tem poderes investigatórios, diferente de comissões parlamentares de inquérito. Em uma CPI, o traficante seria obrigado a depor sob juramento.

Beira Mar foi preso pelo exército colombiano no dia 21 de abril e deportado quatro dias depois para o Brasil. Ele está preso na Superintendência da PF do Distrito Federal é considerado um dos 'arquivos vivos' mais importantes para o combate ao narcotráfico no país.

O traficante já disse que corrompeu policiais para conseguir fugir de uma cadeia de Belo Horizonte, em março de 1997. Beira Mar fugiu do Departamento de Operações Especiais da Polícia Civil mineira e teria pago R$ 500 mil pela fuga.

As informações sobre a fuga foram passadas por Beira-Mar a deputados da CPI do Narcotráfico, em Brasília. Ele se recusou a dizer os nomes dos policiais que facilitaram sua fuga.

Leia especial sobre Fernandinho Beira-Mar
 

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