Parada Gay suspende entrega de panfleto que orientava sobre uso de cocaína

Os organizadores da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo --que ocorre amanhã, das 13h30 às 22h, saindo da avenida Paulista-- suspenderam a distribuição dos 40 mil panfletos que estampavam orientações sobre o uso de cocaína.

O texto dizia: "Para cheirar, prefira um canudo individual a notas de dinheiro". O material também dava dicas sobre uso de maconha ("Faça uma piteira de papel só para você quando for rolar um baseado").

O comunicado da associação critica reportagem da Folha, publicada ontem, que reproduziu as informações da cartilha. A nota diz que o texto teve "caráter preconceituoso, alarmista e pouco informativo" e que os panfletos "são dirigidos a públicos específicos" --apesar de a distribuição ter sido aberta para todos os visitantes da Feira Cultural GLBT, realizada na quinta-feira, e prevista para continuar na Parada Gay, cujo público esperado é de 3 milhões de participantes.

No comunicado, a associação diz que retomaria "a veiculação do panfleto apenas mediante manifestação específica dos parceiros governamentais responsáveis pela política de saúde de redução de danos".

O argumento da associação em defesa do panfleto é o de que ele auxilia pessoas que são usuárias de drogas a evitar doenças como Aids e hepatite.

A cartilha estampa os selos de programas de DST/Aids dos governos estadual e municipal e também a logomarca do governo federal e do Ministério do Turismo.

Na noite de ontem, o Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério da Saúde, e a Coordenação Estadual de DST e Aids de São Paulo, do governo estadual, enviaram comunicado defendendo a política de redução de danos.

Observam, no entanto, que "alguns dos termos utilizados no folheto são adaptações dos termos contidos nos manuais de redução de danos". Na nota, os órgãos defendem a suspensão da distribuição do material até que os termos utilizados sejam avaliados tecnicamente.

A Secretaria Estadual de Saúde informa também que pediu a suspensão da cartilha porque não autorizou a impressão de seu logo.

Ilegal

Ontem, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse que o "panfleto é ilegal". "É evidente que a prefeitura jamais autorizaria o seu logotipo em um panfleto como esse", disse o prefeito de São Paulo.

Em nota, a Aborda (Associação Brasileira de Redutoras e Redutores de Danos) defendeu as dicas da cartilha: "As ações de promoção de saúde devem levar em consideração a realidade, e não nossos desejos de um mundo ideal e perfeito".