Gravação da PF indica compra de jurados no Carnaval do Rio

Gravações feitas pela Polícia Federal durante a Operação Furacão indicam um suposto esquema de compra de jurados no desfile deste ano do Carnaval do Rio para favorecer a escola de samba Beija-Flor, campeã de 2007.

Segundo reportagem do jornal "O Globo", um relatório da Divisão de Contra-Inteligência da PF aponta indícios de manipulação de resultados e pagamento de propina a jurados, além de indicar a suposta contratação de um pistoleiro pelo bicheiro Aniz Abrahão David, o Anísio da Beija-Flor, para pressionar os julgadores.

Enviado à 6ª Vara Federal Criminal do Rio, o relatório cita contatos telefônicos entre Aílton Guimarães Jorge, o capitão Guimarães, ex-presidente da Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) e o seu sobrinho, o advogado Júlio Cesar Guimarães Sobreira.

David, Guimarães e Sobreira foram presos na operação Furacão sob a acusação de comandar uma organização que atua na máfia de caça-níqueis.

Nas investigações, Sobreira, uma espécie de tesoureiro da organização, orienta Jacqueline Conceição Silva, suposta responsável pela contabilidade do esquema, a dar "um kit" a um dos jurados, cujo nome não foi identificado no relatório.

A PF afirma ainda que recebeu denúncias de jurados e familiares que teriam sido ameaçados de morte, caso a Beija-Flor não levasse o título. As ameaças teriam partido de uma pessoa identificada como Paulinho Crespo, suposto matador contratado por David.

A Folha não localizou ontem os advogados de Anísio, Guimarães Jorge e Sobreira --presos desde 13 de abril.