Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
29/06/2001 - 14h49

Termina debate de acusação em julgamento do coronel Ubiratan

Publicidade

GUTO GONÇALVES
da Folha Online

A promotoria encerrou o debate de acusação contra o coronel Ubiratan Guimarães pedindo a condenação do réu pelo crime de 102 mortes no massacre do Carandiru. Segundo o promotor Norberto Jóia, não há provas de que as outras nove mortes cometidas por armas brancas foram de autoria dos policiais militares.

Jóia terminou seu discurso dizendo que a sociedade, representada no tribunal pelos sete jurados, "retire essa mácula que está em cada um e faça justiça condenando o coronel".

"A decisão irá ecoar por terra, mar e ar por muito tempo", disse. Em sua fala, o promotor afirmou que a história do dia 2 de outubro de 1992 estava escrita nas paredes e que o laudo da perícia falam por aqueles que não puderam falar.

Laudos apontaram que nas paredes do presídio os tiros foram dados de cima para baixo e em uma altura de no máximo 60 centímetros do chão.

Jóia disse que a ação do coronel no dia, além de atabalhoada e incorreta, foi apressada um vez que a rebelião precisaria ser controlada rapidamente para não interferir ou atrapalhar a eleição municipal no dia seguinte.

A principal prova de que Ubiratan esteve presente durante a rebelião por um tempo suficiente para saber o que se passava dentro do presídio foi o primeiro discurso do próprio coronel dado à Justiça Militar no dia 19 de outubro de 1992.

Jóia leu trechos do depoimento em que o coronel fala que acompanhou toda a ação do térreo do presídio e que ouviu disparos em outros andares. A tese principal da promotoria é a de que o coronel conduziu incorretamente a ocupação do presídio e que feriu todo o plano de orientação dado pela própria PM para conter rebeliões.

O coronel, na época, determinou a entrada da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar), que, no plano da PM, só deveria participar em casos de total descontrole de motim.

Promotores argumentaram que foram usadas armas totalmente impróprias para a contençao de uma rebelião, como metralhadoras capazes de disparar 800 tiros em um minuto.

O argumento de que presos do pavilhão 9 eram considerados de alta periculosidade também foi rebatido pela promotoria com relatório da própria PM que diz que o pavilhão era heterogêneo ou seja, com presos de baixa e média periculosidade.

Durante o debate, o promotor Felipe Locke Cavalcanti pediu a abertura de processo contra o ex-assessor da Secretaria da Segurança na época, Antônio Luiz Filardis, por falso testemunho. "Ele veio aqui e falou um monte de mentiras."

O debate da acusação acabou às 14h20, após a juíza Maria Cristina Cotrofe ter concedido mais 30 minutos para o debate. Terminada a argumentação, a juíza concedeu uma hora de almoço e suspendeu a sessão.

Ainda falta o debate da defesa, que também será estendido a duas horas e meia. Em seguida, defesa e acusação terão meia hora de réplica e tréplica cada. Logo em seguida, os jurados irão se reunir e começar a discutir a sentença. A previsão é de que todos os trabalhos terminem na madrugada deste sábado.

Leia mais sobre o massacre do Carandiru.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página