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08/07/2001 - 22h30

105 fogem do Carandiru, a maior fuga da história

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da Folha Online
da Folha de S.Paulo

A Polícia Militar confirmou a fuga de 105 presos da Casa de Detenção do Carandiru, na zona norte de São Paulo, no início da tarde deste domingo. Os presos fugiram pela rede de esgoto do complexo penitenciário.

A fuga é a maior já registrada na história do Carandiru.

Policiais que faziam a ronda suspeitaram de um buraco, localizado próximo a caixa d'água do pavilhão oito, e descobriram dentro dele cerca de 100 metros de fio, que pode ter servido de guia no túnel, uma calça e uma jaqueta.

A hipótese mais provável é que tenha ocorrido o primeiro ""resgate subterrâneo" da história prisional de São Paulo, porque o buraco de 13 metros de comprimento teria sido escavado de fora para dentro das muralhas.

Os presos que fugiram são dos pavilhões 2, (2 detentos), 7 (4), 8 (78) e 9 (21). A recontagem feita pela Polícia Militar terminou por volta das 20h. Assaltantes e homicidas fazem parte da lista dos foragidos.

Criada em 1956 pelo então governador Jânio Quadros, a Casa de Detenção tinha como recorde os 51 presos que escaparam de uma vez em maio de 96.
No domingo à noite, a Secretaria da Administração Penitenciária determinou a abertura de sindicância interna para verificar se funcionários colaboraram para fuga. A polícia também investigará o caso em inquérito.

"Do jeito como o plano foi feito, de fora para dentro, não seria preciso ajuda interna", afirmou o diretor da penitenciária 1 (pavilhões 2, 5 e 8) da Casa de Detenção, Jesus Ross Martins.

Engenharia
O buraco por onde os presos saíram tinha 80 centímetros de diâmetro, um metro de profundidade e ficava a 12 metros, aproximadamente, do meio da avenida general Ataliba Leonel, onde passa um córrego subterrâneo.

Da galeria, os foragidos podem ter caminhado em diversos sentidos -por isso, não teriam sido notados. Pelo menos dois veículos foram observados pela Polícia Militar, logo que o buraco foi encontrado, dando cobertura do lado de fora dos muros.

A direção do presídio deduz que a passagem foi aberta da galeria para o presídio por causa da localização do buraco: encostado à muralha e em local aberto -um campo de futebol. Não daria para escavar e retirar a terra, diariamente, sem ser notado pelos PMs.

É possível que os presos não tenham saído de uma vez, mas aos poucos, porque o acesso ao campo estava restrito no domingo a apenas três pavilhões: 2, 5 e 8.

O túnel só foi percebido porque policiais militares das muralhas estranharam o número de presos perto de uma tenda improvisada com cobertores, à encosta do muro. Um tiro chegou a ser disparado contra o chão, perto do grupo, para que eles se dispersassem.

"O sentinela viu ainda três presos entrando no buraco", disse o capitão George Henrique Marques Alves, 36, supervisor da PM na zona norte da capital.

A polícia cercou o complexo do Carandiru, vistoriou galerias e usou até um helicóptero para tentar encontrar os fugitivos.

Houve disparos dentro das tubulações, porque os policiais chegaram a ver vultos dentro delas. Peças de roupas saíram boiando das galerias, mas não se sabe se pertencem a presos ou não.

Pelo menos três tampas de inspeção, daquelas que ficam no meio das ruas, estavam travadas por dentro, com cordas e madeira, para dificultar a abertura.

As galerias ao redor da Casa de Detenção passaram por inspeção em fevereiro deste ano, após a fuga, em dezembro do ano passado, de 35 detentos. Essa foi a segunda maior da história do presídio.
 

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