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10/07/2001 - 03h14

Na Casa de Detenção, oito agentes vigiavam cerca de 3.500 pessoas

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da Folha de S.Paulo

O número reduzido de funcionários na Casa de Detenção e a quantidade de parentes de presos dentro do presídio dificultaram a localização do buraco por onde se deu a fuga dos 106 detentos.

É o que pensa o diretor da penitenciária 1, Jesus Ross Martins, no cargo desde dezembro passado, quando uma fuga de 35 presos, da mesma forma (a segunda maior da história), derrubou os diretores da unidade.

A falta de funcionários foi confirmada ontem pelo secretário da Administração de São Paulo, Nagashi Furukawa.

Segundo Martins, anteontem, oito agentes de segurança tomavam conta de cerca de 3.500 pessoas -presos e familiares.

"Foi difícil perceber [o buraco] por causa do grande número de pessoas e do número reduzido de funcionários", afirmou.

A Casa de Detenção funciona com a metade do número ideal de funcionários: há cerca de 800 para 7.200 detentos, sem descontar os que tiram férias ou estão afastados por problemas de saúde.

No domingo, por exemplo, Martins teve de esperar a saída dos parentes, depois das 17h, para trancar os presos nas celas e contá-los. Somente às 20h, o diretor teve a confirmação da fuga.

Morosidade
O presidente do Sifuspesp (sindicato dos funcionários do sistema prisional de São Paulo), Nilson de Oliveira, aponta a falta de funcionários e a "morosidade" do governo em desativar a Casa de Detenção como as principais causas da fuga de presos.

"O anúncio da desativação e a divisão em três unidades só aumentaram o caos", disse Oliveira. "Ou desativa logo ou toma alguma providência."
Segundo ele, os funcionários são impedidos de entrar em alguns pavilhões da penitenciária pelos presos."Os presos circulam entre as três unidades, o que seria proibido com a divisão. Até demorou para acontecer [fuga em massa"", disse Oliveira.

Ele afirmou que oito a nove agentes costumam cuidar de um pavilhão inteiro, que tem em média 2.000 presos. "À noite, são quatro agentes onde deveria haver pelo menos dez. Não há como ter controle assim", afirmou.

Questionado sobre a possível conivência de funcionários na fuga, Oliveira disse que, "com os presos tomando conta da cadeira, tudo é possível".

Alckmin
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou ontem que a fuga de presos na Casa de Detenção revela a necessidade de acelerar a desativação da Casa de Detenção do complexo Carandiru.

"Lamentavelmente, isso aconteceu. O que vem provar a necessidade da desativação mais urgente do Carandiru", disse.

Alckmin disse que providências vão ser tomadas para aumentar a segurança no Carandiru, mas não quis dar detalhes.

"Até a desativação do Carandiru, vai ser reforçada a segurança e outros
obstáculos vão ser colocados, mas nós não vamos adiantar", disse o governador.

O governador informou que a construção de 11 penitenciárias no Estado está dentro do cronograma e deverá ser concluída até o começo do ano que vem.

A criação de novas vagas vai permitir a desativação da Casa de Detenção.
"Você tem 96 mil presos no Estado e todo mundo pensando em escapar. Todo dia tem três ou quatro episódios", disse Alckmin.
(ALESSANDRO SILVA E GILMAR PENTEADO)
 

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