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14/07/2001
-
00h21
LUIZ FRANCISCO
EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha, em Salvador
A chegada do Exército à Bahia não pôs fim à onda de violência no Estado decorrente da greve das polícias Militar e Civil, mas no final da noite desta sexta-feira o governo estadual cedeu e retomou as negociações com os grevistas, abrindo perspectiva para o fim do movimento, que completou dez dias.
O governador César Borges (PFL), uma equipe de secretários e o presidente da Associação Brasileira de Cabos e Soldados da PM, cabo Wilson de Oliveira Morais, se reuniram por três horas. Até então, o governo dizia que só negociaria com a volta ao trabalho.
A reunião foi motivada pela escalada da violência: das 20h de quarta-feira às 18h desta sexta, pelo menos 11 pessoas foram assassinadas em Salvador, segundo o IML (Instituto Médico Legal Nina Rodrigues), um dos poucos órgãos estaduais funcionando.
O número é três vezes maior que a média diária de homicídios. Foi formada uma comissão do governo, composta pelos secretários Alberico Mascarenhas (Fazenda), Heraldo Rocha (Justiça) e Ana Benvinda (Administração). A comissão não falou em reajuste salarial, principal motivação da greve, mas topou negociar a soltura de dois líderes grevistas e a reintegração de 68 punidos.
''O governo cedeu'', disse cabo Wilson, que é deputado estadual pelo PSDB-SP.
''A perspectiva é de que a greve termine no prazo máximo de 24 horas'', declarou o governador. A comissão iria fazer uma reunião informal com o comando grevista já na madrugada deste sábado, preparando terreno para as negociações da manhã.
Em seu primeiro dia de patrulhamento, o Exército colocou nas ruas apenas 300 dos cerca de 2.000 homens que pretende utilizar na operação, e todos de tropas baianas. Com fuzis e metralhadoras, os soldados ocuparam pontos estratégicos apenas no centro da cidade _hotéis, lojas, restaurantes e pontos turísticos. A periferia não foi patrulhada.
Normalmente, deveria haver cerca de 2.100 policiais militares patrulhando as ruas da cidade.
Foram chamados homens do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Paraíba. Eles continuavam chegando à noite.
A paralisação dos policiais transformou o último dia útil da semana praticamente em feriado. Comércio e banco fecharam. Houve saques e incêndios em lojas, tentativas de linchamento e muita correria pelas ruas do centro e da periferia da cidade.
Os grevistas reivindicam piso salarial de R$ 1.200, a reintegração de 68 militares e a libertação de dois líderes do movimento, que estão presos há 11 dias sob a acusação de insubordinação. O governo vinha oferecendo 14% de reajuste.
Com medo de assaltos, as empresas de transporte coletivo de Salvador reduziram em 60% o número de ônibus nas ruas. A população da capital baiana praticamente respeitou o "toque de recolher" informal, determinado pela onda de violência.
"Estava trabalhando quando os meus pais foram me buscar. Sem o policiamento, fui escoltada pelos meus pais e irmãos para a casa", disse a universitária Manuela Martinez, 20.
De acordo com a 6ª. Região Militar, todos os bairros de Salvador terão a partir de hoje a presença de homens do Exército.
Em outras cidades, algumas tropas chegaram durante a tarde. Houve registros de saques e violência também no interior, mas em menor escala.
Leia mais no especial sobre polícia
Governo da Bahia retoma negociações com grevistas
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EDUARDO SCOLESE
da Agência Folha, em Salvador
A chegada do Exército à Bahia não pôs fim à onda de violência no Estado decorrente da greve das polícias Militar e Civil, mas no final da noite desta sexta-feira o governo estadual cedeu e retomou as negociações com os grevistas, abrindo perspectiva para o fim do movimento, que completou dez dias.
O governador César Borges (PFL), uma equipe de secretários e o presidente da Associação Brasileira de Cabos e Soldados da PM, cabo Wilson de Oliveira Morais, se reuniram por três horas. Até então, o governo dizia que só negociaria com a volta ao trabalho.
A reunião foi motivada pela escalada da violência: das 20h de quarta-feira às 18h desta sexta, pelo menos 11 pessoas foram assassinadas em Salvador, segundo o IML (Instituto Médico Legal Nina Rodrigues), um dos poucos órgãos estaduais funcionando.
O número é três vezes maior que a média diária de homicídios. Foi formada uma comissão do governo, composta pelos secretários Alberico Mascarenhas (Fazenda), Heraldo Rocha (Justiça) e Ana Benvinda (Administração). A comissão não falou em reajuste salarial, principal motivação da greve, mas topou negociar a soltura de dois líderes grevistas e a reintegração de 68 punidos.
''O governo cedeu'', disse cabo Wilson, que é deputado estadual pelo PSDB-SP.
''A perspectiva é de que a greve termine no prazo máximo de 24 horas'', declarou o governador. A comissão iria fazer uma reunião informal com o comando grevista já na madrugada deste sábado, preparando terreno para as negociações da manhã.
Em seu primeiro dia de patrulhamento, o Exército colocou nas ruas apenas 300 dos cerca de 2.000 homens que pretende utilizar na operação, e todos de tropas baianas. Com fuzis e metralhadoras, os soldados ocuparam pontos estratégicos apenas no centro da cidade _hotéis, lojas, restaurantes e pontos turísticos. A periferia não foi patrulhada.
Normalmente, deveria haver cerca de 2.100 policiais militares patrulhando as ruas da cidade.
Foram chamados homens do Rio de Janeiro, São Paulo, Pernambuco, Sergipe, Bahia e Paraíba. Eles continuavam chegando à noite.
A paralisação dos policiais transformou o último dia útil da semana praticamente em feriado. Comércio e banco fecharam. Houve saques e incêndios em lojas, tentativas de linchamento e muita correria pelas ruas do centro e da periferia da cidade.
Os grevistas reivindicam piso salarial de R$ 1.200, a reintegração de 68 militares e a libertação de dois líderes do movimento, que estão presos há 11 dias sob a acusação de insubordinação. O governo vinha oferecendo 14% de reajuste.
Com medo de assaltos, as empresas de transporte coletivo de Salvador reduziram em 60% o número de ônibus nas ruas. A população da capital baiana praticamente respeitou o "toque de recolher" informal, determinado pela onda de violência.
"Estava trabalhando quando os meus pais foram me buscar. Sem o policiamento, fui escoltada pelos meus pais e irmãos para a casa", disse a universitária Manuela Martinez, 20.
De acordo com a 6ª. Região Militar, todos os bairros de Salvador terão a partir de hoje a presença de homens do Exército.
Em outras cidades, algumas tropas chegaram durante a tarde. Houve registros de saques e violência também no interior, mas em menor escala.
Leia mais no especial sobre polícia
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