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14/07/2001 - 17h11

Governo da Bahia recua e promete reintegrar 68 policiais excluídos

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LUIZ FRANCISCO
EDUARDO SCOLESE

da Agência Folha, em Salvador

Depois de perder o controle sobre a segurança pública em Salvador, o governo da Bahia recuou para tentar restabelecer a ordem na terceira maior cidade do país. Nas últimas 48 horas, a capital baiana foi tomada por uma onde de saques, assassinatos, tentativas de linchamento, incêndios e depredações.

Na reunião realizada na madrugada de ontem com os principais líderes da greve dos policiais civis e militares, o governo se comprometeu a reintegrar os 68 militares excluídos e a libertar o tenente Everton Uzeda e o sargento Isidório Santana, em troca de um efetivo mínimo de 30% de policiais nas ruas.

Ontem, no 11º dia de greve, nenhum policial militar saiu dos quartéis para trabalhar. Apenas tropas do Exército fizeram o patrulhamento nas ruas e avenidas da capital baiana.

O governador César Borges (PFL) também se comprometeu a analisar uma nova proposta de reajuste salarial para a categoria _inicialmente, o governo acenava com um aumento de 14%.
Até a ocorrência dos primeiros saques, o governador dizia que somente aceitava negociar com os grevistas se os policiais voltassem ao trabalho.
"Vamos estudar uma nova proposta, mas conceder um reajuste de 100% está totalmente fora da realidade do Estado", disse César Borges.

Os grevistas pediam um piso unificado de R$ 1.200. Um soldado PM ganha, no mínimo, R$ 450. Um policial civil recebe, com gratificações, R$ 600. O Estado conta com 24.400 policiais militares e 3.600 civis.

Um dos líderes do movimento, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia, Crispiniano Daltro, disse que a proposta do governo seria apresentada à categoria às 16h de ontem.

"Em princípio, a proposta do governo é boa para a categoria. Mas quem vai decidir o futuro do movimento é a assembléia", disse Daltro.

Logo após as negociações com o governo, realizadas no Palácio de Ondina, os líderes da greve percorreram os batalhões e as companhias independentes para comunicar aos rebelados a proposta apresentada pelo governo.

"Nós também queremos encerrar o movimento. Não dá mais para conviver com esse caos", disse o presidente da Associação de Cabos e Soldados da Bahia, Agnaldo Pinto.

Os 300 soldados do Exército fortemente armados que estavam nas ruas de Salvador não foram suficientes para impedir a continuidade da violência.
Foram registrados pelo menos 17 saques (a maioria, na periferia) e 15 pessoas foram assassinadas, em 24 horas (das 8h de anteontem às 7h30 de ontem).

Ontem, o comércio funcionou precariamente _poucas lojas abriram pela manhã. "Mesmo com o Exército nas ruas, não dá para a gente confiar. Afinal, os soldados não conhecem a cidade, e não há homens suficientes para garantir a segurança de todos nós", disse o empresário Antonio da Silva Marques, 52.

Para evitar mais saques, alguns comerciantes contrataram seguranças particulares e cercaram os seus estabelecimentos com tapumes. As empresas de ônibus interestaduais e intermunicipais também só estão saindo de Salvador em comboios.

Também na manhã de ontem desembarcaram na Base Aérea de Salvador mais dois aviões transportando 80 soldados do Exército do Rio de Janeiro. No total, 800 homens do Exército de São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Sergipe e Paraíba já estão na capital baiana para garantir a segurança pública até o encerramento da greve dos policiais.

Leia mais no especial sobre polícia
 

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