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20/09/2007 - 11h10

Técnico vê erro de piloto em acidente da TAM

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LEILA SUWWAN
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A avaliação técnica do acidente do vôo 3054 da TAM, pedida pela CPI do Apagão Aéreo na Câmara, indica que foi uma falha humana, do comandante Kleyber Lima, que impediu a desaceleração do avião na pista de Congonhas em 17 de julho --mas a Airbus, fabricante do modelo, foi considerada negligente por não instalar obrigatoriamente o alerta para evitar o erro previsível no acionamento dos manetes no pouso.

A análise foi feita pelo coronel da reserva Antonio Junqueira, contratado pela CPI para analisar os dados da caixa-preta e elaborar um relatório.

Ele trabalhou no Cenipa (Centro Nacional de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) e explicou os dados do acidente da TAM por seis horas ontem na CPI --sua avaliação será usada como base no relatório final da comissão.

Apesar das explicações, a falha mecânica dos manetes (alavancas de controle de potência da turbina) não pode ser totalmente descartada. Segundo Junqueira, o pedestal dos manetes será analisado na França.

Mas ele lembrou que em dois acidentes quase idênticos de Airbus-A320, o modelo que explodiu em Congonhas, com reversor inoperante --em Taiwan (2004) e Filipinas (1988)-- nenhum problema mecânico foi detectado e foram os pilotos, treinados e experientes, que cometeram a mesma falha ilustrada na caixa-preta do vôo 3054: o manete da turbina com reversor inoperante foi deixada em ponto de aceleração.

Isso desativou a frenagem automática e a abertura dos spoilers, os freios aerodinâmicos nas asas. "O sistema é impecável. Mas quem estava no comando era um ser humano, falível", disse o coronel. Para ele, a automação da Airbus está "próxima da perfeição".

Isso, porém, não convenceu o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS). "Estou resistindo a essa possibilidade de erro humano. Não consigo conceber que o piloto não realizou uma manobra tão normal."

O próprio coronel considerou esse tipo de erro um "desatino", mas disse que questões psicológicas podem ter influenciado. "A psicologia pode explicar com a idéia da "projeção futura". Há um deslocamento da atenção para o futuro, o piloto fica preocupado com o que vai acontecer", disse, em referência à preocupação de que um reversor estava inoperante e a pista de Congonhas, escorregadia. Citou ainda que o vôo 3054 foi o primeiro feito por Kleyber Lima após as férias.

Além disso, lembrou que no Airbus a potência de turbina é regulada automaticamente de acordo com as etapas de vôo programadas. "O manete é algo decorativo, até no pouso."

O procedimento correto é acionar ambos manetes para "idle" (ponto-morto ou baixa aceleração) pouco antes de tocar a pista. Depois, acionar ambos reversos, inclusive o da turbina afetada. Junqueira mostrou que até pelo menos 2003 a norma era não acionar o reverso inoperante para evitar uma pequena propulsão.

Segundo ele, a norma anterior ainda é adotada por alguns pilotos --caso do pouso dessa mesma aeronave em Congonhas por outra tripulação horas antes do acidente-- para poupar 55 metros de pista.

Uma preocupação em não acionar o reverso direito, poderia, em tese, ter influenciado o esquecimento do manete da turbina direita, segundo ele.

Junqueira avaliou que é "injustificável" que a Airbus não tenha considerado o alerta de manete um item obrigatório, após prometer desenvolver esse aviso por conseqüência do acidente de Taipei.

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Comentários dos leitores
Valdir Antonelli (5) 11/07/2008 21h21
Valdir Antonelli (5) 11/07/2008 21h21
SAO PAULO / SP
Pelo jeito a empresa nunca mais vai poder montar stands, parquinhos ou fazer divulgação né? Me sensibilizo com as famílias que perderam alguém no voo, mas uma coisa não tem nada a ver com a outra. Juro que quando li a manchete pensei que a TAM tivesse montado algo no local do acidente, mas depois que vi que era em um shopping achei absurdo os comentários e o tom da reportagem. 4 opiniões
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Marina Boschini (1) 11/07/2008 20h06
Marina Boschini (1) 11/07/2008 20h06
CAMPINAS / SP
Eu compreendo o sentimento dos familiares, mas devo discordar. Faz 3 anos que minha mãe faleceu, todos os dias sinto sua falta, mas em épocas como o dia das mães é ainda pior; deveria eu ficar indignada com todas as propagandas veiculadas perto da data? Não seria uma insensibilidade das empresas com todas as pessoas que perderam suas mães? Sinto muito, mas uma coisa não leva a outra. Por acaso, as famílias só se lembram de seus parentes em Julho? Faz parecer que se um parente das vítimas passasse perto desse parquinho em Outubro ele não se incomodaria. Lutem sim pelos seus direitos, mas com argumentos válidos. 9 opiniões
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Claudio Koseki (1) 11/07/2008 18h28
Claudio Koseki (1) 11/07/2008 18h28
OSASCO / SP
Me desculpe, não li todos os comentários, mas, realmente, o que uma coisa tem a ver com a outra?
Agora, por causa do acidente a TAM deve fechar as portas, colocar todos os colaboradores na rua, cair no ostracismo, não mais patrocinar eventos, enfim.
Estamos há menos de uma semana para que o acidente complete 1 ano, creio que haja uma certa, vamos dizer, apimentada na reportagem. É pertinente uma matéria deste tipo às vésperas deste acidente que chocou o Brasil.
Agora, leram a reportagem, sobre a "lajona" em CGH para o pátio VIP? http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u421333.shtml . Olha, de forma alguma provocando os familiares das vítimas do JJ3054, mas com todo o respeito, cadê a mesma energia para atacarem mais esta brilhante atuação do ministro Nelson Jobim?
Aliás, apenas por informação as mesmas pistas que os jatos do GTE (Grupo de Transporte Especial do qual o A319 presidencial faz parte) usam são as mesmas pistas das demais aeronaves e inclusive, se o Sr. Presidente está abordo de uma aeronave, o aeroporto tem suas operações comerciais suspensas temporariamente para que esta aeronave pouse ou decole.
Esta medida sim é uma provocação, não o Parquinho da TAM no Shopping.
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